No ano passado, vi apenas um filme no Festival de Cinema do Rio, veja o post: "O GAROTO DE LIVERPOOL" ("NOWHERE BOY") TEM SUA PREMIERE BRASILEIRA NO "FESTIVAL DO RIO 2010"E agora em 2011, vi mais um longa tendo um dos integrantes do Beatles como tema. Assisti ao documentário "George Harrison: Living In The Material World", dirigido por Martin Scorsese.
Comprei os tickets antecipadamente pela internet (na verdade foi a Mell que comprou...), e na correria conseguimos chegar ao Cine Odeon um pouco antes do horário do início da sessão, às 19h. Mas descobrimos que a exibição foi adiada para 21h. O atraso nos causou uma série de estresses, quase desistimos, mas decidimos por ficarmos e não perdermos o filme. E valeu muito a pena.
Nos anos 90, quando Paul McCartney, Ringo Starr e George Harrison reviraram seus arquivos para montar o documentário "Beatles Anthology", Harrison manifestou a sua esposa Olivia, a vontade de fazer a sua própria antologia. Infelizmente, por causa de sua doença, George veio a falecer em 2001 sem concretizar seu desejo, mas sua mulher levou o projeto até o fim.Olivia passou anos reunindo imenso material, já que Harrison sempre teve o hábito de documentar sua vida cotidiana em fotos e vídeos caseiros.
Após conferir "No Direction Home", o documentário de Martin Scorsese sobre Bob Dylan, Olivia escolheu o diretor para dar vida ao projeto "George Harrison: Living in a Material World", longa de três horas e meia de duração que narra a trajetória do músico, do nascimento em Liverpool à morte em Los Angeles em novembro de 2001.
O tema central é o paradoxo vivido por George, em sua busca por paz espiritual, procurando sentido na vida material, onde ele tinha sucesso, muito dinheiro, mas não atingia satisfação e plenitude, o que o fez em muitos momentos optar por um caminho para a simplicidade, meditação e autoconhecimento.
A morte é também um tema importante do documentário. Bem no início, o filho Dhani, Eric Clapton, Ray Cooper (célebre percussionista e presidente da produtora Handmade Film, criada por Harrison) relembram com bom humor os últimos momentos de George, que sempre se preocupou com o “treinando para o momento final de transformação radical de consciência.”.
Em entrevistas e depoimentos de Paul McCartney, Ringo Starr, Eric Clapton, Pattie Boyd Harrison, Yoko Ono, George Martin, Phil Spector, Klaus Voorman, Tom Pety, entre outros, é possível perceber como George Harrison era querido e amado, e como todos os respeitavam e admiravam como músico e artista.
Paul faz justiça, ao defender de forma apaixonada a importância que cada integrante tinha nos Beatles, e que é um erro terrível pensar que só ele e Lennon tiveram relevância na criação da obra e do acervo maravilhoso da banda. Como exemplo as contribuições dadas por George à canção "And I Lover Her", uma das composições de McCartney, que segundo ele ganhou brilho com as idéias de Harrison.
Ringo não consegue segurar a emoção em vários momentos, e chora quando se lembra de ter visitado Harrison quando o guitarrista lutava contra o câncer terminal de pulmão.
Eric Clapton relata a admiração mútua e sua grande amizade, que resistiu até a traição, depois que Clapton lhe "roubou" Pattie Boyd. Ao ser perguntado sobre incidente George diz: "Estou feliz pelos dois. Ela está com Eric, um cara que admiro, seria pior se ela estivesse agora com um bundão".
Eric relata o fascínio que os Beatles exerciam, e de como foi sua participação nas gravações de "While My Guitar Gently Weeps", e o privilégio de ter presenciado o momento em Harrison compôs “Here Comes the Sun”.
O filme é dividido em duas partes; na primeira vemos a transformação do adolescente desajeitado em uma das maiores Estrelas do Rock, que crescia sob a sombra de dois verdadeiros gênios precoces: Lennon & McCartney. George explica sua evolução através de uma frase hilária: “Comecei a compor como um exercício. Eu pensei: se John e Paul conseguem, qualquer um pode conseguir”.
A história dos Beatles já foi contada inúmeras vezes, mas Scorsese faz questão de mostrar tudo sob a ótica e pela perspectiva de George, o que é enriquecido pela presença de fotos e cenas raras ou inéditas.
A primeira parte termina com George assinando os documentos que oficializam o final dos Beatles, e com a liberdade para criar e lançar o acervo de canções que acumulou durante anos, desembocando em seu primeiro álbum solo, "All Things Must Pass".
A segunda parte mostra o estudo e a dedicação ao lado espiritual, interrompido pelo uso de cocaína. São mostradas as aventuras não-musicais de Harrison: seu trabalho como produtor de cinema, levado por sua admiração pelo grupo de comédia Monty Pythonseu, o fanatismo por automobilismo, seu esforço para recuperar sua casa de campo, sua paixão por jardinagem e paisagismo, e a reaproximação de John, Paul e Ringo, que culminou nas gravações de "Free As a Bird" e "Real Love".
O filme não esconde os defeitos de Harrison, como a sua dualidade, onde podia ser extemamente doce e gentil, como agressivo e impaciente. As turbulências na carreira, com as críticas negativas durante sua turnê solo de 1974, os desafios e dificuldades no seu casamento, o fato de George exercer grande fascínio sobre as mulheres, mostram que Scorsese não tentou traçar um perfil de um santo ou semi-deus, mas sim de um ser humano que também cometia erros e sofria com suas consequências.
A luta contra o câncer, e o terror relato por Olívia sobre quando um doente mental invadiu sua casa em 1999, esfaqueando Harrison, debilitaram e muito a saúde de Harrison, que passou a se dedicar ainda mais na preparação para desapegar das coisas mundanas.
Apesar de ignorar episódios marcantes na vida de George, como a acusação e processo por plágio em "My Sweet Lord", e a volta aos palcos e ao estúdio por intermédio de Clapton no final dos anos 80, "Living in the Material World" consegue retratar com detalhes a vida desse grande homem, artista, compositor, guitarrista, cantor, cineasta, jardineiro, pai, marido e grande colecionador de amizades fortes e duradoras.
Scorsese conta toda história, colocando as narrativas abertas ao mesmo tempo, muitas vezes voltando ao passado ou projetando o futuro para revelar um George Harrison não muito conhecido pelo grande público.
Scorsese conta toda história, colocando as narrativas abertas ao mesmo tempo, muitas vezes voltando ao passado ou projetando o futuro para revelar um George Harrison não muito conhecido pelo grande público.
A música não podia deixar de seu o destaque do filme, usando canções de toda sua carreira, e fazendo jus a um dos maiores artistas do nosso tempo, que consegue através de sua obra permanecer vivo para sempre.
Hare George!

muito bom, vou divulgar!
ResponderExcluirBelo relato!
ResponderExcluirEmocionante, acho que é a palavra que resume esse filme. E créditos para o brilhantismo de Martins Scorsese!
ResponderExcluirVendo esse filme descobri porquê o Beatle preferido da sua mãe é o George: Ele é a cara do seu pai! rs. Não esquece de dizer isso a ela!
Bjs ;)
Corrigindo: Martin
ResponderExcluirAdorei sua resenha, concordo totalmente. Abraços.
ResponderExcluirOi Lizzie,
ResponderExcluirobrigado pela visita e pela divulgação
Bjo
Oi Carol,
ResponderExcluirmuito obrigado pelo elogio e pela visita.
Beijo
Oi Mell,
ResponderExcluirconcordo com vc, o longa é emocionante, e Scorsese é brilhante!
Também vejo semelhanças entre o Harrison e meu pai. Vc tem q ver as fotos do casamento dos meus pais. Meu pai cabeludo parecendo o George, e minha mãe no estilo Sophia Loren...rss
Oi Esmeralda,
ResponderExcluirfico muito feliz que vc tenha gostado da resenha.
volte sempre
Bjo