Considero o Nectar quase como um santuário. A energia do local, o clima bucólico, e principalmente os shows que acontecem por lá, transformam esse cantinho de Vargem Grande em um verdadeiro oásis em plena cidade do Rio de Janeiro; onde a boa música pode ser apreciada sem moderação.
Sempre fui figurinha fácil no Nectar, prestigiando apresentações de amigos, conhecendo bandas, e aprendendo muito em conversas com Sergio de Carvalho (dono e fundador da casa) e do argentino boa praça Hector (dono da lojinha de discos raros).
Eu mesmo já toquei lá várias vezes, principalmente com a Crossroads, que lá tinha seu palco mais cativo.
Inacreditavelmente, fiquei mais de dois anos sem visitar o Nectar. E resolvi aproveitar que meu irmão Paulo Ricardo está de volta ao Brasil, e junto com a Mell fomos ver o Tributo a George Harrison, que acabou sendo o primeiro show de 2013.
Quem já é leitor do Blog sabe que Harrison é um dos meus maiores ídolos. Harrison é um músico extraordinário, cantor de voz suave, guitarrista cheio de estilo, de grande religiosidade , organizador do primeiro concerto de Rock beneficente ("The Concert For Bangladesh), ainda por cima integrante dos Beatles, e compositor de algumas das mais belas músicas do nosso tempo.
Assim, não faltavam motivos para se celebrar a vida e a obra desse artista iluminado. Sérgio de Carvalho organizou o evento, que contou com uma de suas bandas, a Darkhorse, que possui repertório exclusivamente formado por canções de Harrison em sua carreira solo e com os Beatles.
A primeira atração da noite foi a dupla de musica indiana com instrumentos típicos formado por: Sandro Shankara na sítara e Jaffer na tabla. Foi um privilégio ter essa oportunidade de ter contato com a arte e espiritualidade da musica indiana. E tudo isso tem muito a ver com George, precursor na utilização de instrumentos asiáticos (sobretudo indianos) na música Pop, sendo um aluno aplicado e apaixonado pela sítara. E também serviu como homenagem a Ravi Shankar, amigo e professor de Harrison, que faleceu no fim de 2012.
O show foi quase um workshop, pois antes de cada música, Sandro explicava como funcionava o instrumento, e falava um pouco das escalas e técnicas que ele utilizava. Tudo muito fascinante, já que a sítara é tão complexa que há um famoso ditado indiano que diz que "é necessário uma incarnação para aprender a afiná-la e outra para aprender a tocá-la".
A platéia ouvia com atenção e de forma respeitosa. Achei muito boa a idéia de ter música indiana como abertura. Sugiro que no próximo evento, Serginho convide Sandro Shankara e Jaffer para uma participação ao lado da Dark Horse Band em músicas como "Love You Too", "Within You Without You", e "The Inner Light".
A galera queria Rock and Roll. E foi isso que a Dark Horse Band entende. Foi a quarta vez que assisti a banda em ação, e a primeira que presenciei com o grande guitarrista Kléber Dias na formação. Completavam o grupo, Airton Sartori no violão e voz principal, Luiz Biavatti na guitarra slide, Marcelo Rodrigues na bateria, além do fundador Sergio no baixo.
Juntos tocam musicas emblemáticas de George Harrison tanto da fase Beatles como carreira solo. Abriram com uma sequência de 4 canções do FabFour: "Taxman", "If I Needed Someone", "I Need You" e "Here Comes The Sun".
"This Is love" do álbum "Cloud Nine" foi a primeira da fase solo a ser executada. Entre cada música, Sergio fazia um comentário didático, explicando em que disco em que ano foi lançada, e sempre contando uma curiosidade. E assim foram brindando o público com pérolas como "Something","My Sweet Lord", "Give Me Love (Give Me Peace On Earth)", "All Things Must Pass", e "Bangladesh".
Airton Sartori canta muito bem, e consegue deixar sua voz com o timbre muito parecido com de Harrison.
Em "If Not for you", canção de Bob Dylan lindamente gravada por Harrison em seu primeiro disco solo "All Things Must Pass", Kléber Dias faz bonito ao trocar a guitarra pelo bandolim. Dias é um guitarrista de muita pegada, e fazia belos duelos com Luiz Biavatti, que no slide tentava fazer seus solos o mais parecido com os originais. Em ""While My Guitar Gently Weeps", ainda tiveram a companhia de um rapaz bem jovem que também demonstrou muito talento, pena que não gravei seu nome.
Chuck Berry e Carl Perkins, dois grandes ídolos de Harrison, também foram lembrados respectivamente em "Roll Over Beethoven", "Everybody's Trying to be My Baby". Ambas foram regravadas pelos Beatles, com George no voz principal, e colocaram todo mundo pra dançar e pular no Nectar.
O show foi bem rápido e curto, com apenas 14 canções. Um dos motivos pode ser o fato de que Luiz Biavatti atualmente mora em Belo Horizonte, o que provavelmente dificulte os ensaios da banda. Outra razão pode ser a preocupação de Sergio em não atrasar muito a entrada da última banda que tocaria na sequência.
E justamente fechando o tributo, a banda Alma de Borracha, que fez um show bastante dançante e vibrante, tocando Beatles em difrentes fases. O grupo é formado quase que 100% por médicos, e finalizaram a noite com o Classic Rock de Creedence Clearwater Revival, Herman's Hermits, The Mamas & The Papas, Rolling Stones e Eric Clapton, para a animação geral.
Nectar no sábado a noite é sempre uma ótima opção. Está aí minha primeira dica para 2013...
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