Não se tratava da formação clássica, pois o vocalista Jon Anderson e o tecladista Rick Wakeman não estão fazendo parte da banda. Lamento que Anderson e o Yes ainda não tenham acertados suas diferenças, e polêmicas a parte não pretendia perder a oportunidade de ver novamente o grande guitarrista Steve Howe em ação, ainda mais com um repertório desses.
Além de Howe, após diversas mudanças, a formação atual do grupo ainda conta com as feras Chris Squire (baixo), Alan White (bateria), e com Geoff Downes, tecladista que já foi membro do Yes em outros momentos, e fez carreira nos grupos Asia e The Buggles. O calouro é o vocalista Jon Davison que assim como seu antecessor Benoît David, foi descoberto em uma banda cover de Yes. Como puder ver em seu show solo no ano passado, Jon Anderson já está completamente recuperado de seus problemas de saúde, e deve ainda estar puto com Chris Squire e Cia.
Apesar de ter três membros clássicos e um ex-membro de peso, a presença do novo vocalista sempre traz desconfiança e preocupação. Afinal, a voz de Jon Anderson além de belíssima, é uma das marcas registradas do Yes. Para se ter uma idéia, o álbum "Drama", lançado em 1980, foi o primeiro a não contar com Anderson nos vocais, e até hoje é apontado como o maior erro da discografia da banda.
Mas as "víuvas" de Jon Anderson deram o braço a torcer logo noss minutos iniciais do show, pois Jon Davison possui um timbre muito próximo ao de Jon Anderson, além de admirável alcance vocal e afinação perfeita.
O primeiro álbum executado na noite foi "Close To The Edge", quinto disco de estúdio do Yes, lançado em 1972, considerado por muitos como o mais importante da banda. As três canções do LP, a faixa-título, "And You and I" e "Siberian Khatru" foram tocadas com perfeição, e foram a prova de que mesmo passados 41 anos do lançamento, continuam sendo grandes obras, que ainda possuem o poder de emocionar os velhos fãs, e conquistar os novos admiradores que começam a viajar na onda do Progressivo.No começo de cada número aparece nos telões o título da canção e o nome do álbum, e um video com imagens psicodélicas que interagem com a perfomance dos músicos.
O show não tinha muita enrolação, e depois de quase 40 min a primeira parte do show é finalizada, e sem intervalo, Steve Howe vai ao microfone pra fazer piada com o fato de serem considerados "Dinossauros do Rock", e logo em seguida anuncia a sequência de "Going For The One", disco lançado em 1977.
Esse álbum já não é tão conceituado, mas traz grandes momentos, como a linda balada "Wonderous Stories". É durante essa parte do show que Chris Squire entra com um baixo de três braços durante a música "Awaken".
A terceira parte da noite chega para trazer a execução do álbum "The Yes Album", de 1971, que na minha opinião é um disco bastante subestimado, e que considero uma obra prima. É um LP da fase pré-Rick Wakeman, mas mesmo assim possui alguns dos maiores clássicos do Yes, como "Yours Is No Disgrace", "Starship Trooper" e "I’ve Seen All Good People ".
Apesar das músicas fantásticas como as citadas anteriormente, o destaque fica mesmo com "Clap", onde a galera vai ao delírio com a técnica e a precisão de Steve Howe no violão. Visualmente o cara parece uma múmia, mas suas mãos continuam firmes e certeiras, levando muitos presentes às lágrimas.
Depois dos três álbuns na íntegra, a banda faz um Bis, sem deixar o palco, depois de agradecerem, finalizaram com "Roundabout", do disco "Fragile", encerando as duas horas e quarenta minutos de bons sons.
Como já deve ter ficado claro, sou um grande fã de Steve Howe, e foi emocionante vê-lo em ação mais uma vez, e constatar que ele ainda é um músico extraordinário, um verdadeiro guitar hero de estilo único.
Alan White é um baterista arrojado e de pegada forte, mas esteve bastante discreto durante toda noite. Isso pode ter sido reforçado pelo baixo volume de seus tons em comparação com o restante das peças de seu belo kit de bateria. E esse foi o único ponto negativo do som, que estava realmente muito bom.
Definitivamente Geoff Downes não é Wakeman, mas é maldade e no mínimo ignorância não enxergar suas qualidades como tecladista. Ele se sai muito bem reproduzindo os complexos arranjos de teclado, que em muitos momentos são a parte mais importantes das peças. Downes faz questão de ser fiel a tradição dos Anos 70 de colocar no palco vários teclados, e ele veio com nada menos do que nove! Totalmente desnecessário para a tecnologia dos dias de hoje, mas que ao mesmo tempo promove um visual muito bacana e ainda presta uma homenagem a época de ouro do Progressivo.
Esta resenha bem que poderia levar o título de "A Vingança de João Paulo", que foi o cara que me apresentou para a fase Progressiva e clássica do Yes. João é um fervoroso fã de Chris Squire, e por muitas vezes se irritava quando eu dizia que o baixista do Yes nunca esteve no mesmo nível dos demais músicos que passaram pela banda.
Durante o show, minha mesa esatava posicionada exatamente na frente de Squire, e tenho que dar o braço a torcer: o cara toca pra cacete. O lance não é virtuosismo, está mais ligado a atitude, presença,e principalmente a pegada e sonoridade. Tanto no Rickenbacker quanto no Fender Jazz Bass, Squire arrepia, e definitivamente me provou que é um dos grandes do contra-baixo no Rock and Roll.
Setlist:
01. Close to the Edge (The Solid Time of Change/Total Mass Retain/I Get Up, I Get Down/Seasons of Man)
02. And You and I (Cord of Life/Eclipse/The Preacher the Teacher/The Apocalypse)
03. Siberian Khatru
04 Going for the One
05. Turn of the Century
06. Parallels
07. Wonderous Stories
08. Awaken
09. Yours Is No Disgrace
10. Clap
11. Starship Trooper (Life Seeker/Disillusion/Würm)
12. I’ve Seen All Good People (Your Move/All Good People)
13. A Venture
14. Perpetual Change
Bis:
15. Roundabout
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