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sábado, 5 de maio de 2012

4 de Maio de 2012 - TITÃS - SHOW CABEÇA DINOSSAURO NO CIRCO VOADOR


O tempo voa... Já faz 26 anos que o "Cabeça Dinossauro" foi lançado. Um álbum fundamental na minha formação tanto musical quanto de caráter; afinal foi  o primeiro disco que comprei na vida, e fez com que os Titãs se tornasse a minha banda nacional preferida desde os meus 10 anos de idade.
Dá uma sensação estranha ver os Titãs no palco hoje em dia, formado por apenas 5 integrantes, e lembrar que antes eram 8. Mais triste ainda é não termos Charles Gavin na bateria, apesar do bom trabalho realizado por  Mario Febre.

A apresentação é parte das comemorações dos 30 anos dos Titãs, com a execução do "Cabeça Dinossauro" na íntegra. Nada mais nada menos que o disco mais importante da história da banda, e um dos mais relevantes do Pop Rock nacional e da MPB. Além das músicas do LP, vários petardos do repertório mais pesado foram executados, alguns deles há muito tempo não apresentadas ao vivo, como pérolas do excelente "Titanomaquia", como "Nem Sempre Se Pode Ser Deus", "A Verdadeira Mary Poppins" e "Será Que É Disso Que Eu Necessito?".

O Circo estava com ingressos esgotados, e com o público formado por diferentes faixa-etárias, que pulava antes do show, ao som de Nenhum de Nós, Metrô, Ultraje à Rigor e Legião Urbana. Mas a galera queria  logo o início da apresentação, e no gargarejo, onde a média de idade passava os 35 anos, ecoavam urros de "Titãs! Titãs!". Até que as luzes se apagaram, o palco foi iluminado, e a batida tribal de "Cabeça Dinossauro" foi o estopim para começar o delírio, comandado por Branco Mello nos vocais e baixo.

A banda seguiu a risca o "projeto álbum", e tocou o disco faixa a faixa, exatamente na ordem. Na sequência, Sergio Britto exigiu e o público se esgoelou no refrão de "AA UU". Branco entregou o baixo a Sergio para voltar ao microfone para cantar "Igreja", que originalmente tem a voz de Nando Reis. Por falar no ex integrante, muito dos fãs ainda estão na bronca com ele, prova disso eram os gritos de "Nando Reis vai se foder!" que pipocavam da platéia a cada execução de canções que tinham o vocal de Nando. O ex baixista faz uma certa falta, pois Branco é até esforçado, mas falta a ele um certo balanço para tocar o instrumento; sem contar suas limitações técnicas, usando apenas dois dedos da mão direita para tocar as notas.
Quando Branco canta quem vai pro baixo é Sergio, que é ainda mais limitado, usando um dedo só pra tocar. Mas o que falta em técnica e virtuosismo sobra em atitude e vibração, o que torna tudo mais sujo, cru e pesado, aproximando a sonoridade ao Punk Rock, justamente a maior inspiração para o celebrado "Cabeça". Exemplos clássicos são: "Polícia", e a "Face do Destruidor" ( hardcore com velocidade supersônica que foi executada pela última vez em 1993 na turnê "Titanomaquia").
 
Paulo Miklos sem comprometer seu trabalho vocal,  faz bonito na guitarra, cumprindo muito bem o papel do falecido Marcelo Fromer, compondo fraseados e riffs com Tony Bellotto que continua comandando a guitarrada. Lamentavelmente as guitarras estavam com o volume baixo, praticamente em toda a primeira parte do show. Melhorou um pouco com a adição de mais uma, a do convidado especial Liminha, produtor de "Cabeça Dinossauro" e de mais 4 álbuns dos Titãs, que subiu ao palco em "Família", "Homem Primata", e "Dívidas". Esta última não fazia parte dos repertórios de shows desde 1986; Branco tentou desafiar a platéia cantando à capela, pra saber se alguém lembraria a letra, e para a sua satisfação, teve como resposta o forte coro dos fãs.

"O Que?" fechou a primeira parte, trazendo sua bateria eletrônica funkeada, e Paulo Miklos nos vocais. Depois de um intervalo o Rock and Roll rolou direto, com um apanhado geral da trajetória do grupo, apesar de terem ignorado álbuns como "Tudo ao Mesmo Tempo Agora" e "Domingo" na montagem do setlist.

Mas não dá pra reclamar do resultado. É nítido e notório o tesão que esses caras ainda têm em tocar juntos. É ainda mais fascinante ver a presença de palco, a entrega e o domínio que os três vocalistas  exercem para comandarem a massa. Todos cinquentões, parecem adolescentes dominados pelos hormônios que fervilham pela força desenfreada do Rock and Roll.

Esse efeito rejuvenescedor também faz efeito nos espectadores. Eu mesmo parecia um moleque de no máximo 15 anos, pulando como louco e gritando como se estivesse sob efeito de um anabolizante ou entorpecente. E realmente estava. A força daquela música tinha o efeito tão avassalador que todo o cansaço, aborrecimentos e stress da semana caiam no total esquecimento, pelo menos naquelas horas. Voltava a ser aquele menino que pirava ouvindo aqueles LPs que quase furaram de tanto tocar.

Também apontaram para o futuro, com a inédita "Fala Renata", trazendo muito peso misturado com passagens de baião. Sergio Britto: "Essa é inédita. Ainda não sabemos se vamos gravá-la". Se não fizerem o registro oficial será uma pena, porque a galerinha ligada em "restarts e cines da vida" teria muito o que aprender com esse som.

Antes que algum engraçadinho tivesse tempo de gritar "Toca Raul!", a banda mandou "Aluga-se", com Britto e Miklos dividindo os vocais. Um dos pontos altos da noite veio na sequência, com "Diversão" tendo o riff de guitarra cantado pelo público, antes durante e depois que da canção.

Liminha voltou para uma canja nas duas útimas: "Lugar Nenhum" e "Flores", dois dos maiores clássicos do Rock tupiniquim. Para tristeza geral, o bis trouxe apenas "Sonífera Ilha", o primeiro sucesso radiofônico. Todo mundo queria muito mais, e tradicionalmente os Titãs atendem aos pedidos para voltar. Mas dessa vez foi diferente, mesmo com a gritaria de "Mais Um!" o show foi encerrado.
Como de costume saí do Circo Voador surdo, só que um tanto mais feliz e emocionado do que de costume.
Quem perdeu essa, tem a segunda chance com o show extra no dia 9 de Junho. Vai dar mole de novo?

SETLIST:
Cabeça Dinossauro
AA UU
Igreja
Polícia
Estado violência
A Face do Destruidor
Porrada
Tô Cansado
Bichos Escrotos
Família
Homem Primata
Dívidas
O Que

A Verdadeira Mary Poppins
Amor por Dinheiro
Nem Sempre Se Pode Ser Deus
Aluga-se
Diversão
Vossa Excelência
Televisão
A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana
O Pulso
Fala Renata
Será Que É Disso Que Eu Necessito?
Lugar Nenhum
Flores

Bis:
Sonífera Ilha

 

10 comentários:

  1. Não perco o próximo. Já compramos para 09/06.
    Rose Mary Motta Prado

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    1. Oi Rose,
      tenho certeza que foi tão bom quanto o primeiro.
      Bjo

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  2. Tocar este disco ao vivo, sem Arnaldo Antunes, Nando Reis, Charles Gavin...é meio estranho, só com a metade dos Titãs...sem os cabeças, sei lá, acho estranho
    Lula Zeppeliano

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    1. Sem duvida é diferente. Sinto uma certa tristeza quando vejo os Titãs com a formação atual. Mas o show não deixou de ser muito foda por causa disso, meu amigo Lula Zeppeliano

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  3. Esse show com certeza, fez com que todos que assistiram , voltasse ao passado não é? relembrar os velhos tempos é sempre muito bom,e ter o prazer de ouvir sonífera ilha, homem primata e flores, ao vivo deve ter sido emocionante.
    Alessandra Duarte

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    1. Oi Ale,
      foi bastante emocionante pra mim que sou fã dos caras desde os 10 anos de idade.
      Beijão

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  4. Voce deve ser um molequinho apaixonante!

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  5. Foi a imagem que tive, lendo seu post! <3

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