Nem precisava dizer que estávamos super cansados. Acordamos nove e pouco para não perder o café da manhã da pousada, mas voltamos a dormir logo depois. Dessa forma optamos em não assistir o segundo show do Celso Blues Boy, que seria às 14h na Lagoa do Iriry, mas conhecida como Lagoa da Coca-cola.
Por volta de uma da tarde fomos dar um passeio pela cidade. Mas antes fui conhecer o Palco da Praia da Tartaruga que ficava pertinho de nossa pousada. Ele foi montado sobre as pedras que avançam para o mar, num visual maneríssimo. O problema que o tempo estava feio e a previsão era de chuva para o feriadão inteiro.
Fomos andando até o Centro, e sem querer encontramos uma rua onde estavam montados os tradicionais Tapetes de Corpus Christi (Foto acima). Tantas andanças fez com que ficássemos novamente com fome, e fomos almoçar. Menu: Churrasco Misto. Voltamos caminhado pela orla até chegarmos de volta à Praia da Tartaruga, ande já tinha um bom público aguardando a apresentação conjunta dos guitarristas Mike Stern e Romero Lubambo.
Entramos nas pedras pela lateral esquerda, e conseguimos chegar no gargarejo. Presenciamos a passagem de som dos músicos, inclusive com a presença de Mike Stern, que fez algumas escalas, e perguntou ao público se o som estava bom. Com a resposta positiva, ele deu um sorriso, e saiu do palco com o restante da banda. Precisamente às 17 15h, voltaram para começar a apresentação.
Stern era o dono da bola. O setlist era basicamente formado por músicas que fazem parte do seu repertório. Mike tem cara e jeito de moleque, apesar de algumas rugas e dos longos cabelos já brancos. Ele é um verdadeiro monstro da guitarra, com improvisos perfeitos, belos fraseados aleternados em som limpo e com distorção, que sempre arrancava gritos da platéia. Mantinha sempre o sorriso no rosto, mesmo nas partes mais intrincadas do solo. Exibiu em vários momentos a sua já consagrada técnica da modulação dos botões de controle de volume.
Confesso que não conhecia Romero Lubambo, mas o cara é outro monstro. Com seu visual de professor de geografia, ele começou o show bem contido, como um coadjuvante, se limitando a fazer a base, ou a no máximo dobrar algumas passagens com Stern. Mas no meio da apresentação ele se soltou, e com solos cheios de técnica e feeling, provou estar no mesmo nível do parceiro, promovendo duelos guitarrísticos de tirar o fôlego. Romero também tocou violão e arrebentou, com seu dedilhado perfeito.
A maior surpresa foi quando Lubambo foi ao microfone: o cara é brasileiro. E contou que propôs um desafio a Mike e a banda, de juntos improvisarem com ele em uma de sua composições o baião "Bachião". Resultado: músicos em ebulição e platéia embasbacada.
Um showzaço de dois gênios da guitarra, num dos melhores momentos do festival.
Da Tartaruga, fomos para o Palco Principal na Costa Azul, onde os shows estavam marcados pra começar as 20h. A primeria atração da noite foi a banda Plataforma C, que começou sua apresentação de baixo de chuva. O grupo foi formado em 2005, e é composto por músicos que trabalham em uma das empresas que patrocinou o Festival. Ou seja, tocam pelo amor à música. Fazem versões instrumentais de grandes clássicos da música brasileira, desde "Trenzinho Caipira" de Villa Lobos, aos standars da Bossa Nova de Tom Jobim e da MPB de Edu Lobo, Milton Nascimento, Gilberto Gil e João Donato. O destaque fica com o excelente guitarrista Augusto Rennó; fico na dúvida se é o mesmo integrante da super banda de Rock Progressivo brasileira Sagrado Coração da Terra. Completam a formação do Plataforma C: André Bessa (sax e flauta), Fernando Nugas (teclados), José Carlos (baixo elétrico) e Wallace Campos (bateria). Infelizmente, a chuva aumentou consideravelmente durante a perfomance do grupo, o que obrigou que eu e Mell fossemos buscar abrigo na Praça da Alimentação, e foi de lá que acompanhamos quase todo show.
Basicamente, foi o mesmo que aconteceu quando Maurício Einhorn & Grupo subirma no palco. O gaitista é um dos mais importantes músicos do Brasil, e sua harmônica já acompanhou Sergio Mendes, Ron Carter, Toots Thielemans, Nina Simone e David Sanborn, Sebastião Tapajós, Arismar do Espírito Santo, Hélio Delmiro, Johnny Alf, Leny Andrade, Paulo Moura, Chico Buarque, Baden Powell, Elizeth Cardoso, Tom Jobim, João Donato e Eumir Deodato. O cara é considerado um patrimônio da cultura musical brasileira. A chuva não deu trégua, enquanto Maurício fazia maravilhas com sua gaita, sendo acompanhado por um seleto grupo de grandes músicos, como o tecladista Kiko Continentino.
Parecia que a chuva ia parar, então fomos enfiar o pé na lama pra chegar mais perto do palco, e assistirmos o show de Kenny Barron, um dos pianistas top no Jazz mundial. Barron consegue hipnotizar com sua forma elegante de tocar. Ele alia belas melodias, com ritmos fortes, muitas vezes influenciados pela música latina e brasileira. Como mostra a foto abaixo, a chuva voltou torrencial. Sem guarda-chuva, tentamos sem sucesso abrigo na Praça de Alimentação, que a essa altura estava lotada. O jeito foi correr para o carro, com dor no coração, por perdermos o restante da noite, que ainda teria o encerramento com o guitarrista Michael Hill.
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