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quinta-feira, 13 de junho de 2013

07 de Junho de 2013 - SANDRA DE SÁ NA LONA DE JACAREPAGUÁ

No Rio de Janeiro, o trânsito nos bairros de Jacarepaguá, Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes é tradicionalmente caótico às sextas-feiras no horário entre 17 e 19h. Ultimamente a coisa ficou pior com as obras para a "melhoria" da cidade pra receber a Copa e as Olimpíadas.
Sandra de Sá e sua banda partiram do Recreio em direção à Lona Cultural Jacob do Bandolim em Jacarepaguá para realizarem a passagem de som e posteriormente se apresentarem na casa. Não sei o motivo, mas o trânsito estava bem pior do que o normal, e os músicos e a cantora chegaram em Jacarepaguá por volta das 19 30h.
O show estava marcado para as 20h. O horário, considerado muito cedo para eventos deste tipo, passou a ser assim definido por exigência da Prefeitura, que fechou a Lona para obras de adequação de segurança após o fatídico incidente na Boite Kiss. Na verdade, depois de meses fechada, a Lona reabriu sem nenhuma modificação perceptível, e foi determinado que os shows e eventos no local acabassem impreterivelmente no máximo às 22h, até que o ar condicionado e o isolamento acústico fossem instalados. Tais cuidados são para evitar problemas com a vizinhança que costuma ficar incomodada com o barulho excesivo que vaza.
Com tudo isso, a Rainha da Soul Music Brasileira só conseguiu começar o show às 21h, e já entrou estressada no palco sabendo que sua apresentação teria apenas uma hora de duração. Mas o aborrecimento se transformou em garra, e Sandra entrou com tudo, cantando seu primeiro grande sucesso "Olhos Coloridos". Emendaram com o clássico "Que Beleza" de Tim Maia da fase "Racional", onde a galera fez coro forte no refrão.
O som estava bem embolado, as vozes do backing vocals e o teclado estavam com volume muito baixo. Mas mesmo assim deu pra perceber que na banda só tinha feras, sobretudo o baixista, que infelizmente não gravei o nome. O cara é excelente, cheio de balança e suingue.
E por falar em suingue, Sandra de Sá explicou o que é a sua tão exaltada "Música Preta Brasileira" que ela tanto exalta. Pra ela essa determinação não tem nada a ver com a cor da pele: "A nossa música é essencialmente preta, suingada, balançante, pois começa e termina no tambor, no suingue. Não há ritmo que cantemos ou toquemos aqui que não contenha um toque de brasilidade. Isto é a nossa pretitude. Até porque se é popular, é do nosso povo, que é altamente miscigenado". Provando e colocando em prática, Sandra junta uma música "de um neguinho lá das Alagoas" com uma "de um playboy branquelo carioca"; assim ela une "Flor de Lis" de Djavan com "Madalena" de Ivan Lins, como se fossem um única canção.
Também havia espaço para o romantismo em canções como "Sozinha", ela foi a primeira a transformar a composição de Peninha em hit, que depois fez sucesso nas gravações de Tim Maia e Caetano Veloso.
A cantora não pára quieta: dança cheia de desenvoltura, toca guitarra, tamborim, faz graça e domina a  platéia como uma verdadeira "showwoman". No meio do show ela anuncia: "Eu não gosto muito dessa história de dar canja, dar palhinha. Um dia estava num bar na Lapa e um sujeito me falou: Pô, você é cantora; vai lá no palco cantar pra gente. Perguntei pra ele o que ele era. Ele disse que era cirurgião, então falei pra ele fazer uma cirurgia rapidinha ali pra mim. Tive como resposta que ele precisaria de preparo e que as coisas não funcionam assim. Meu chapa, você acha que pra cantar tamém não precisa de preparo? Vai que eu subo ali, canto mal, desafino, aí vão todos achar que meu show é uma porcaria.". depois do discurso ela chama o cantor D'Black para um dueto em "Primavera" de Cassiano, um dos Reis da Soul Brasileira.
D'Black tocaria na semana seguinte na Lona, e declarou: "Sandra, essa não foi uma canjinha, nem uma palhinha, foi um sonho cantar ao seu lado.".
Preocupada e irritada com o pouco tempo que ainda tinha de apresentação, ela modifica a ordem do setlist e canta em sequência "A Namorada" (de Carlinhos Brown) e "Uma Noite e Meia" (grande sucesso de Marina Lima, composta por Renato Rockett), que colocaram todo mundo pra pular e dançar.
A festa foi encerrada com "Olhos Coloridos" e com uma Sandra de Sá revoltada e soltando maribondos com os produtores da Lona, que a obrigaram reduzir o show. Por isso sucessos como "Joga Fora no Lixo" e "Bye Bye Tristeza" ficaram de fora.
Mesmo com esses problemas, o show foi ótimo. A voz de Sandra de Sá é poderosa, com ótimo alcance vocal tantos pras notas graves quanto pra agudas, e como bem disse meu irmão Paulo Ricardo: "Se ela quisesse, com um pouco de estudo e preparo Sadra de Sá poderia ser tranquilamente uma Diva do Jazz".

SETLIST:
1- Dêmonio Colorido
2- Que Beleza
3- Dançando Com a Vida
4- Soul de Verão
5- Que Bloco É Esse
6- Pé de Meia
7- Flor De Lis / Madalena
8- Não Chores Mais
9- Medley: Solidão / Contrato Assinado / Não Tem Saída / Quem é Você / Retratos e Canções / Vamos Viver Só de Amor
10- Sozinha
11- Primavera
12- A Namorada
13- Uma Noite e Meia
14- Olhos Coloridos

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