EU NO CARNAVAL 2012 - PARTE 2: BLOCO DO SARGENTO PIMENTA

Na Segunda-feira o plano era audacioso, ir a dois blocos no mesmo dia: o Sargento Pimenta e o Cru. E o objetivo foi alcançado com sucesso.
Dessa vez o Bloco do Sargento Pimenta deixou as ruas apertadas de Botafogo e foi para o Aterro do Flamengo. Ótima idéia, pois o novo local é bastante amplo, e os mais de 60 mil foliões puderam brincar com um certo conforto.
A galera usava a imaginação nas fantasias, com gente vestida de Lennon, McCartney, Harrison, Ringo, Mick Jagger, Freddie Mercury... Vi um cara de terninho, cabelo de cuia e carregando uma réplica do baixo hofner idêntico ao usado por Paul.
O Sargento Pimenta estreiou no Carnaval do Rio no ano passado, fazendo a original e inusitada mistura das canções dos Beatles com os ritmos carnavalescos. O resultado foi um sucesso estrondoso.
O problema é que os organizadores e patrocinadores não perceberam que o Sargento é atualmente um dos maiores blocos do Rio. E assim aconteceram vários problemas na produção. Enquanto os shows fechados estão sempre lotados e ganham elogios, o Bloco na rua mais uma vez peca em desorganização e num som de péssima qualidade e baixíssima potência.
Primeiro erro: falta de pontualidade. A concentração que estava marcada para o meio-dia, atrasou e começou quase na hora do desfile. O que deixou a galera impaciente torrando debaixo do sol.
Outro erro imperdoável era a má qualidade do som, com o volume muito baixo. No Sargento Pimenta o diferencial é a música, quem vai lá quer curtir as canções do FabFour. Não entendo como não investiram em aparelhagem.
E acreditem: conseguiram estragar o repertório. Como? Repetindo várias vezes as versões de “Ob-La-Di Ob-La-Da” e “The Ballad Of John & Yoko”. A primeira é o hino do bloco, e foi tocada em 2011, e explica na letra a idéia da criação do projeto; a segunda sacaneia a crise européia. O que encheu o saco é que toda hora os músicos repetiam essas duas.
Vacilo também foi os grandes intervalos que aconteciam entre as músicas. Não precisa ser expert em carnaval pra saber que isso esfria e tira o tesão da galera.
Mas o cúmulo foi mesmo a apelação totalmente desnecessária de puxarem trechos do funk “Rap das Armas” e o samba do Salgueiro de 93. Pra quê???As irmãs Mell & Alexandra

Dizendo tudo isso, fica parecendo que o bloco foi uma merda e uma total perda de tempo. Mas não foi não... Apesar das decepções, todo mundo se divertiu bastante. E não podia ser diferente, não é mesmo? Afinal, todo mundo cantou "Love Me Do", “Twist And Shout”, “A Hard Day’s Night” e “All My Loving”, "I Want To Hold Your Hand", "Here Comes The Sun", "Baby, You Can Drive My Car", "Hey Jude".
O destaque foi o super lado B "I Want You (She's So Heavy)", que eu não esperava ouvir.
Uma coisa muito bacana do Bloco do Sargento Pimenta é clima família e paz e amor. Várias gerações reunidas, pais, filhos e avós juntos curtindo a festa. Muitas crianças, casais de mãos dadas, amigos reunidos celebrando as coisas boas da vida.
Espero que ano que vem, o Bloco se organize e conserte esses problemas. Eu estarei lá com certeza.Eu mascarado interagindo com a Cumunidade Gay. Homofobia não!

Vale a pena contar uma historinha que rolou durante o bloco...
Fui pra lá vestido com uma surrada camiseta dos Rolling Stones. Confesso que foi pra dar uma de espírito de porco.
Estava eu ali encostado em um alambrado, literalmente vendo a banda passar, quando um rapaz veio sorrindo ao meu encontro dizendo: "É isso aí! Stones é bem melhor que os Beatles!".
Também abri um sorriso e respondi: "Pô cara, eu não concordo não. Mas tudo bem...".
O cara não se conteve: "Putz... e o que você está fazendo com uma camisa dos Stones se você prefere os Beatles?". Minha resposta foi: "Pô... Acho que seu caso é pior. Afinal você prefere os Stones e está num bloco que só toca música dos Beatles..."
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