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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

30 ANOS SEM ELIS

Há exatos 30 anos perdíamos Elis Regina, uma das maiores cantoras de todos os tempos. Até hoje a música e o Brasil não se recuperaram do baque.
Nosso país sempre foi um celeiro de grandes e excelentes cantoras: Angela Maria, Dalva de Olivera, Elizeth Cardoso, Silvinha Araújo, Gal Costa, Maria Bethânia, Rita Lee, Clara Nunes, Zizi Possi, Alcione, Nara Leão, Angela Rô Rô, Maysa, Nana Caymmi, Jane Duboc...
Mas Elis conseguia se destacar e sobressair por uma série de características que nunca foram encontradas em uma só cantora. Elis Regina reunia afinação e dicção perfeitas, timbre belíssimo, com interpretação comovente. A soma da técnica perfeita com a emoção genuína. Cantava com o coração.
Ela sempre se entregava ao cantar, e nunca se importou com limites. Era de se esperar que nesses exageros, soasse brega e cafona; mas com Elis isso nunca aconteceu, mesmo quando cantava os sentimentos mais rasgados ou as dores mais sofridas. Entenda um pouco mais assistindo sua interpretação para "Atrás da Porta" de Chico Buarque e Francis Hime:

Elis era uma artista única também em outros aspectos. Nunca deixou de lado seu engajamento político, isso num tempo pesado de Ditadura Militar, em que ela nunca teve medo de dar suas opiniões.
Voltando ao lado musical, seus produtores sempre suavam para conseguir agradá-la, pois Elis participava da criação dos arranjos e era super exigente com os músicos que a acompanhavam; ao mesmo tempo que era carinhosa e generosa. E trabalhou com grandes nomes como o guitarrista Helio Delmiro, o baixista Luizão Maia e o tecladista Cesar Camargo Mariano, com quem viveu um amoroso e conturbado casamento.
Era a própria Elis que escolhia o repertório de seus discos. Ela era ávida em conhecer novos compositores. Foi a responsável por lançar e popularizar grandes talentos como Ivan Lins, João Bosco, Aldir Blanc, Guilherme Arantes, Renato Teixeira, Belchior e Tunai que tentavam se superar compondo canções para serem eternizadas pela Pimentinha.
Gilberto Gil e Milton Nascimento já deram declarações de que desde que tiveram suas primeiras músicas gravadas por Elis, sempre criam suas canções pensando nela, e que fazem isso até hoje, numa das maiores declarações de amor.
O mundo inteiro se rendeu ao seu talento, foi antológica sua participação no Festival de Montreux, e até Paul McCartney encantado com Elis, chegou a compor pra ela uma canção que nunca chegou a ser gravada.
O único "se não" da carreira de Elis Regina foi ter participado mesmo que indiretamente pela campanha contra a guitarra elétrica na MPB. Mas caretice nunca combinou com Elis, e ela acabaria cedendo ao Rock and Roll como pode-se confirmar em seu canto cheio de feeling em "Velha Roupa Colorida" e "Como Nossos Pais", ambas composições de Belchior:


Muitos anos se passaram, e apesar do surgimento de excelentes cantoras como Marisa Monte, Cássia Eller, Ana Carolina e até mesmo Maria Rita, ninguém obteve êxito em ocupar o posto deixado por Elis.
Em memória aos 30 anos de morte de Elis Regina, dois álbuns ao vivo da cantora serão relançados em versões extendidas, com mais que o dobro de faixas das versões originais em LP. Um dos projetos, o "Transversal do Tempo", traz músicas do álbum "Elis" e foi lançado em abril de 1978; a nova edição traz interpretações inéditas de de músicas como "Gente" de Caetano Veloso e "Amor à Natureza" de Paulinho da Viola. O outro projeto, intitulado "Um Dia", traz a apresentação da cantora no 'Montreux Jazz Festival', também com mais músicas do que o LP do show lançado em 1982, inclusive versões inéditas como "Triste" de Tom Jobim. Os lançamentos são previstos para o segundo semestre de 2012.
Esse ano ainda teremos o Projeto "Viva Elis!". A iniciativa envolve exposição multimídia itinerante pelo País, também com documentário sobre a vida e a obra da diva da MPB, bem como o a produção de livro baseado em sua trajetória. Além disso, o projeto inclui a realização de cinco shows estrelados por Maria Rita, que interpretará pela primeira vez em sua carreira, sucessos consagrados na voz de sua mãe. Tanto os shows quanto a exposição serão gratuitos, promovidos em locais públicos. A turnê passará por São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e Porto Alegre ao longo de 2012.

2 comentários:

  1. A Elis cantando rock é qualquer coisa entre o ótimo e o sublime,seu disco de 71 é muito interessante e vai nessa linha.

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