Uma perda irreparável para a música: Jon Lord, cofundador do Deep Purple, morreu na manhã desta segunda-feira, aos 71 anos, devido a uma embolia pulmonar. O tecladista estava internado, em tratamento contra um câncer no pâncreas. Lord também fez parte de outra super banda, o Whitesnake.
Em agosto do ano passado já havia noticiado que Lord tinha sido diagnosticado com câncer e começaria o tratamento.
Jon Lord nasceu em Leicester, na Inglaterra, em 9 de junho de 1941. Aos 5 anos, ele começou a ter aulas de piano clássico. Inicialmente sua maior influência foi Bach, e é fácil identificar isso em alguns de seus solos célebres, como o de "Highway Star" e "Burn".
Aos 19 anos, se mudou para Londres para estudar, e ao mesmo tempo, começou a tocar em pubs, apresentando um repertório que misturava jazz e rhythm and blues. Suas primeiras bandas foram o The Artwoods e Santa Barbara Machine Head, onde já começava a chamar a atenção e a se destacar com seu o órgão Hammond.
Foi com o Hammond que Lord construiu sua marca registrada, ao ligá-lo em amplificadores Marshall com o uso de distorção, criando um som novo, que serviria mais tarde como um dos pilares do Deep Purple.
E foi em 1968, que ao lado do baterista Ian Paice e do guitarrista Ritchie Blackmore, fundou o Roundabout, que depois trocaria o nome para Deep Purple, para gravar o seu primeiro disco, “Shades of Deep Purple”. Depois vieram “The book of Taliesyn” e “Deep Purple”.
A primeira formação do Deep Purple, conhecida como MK1
Com a entrada do vocalista Ian Gillan e do baixista Roger Glover, em 1969, que o Deep Purple completou a formação considerada mais clássica. O primeiro trabalho foi o disco gravado ao vivo, “The Concerto for Group and Orchestra”, com a participação da Royal Philharmonic Orchestra. A fusão de Rock e música clássica, teve papel importantíssimo na formação do Rock Progressivo que já dava seus primeiros passos, e brilharia durantes os Anos 70, com bandas como Yes, Genesis, Jethro Tull, Focus, Gentle Giant, Emerson, Lak & Palmer. Lord foi o compositor da peça sinfônica, e conquistou grande admiração do público e dos músicos da época.
Mas o Deep Purple deixou essa onda progressiva, para cair no Rock pesado no LP “In Rock”, que trazia petardos como “Speed King” e “Into the Fire”. O destaque de Lord no disco foi na epopéia de “Child in time”, onde seu teclado comanda a canção em belíssimos solos.
O auge veio no disco seguinte, “Machine head”, de 1971. Gravado num hotel na Suíça, veio recheados de hits que se tornariam clássicos eternos como "Highway star”, “Smoke on the water”, "Never Before" e "Lazy".
Com essa formação, conhecida como MKII, o Deep Purple ainda gravou os discos “Who do you think we are” e o ao vivo “Made in Japan” (ambos em 1973), e consolidou a banda como uma das mais importantes da década de 70, e a colocou na "Tríade Sagrada do Hard Rock", ao lado do Led Zeppelin e do Black Sabbath, que serviria de referência para as futuras bandas de Heavy Metal.
Deep Purple, fase MKII
Em 1974, Ian Gillan e Roger Glover abandonaram a banda. Quando todos pensavam que seria o fim, o Deep Purple surpreende com a nova formação com o baixista Glenn Hughes (ex Trapeze) e o jovem David Coverdale uqe dividiam os vocais. Os dois juntos trouxeram gás para banda, que arrebentou na estréia ao vivo no Festival California Jam, que ainda contava em sua escalação com Black Sabbth, Emerson, Lake & Palmer, Eagles, Earth, Wind & Fire, entre outras. O primeiro trababalho foi o discaço "Burn", considerado por muitos como o melhor álbum já gravado pelo Purple.
O MKIII lançaria mais dois discos, "Stormbringer" e "Made In Europe". Até que Blackmore estressado com as afetações de Coverdale no palco, e da influência de Soul e Funk que estava cada vez mais presente no grupo, resolve abandonar o barco. Mais tarde ele montaria o Rainbow, que lançaria ótimos álbuns, com excelentes músicos como o vocalista Ronnie James Dio e o baterista Cozy Powell.
O MKIII
Assim surgiria o MK4, com a entrada do novato Tommy Bolin, que apesar da pouca idade, já havia tocado na banda do super baterista Billy Cobhan e no James Gang. Lançaram "Come Taste The Band", um álbum cheio de balanço.
Após o show de 15 de Março de 1976, em Liverpool, após uma conversa, Coverdale e Lord decidem terminar com a banda. Bolin que caiu de cabeça na tríade "sex, drugs and rock and roll", morreria de overdose, oito meses depois.
MK4
Jon Lord que sempre misturou várias influências musicais (clássico, rock e jazz), começou a compor trilhas sonoras de filmes com Tony Ashton, e os dois se juntaram a Paice para o projeto Paice, Ashton e Lord. Em 1979, Lord entrou para o Whitesnake, grupo criado pelo seu ex companheiro de Purple, o vocalista David Coverdale.
Whitesnake em 1980, com os ex Deep Purple's: Paice, Lord e Coverdale
O primeiro disco do Whitesnake com Lord foi "Lovehunter", de 1979. No ano seguinte foi lançado "Live...in the Heart of the City", álbum que reúne dois shows feitos pela banda: o Live In The Heart Of City de 23 e 24 de junho de 1980 e o Live at Hammersmith de 23 de novembro de 1978. O show mais antigo contém algumas músicas do Deep Purple da época que Coverdale esteve no vocal.
No LP "Ready an' Willing", de 1980, o baterista Ian Paice já fazia parte da banda. Apesar de tantos 'ex-Purples', o som do Whitesnake teve, desde o início, um estilo diferente do Deep Purple, mais voltado para o hard rock americano, com fortes influências de Blues e 'redneck' presentes na guitarra com slide de Micky Moody.
Em 1981 lançam "Come an' Get It", e em 1982, "Saints & Sinners" que fez estrondoso sucesso com músicas como "Here I Go Again". Muitas mudanças ocorrem no Whitesnake após este álbum e até o término da banda foi cogitado, o que não aconteceu. Após a turnê de "Saints & Sinners", Ian Paice deixa a banda. Mas Coverdale não esmorece e chama Cozy Powell para substituir Paice. Mel Galley (ex-Trapeze) assume a guitarra e Colin Hodgkinson o baixo. Lançam "Slide It In" em 1984 e, após o lançamento, Lord sai do Whitesnake. "Love Ain't No Stranger", "Guilty Of Love" e "Slow and Easy" fazem do álbum um sucesso.
A saída de Lord teve um motivo forte, a ressureição do Deep Purple na formação MKII, em 1984. Ian Gillan tinha acabado de largar o Black Sabbath, onde havia gravando o excelente "Born Again" (1983).
Então com Gillan, Blackmore, Paice, Glover e Lord lançam o primeiro disco de inéditas desde 1975, "Perfect Strangers", a faixa título é até hoje uma das mais aclamadas e pedidas em shows.
O sucessor foi "The House of Blue Light", de 1987. Das turnes destes dois discos, sai o ao vivo "Nobody's Perfect", lançado em 1988.
Deep Purple em 1984
Em 1989, Gillan decide sair novamente da banda, e em seu lugar entra o vocalista Joe Lynn Turner, (ex-Rainbow). Embora o novo álbum com Turner, "Slaves and Masters", tenha sido comercialmente fraco, a sua turnê foi muito bem sucedida. Vale lembrar que nessa turnê, o Deep Purple veio ao Brasil pela primeira vez. O set-list continha também clássicos da época de Coverdale (que não eram cantados por Gillan), e muitos que a banda não tocava há algum tempo.
A banda termina a turnê no fim de 1991, e em abril de 1992, começa a gravar o que se tornaria o álbum "The Battle Rages On...." Este álbum foi inicialmente gravado e escrito com Joe Lynn Turner ainda na banda, mas no meio de setembro de 1992, Joe é despedido do grupo e em seu lugar entra novamente Ian Gillan, que termina o que do disco, regravando-o com sua voz. "The Battle Rages On..." foi lançado em 1993.
Deep Purple na fase com Joe Lynn Turner
Em dezembro de 1993, Ritchie Blackmore resolve deixar a banda, após constantes conflitos. O guitarrista cria cria o Blackmore's Night com sua esposa Candice Night; o grupo é faz a interessante e original mistura de Rock, Folk, música medieval e renascentista, e lança seu primeiro disco em 1997.
Joe Satriani foi convidado a integrar ao Deep Purple para participar da turnê internacional pelo Japão. Com o sucesso dos shows, Satriani foi convidado pelos demais integrantes para permanecer como membro efetivo dela, mas declinou, mais preocupado com sua carreira solo e com o contrato para um álbum assinado com a Sony. Antes disso, entretanto, ainda chegou a participar da turnê européia como guitarrista da banda em 1994, fazendo seu último show com a banda em julho, na Áustria. Após este concerto, Satriani deixou o Purple e cedeu o lugar para o guitarrista Steve Morse, que já havia integrado as bandas Dixie Dregs e Kansas. Steve Morse é o guitarrista do Deep Purple até hoje.
Morse revitaliza a banda que lança o excelente "Purpendicular" (em 1996) e se transforma num grande parceiro de Lord, criando duetos e duelos marcentes tanto ao vivo quanto em estúdio. juntos ainda lançam o CD "Abandon", em 1998.
Foi justamente nessa fase que assisti pela primeira vez a uma apresentação ao vivo do Deep Purple, no atual Citibank Hall, no Rio de Janeiro, em 1997. Saí de lá alucinado e embasbacado com a perfomance de Lord. Pra começar, o som que ele tirava do teclado era único, nunca tinha ouvido e nunca mais ouvi nada parecido.
Deep Purple com o grande Steve Morse
Jon Lord encerrou definitivamente as suas atividades com o Deep Purple em 2002, e em seu lugar ele indica Don Airey, um tecladista muito rodado, e levando no currículo passagens por Rainbow, Whitesnake e Ozzy Osbourne (é ele que gravou a antológica introdução de "Mr Crowley"). Com Airey, Gillan, Morse, Glover e Paice são lançados os discos "Bananas", em 2003, e "Rapture of the Deep", em 2005.
Como artista solo, pós-Purple, ele gravou discos como “Pictured within” (1997) e “Beyond the notes” (2004).
Sua última visita ao Brasil foi em 2009, quando se apresentou com a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo, na Virada Cultural paulistana.
Jon Lord tem seu nome marcado na história do Rock, por seu talento, por suas inovações, por suas grandes composições, e pelos solos marcantes e inesquecíveis.
É uma perda dolorosa. É mais um grande mestre que é levado por essa doença maldita, que já vitimou lendas como George Harrison e Ronnie James Dio.
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Eh uma pena nao ter tido a chance de assistir ele ao vivo.
ResponderExcluirFoi uma péssimo noticia!! Saudações ao mito Jon Lord, rei das teclas!! o/
É cara,
Excluirele era o Rei!
Uma vez Lord, sempre Lord...
ResponderExcluirDefinição perfeita!
ExcluirTive a oportunidade de conhece-los e trocar algumas palavras com eles no Hilton Hotel em São Paulo. Me pareceram grandes pessoas. Apesar da fama, foram muito atenciosos simpáticos principalmente com meu filho. Roger Glover e Jon Lord são uma gracinha.
ResponderExcluirQ bacana, Adriana, parabéns pelo encontro mais que especial.
ResponderExcluirBeijo