Quando passou a graça de sair pelas ruas vestido de carrasco, o Carnaval passou a ser um tédio só: o marasmo dos desfiles de Escola de Samba, o Funk carioca entrando de assalto na festa, e os congestionamentos monstros nas estradas.
Mas nos últimos anos passei a ver alguma graça. é um feriadão, quando podemos fazer coisas diferentes , viajar, descançar. Fora o fato de ser uma festa alegre, bem humorada, aonde pode-se viver uma outra realidade, literalmente vestir uma fantasia e sair por aí, distribuindo bom humor. Além do fato da pegação, que pode ser bem aproveitado pelos solteiros ou pelos caras-de-pau.
Me desculpem os manguerenses, portelenses, e demais co-irmãos, mas ainda acho desfile de Escola de Samba um pé no saco; mesmo com as gostosas semi-nuas e tal. Dá pra ver uma ou duas escolas, no máximo. Vou explicar com um trecho de um texto que escrevi em um post de 2010: "Um fato que sempre me incomodou e nunca vi ninguém reclamar, é que pra cada Escola de Samba, durante o seu desfile pela Avenida, uma única música é tocada durante mais de uma hora. Desculpem, mas é muito chato... Imaginem, se acontecesse um mega festival aonde se reuniriam 6 das maiores bandas do mundo. Vizualizem o Pearl Jam tocando por uma hora "Even Flow", seguidos pelo Metallica com "One" por 70 minutos. O U2 subiria ao palco pra tocar "Sunday Bloody Sunday" sem parar; depois os Stones com uma versão gigante de "Satisfaction". Dando lugar pro Rush com "Tom Sawyer" por quase uma hora e meia. Fechando o espetáculo, já amanhecendo Paul McCartney cantaria "Hey Jude" por quase duas horas. Alguém iria aguentar? Pois os desfiles das tradicionais agremiações de Samba são exatamente assim.".
Esse ano, o Carnaval começou pra mim na sexta-feira, no cinema assistindo o excelente "O Lado Bom da Vida", seguido de um jantar com comida japonesa...
Em pleno sábado de Carnaval, acordei relativamente cedo pra dar uma corridinha, duas voltas no Rio Centro (6.200 metros) debaixo de Sol forte, para dar início ao "Projeto Carnaval 2014".
Depois de um almoço bacaninha e de um cochilo, fomos encontrar amigos pra assistir a pelada Vasco x Fluminense. Nos atrasamos, e pegamos só o segundo tempo do jogo que acabaou empatado.
De lá fomos para o Bloco da Banda da Freguesia, com a galerinha da foto acima. Achei o bloquinho meio caído, e por isso ficamos pouco tempo.
Como a Mell bem definiu, o domingo foi o dia do "Bloco Unidos do Sofá", pois ficamos em casa, basicamente em frente a Tv vendo filmes. O primeiro foi o fraquíssimo "Cry Baby", um dos primeiros da carreira do Johnny Depp, o ator favorito da Mell.
No fim da tarde, dei uma descida para uma corrida, e como não estava tanto calor, consegui dar 3 voltas (9.300m).
Alugamos "Rock of Ages" pelo Now, pois acabei perdendo quando estava no cinema. O musical com pérolas do Hard Rock farofa dos Anos 80 é meio bobinho, mas diverte. Tem um certo ar de "Glee"... O repertória é bem bacaninha: Whitesnake, Def Leppard, Journey, Scorpions, Foreigner, Guns N' Roses, Joan Jett, Bon Jovi, Twisted Sister. O destaque são as delicinhas do elenco feminino (Julianne Hough, Malin Åkerman e a quase veterana Catherine Zeta-Jones), e o Tom Cruise se saindo muito bem na pele de um Rock Star.
Enquanto a Mell dormia, vi a Unidos da Tijuca desfilando, e tenho que admitir que Paulo Barros é um gênio. Trocando de canal, descobri que estava rolando o Grammy, e pude conferir a apresentação conjunta de Sting e Bruno Mars. O sono impediu que eu assistisse o restante da cerimônia.
Acordamos tarde na segunda. Ao meio dia, debaixo de um sol senegalês fiz uma corrida partindo do Bosque da Freguesia, indo em direção a Gardênia Azul, passando pela Cidade de Deus, e voltando ao ponto de partida pela Estrada do Gabinal, que começa com uma ladeirinha "braba". Foi sinistro terminar o percusso, mas consegui.
Depois do esforço físico, um churrasquinho esperto, e partimos para o Bloco do Sargento Pimenta.
Pela terceira vez consevutiva estive presente ao bloco que só toca música dos Beatles. E posso afirmar com propriedade que esse foi o melhor. Pela segunda vez o bloco aconteceu no Aterro do Flamengo, que considero perfeito, pois por ser um lugar amplo, permite que os foliões fiquem espalhados, e possam curtir a festa sem aperto, apesar dos mais de 100 mil foliões presentes. Os músicos se apresentaram em um trio elétrico que permaneceu parado.
O som foi disparado o melhor das 3 edições, o que permitiu que eu e minha galera escutássemos perfeitamente as músicas, mesmo estando de longe. O repertório cobriu todas as fases do FabFour, e continha tantos os grandes hits como "Help!", "Yellow Submarine" e "Let it Be", como os lados B conhecidos apenas pelos iniciados, como "Hey Bullgod" e ""I Want You (She's So Heavy)".
Mais uma vez foram tocadas as versões de de “Ob-La-Di Ob-La-Da” e “The Ballad Of John & Yoko”. A primeira é o hino do bloco, e foi tocada em 2011, e explica na letra a idéia da criação do projeto; a segunda sacaneia a crise européia, e foi lançada no ano passado.
Outro ponto forte do Bloco Sargento Pimenta é o clima tranquilo e familiar. Várias gerações reunidas, pais, filhos e avós juntos curtindo a festa. Muitas crianças, casais de mãos dadas, amigos reunidos celebrando e curtindo.
Ano que vem estaremos lá novamente.
Elton John mirim no Bloco do Sargento Pimenta
Também encontramos por lá o cover do Valdique Soriano.
Assim como no ano passado, depois do Bloco do Sargento Pimenta, fomos a pé para a Praça XV, para curtir o Bloco Cru. O público era menor, cerca de 10 mil pessoas, que foram previamente esquentados pelo DJ que mandadava Ramones, Red Hot Chilli Peppers, Aerosmith e Queen
O Bloco Cru tem a estrutura de show, e esse foi o seu quinto Carnaval, onde uma banda, com oito integrantes e mais 15 percussionistas, mistura clássicos do Rock com músicas de carnaval, num resultado explosivo. Essa fusão atrai uma galera que normalmente não estaria participando desse tipo de evento.
O Cru botou todo mundo pra sambar ao som de Ramones, Rage Against The Machine, Beatles, Metallica, Iron Maiden, e Motorhead. A vocalista Lu Baratz é bastante simpática e comunicativa, e possui muita presença de palco. Apesar de todos as qualidades, Lu Baratz não é dona de uma boa voz. Ela tem dificuldade de alcançar tantas as notas mais graves quanto as mais altas. E dessa forma ela acaba desafinando bastante. Mas acho que isso pode ser corrigido facilmente, pois a garota tem potencial.
O som do Cru é bastante pesado, com baixo, bateria e guitarra distorcida. Os percussionistas geralmente acompanham colocando a batida típica de samba enredo, o que acaba em muitos momentos, por incrivel que pareça, fazendo com que o arranjo ganhe mais peso ainda. Como já escrevi em posts anteriores, se eu fosse o Medina, os convidada para abrir o Rock In Rio em 2013 no Palco Principal.
Por causa do calor e do cansaço, ficamos pouco tempo no Bloco, mas o suficiente para nos divertimos e sairmos de lá encharcados de suor.
SETLIST BLOCO CRU (pelo menos da parte que eu assisti):
- Come Together (Beatles)
- Kiss (Prince)
- Misirlou (Dick Dale) / Blitzkrieg Pop (Ramones)
- Girls Just Want To Have Fun (Cindy Lauper)
- Never There (Cake)
- Sweet Child O'Mine (Guns N'Roses)
- Aces Of Spade (Motorhead)
- Enter Sandman (Metallica)
- Canto de Ossanha (Baden Powell & Vinícius de Moraes)
- Fear Of The Dark (Iron Maiden)
- Killing In The Name (Rage Against The Machine)
- Rock And Roll All Nite (Kiss)
Na terça-feira não rolou corrida. Fomos pra Barra, na Praia do Pepê para ver o Bloco do Trio Ternura. Chegamos ao meio dia, exatamente o horário que estava marcado pra começar, mas aparentemente por problemas técnicos, houve duas horas de atraso.
Com isso, fomos dar um mergulho no mar que estava sem ondas, com a água quente e transparente; uma delícia.
O foda é que estávamos sem protetor solar, por isso tratei de colocar uma camiseta, que me proporcionou uma "linda marquinha"...
Finalmente o Trio Ternura começou a tocar e me decepcionei. Primeiro com o som baixo demais, e depois com o repertório fraco e sem identidade, onde cabia Seu Jorge, Fiuk, "Assim você mata o papai" e "Anna Julia".
O lugar estava lotado, com o público em sua maioria formado por mulheres, provavelmente atraídas pelo ator global Thiago Martins, um dos integrantes do Trio que justamente fazia sua despedida, para entrar em carreira solo.
A soma de calor + sol forte + som baixo + Muvucada + cansaço + fome danada, fez com que deixássemos o Trio Ternura de lado, e fossemos direto encarar um rodízio japonês. E assim nosso carnaval terminava em grande estilo.
Na quarta-feira de cinzas tive que trabalhar. Mas no fim do dia ainda deu pra aproveitar uma prainha, com direito a corrida do fim da reserva até a praia da Macumba (ida e volta - 8. 400m), e um mergulho no mar quentinho ao pôr do Sol.
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