De quinta a oitava série (não sei qual o nome que se dá hoje em dia...), estudei no Colégio Impacto em Jacarepaguá. Meu irmão também estudava lá, e na turma dele conheci uma dupla que na época era muito pouco comum, pra não dizer exótica. Eram Fernando e Hugo, dois caras que só ouviam Heavy Metal. Eu sempre gostei de som pesado: Iron Maiden, Black Sabbath, Ozzy... Mas eles eram radicais, se não fosse Metal não prestava. Nas conversas que tínhamos pelo menos consegui fazer com eles passassem a respeitar os Beatles.
Quando saí do colégio, acabei perdendo o contato, e anos depois lembrei muito deles quando assisti pela primeira vez a Beavis & Butt-Head, que parecia inspirado em suas figuras.
Graças a dupla orkut/facebook, voltei a ter contato com Fernando e Hugo, que passada a adolescência, deixaram o radicalismo e hoje em dia curtem outros estilos, sem abandonar o sagrado Metal.
Foi pelo facebook que descobri que Hugo havia ido ao show do Cavalera Conspiracy no Circo Voador, que eu acabei não indo pelos motivos explicados na resenha da apresentação da Joss Stone que aconteceu no mesmo dia.
Tive a idéia de convidá-lo para escrever a resenha do show, já que ele é um especialista no assunto, e também escreve muito bem, até porque foi aluno do Arenildo...
Então aí está, o mais novo colabrador do Blog, que se junta ao seleto grupo formado por Mellissa Martins, Paulo Ricardo Batista, Daniel Leal e Maysa C.V.
Então vamos a resenha:
CAVALERA CONSPIRACY no Circo Voador (15/11/2012) - Por Hugo Freitas
Feriado. Dia da Proclamação da República (15 de novembro de 2012). Mais uma vez, o Circo Voador me espera. Já são 22 anos seguidos fazendo a mesma coisa, seguindo o mesmo caminho, fazendo o mesmo movimento, direcionando o corpo que capta a vibração do rock’n’roll. Sou movido pela música e a procissão não é casual.
O Circo Voador faz parte da minha vida e sempre que tem um show maneiro me lembro disso...
Mas nesse dia o meu encontro com o Circo e com a Música tinha um objetivo especial. Não era a data que era comemorativa, mas sim a apresentação da banda metaleira que pisaria naquele palco. No meu imaginário, isso seria impossível de acontecer, mas após a notícia de que teria o concerto do Cavalera Conspiracy (logo) no Circo Voador, me surpreendi. Já pensei comigo mesmo: “Lá vem o flashback”!
Pois é... Foi em 1990 que pisei pela primeira vez naquela lona sonora. Detalhe: o primeiro show que assisti lá foi justamente o show do Sepultura (com a formação original), lançamento do álbum “Beneath the Remains”! Vendo os irmãos Cavalera de volta ao palco do Circo Voador, botando pra quebrar como nos antigos tempos, misturando os clássicos do Sepultura com as músicas novas da banda atual... Não tem preço!
Era o famoso “eterno retorno do mesmo”. No começo do ano eu já tinha tido a experiência de reencontrar o Max Cavalera naquele palco: sua banda de groove metal, o Soulfly, já tinha tocado ali e o show foi duka... As coincidências não pararam por aí: em outubro (mês passado) o Ratos de Porão – banda que tinha tocado com o Sepultura naquele mítico show de 1990 no Circo – fez um show histórico lá mesmo, comemorando 30 anos de carreira. Mas os deuses do metal não deixariam parar a onda do meu flashback...
Nunca acreditei cegamente no retorno do “Sepultura original” após o afastamento dos irmãos Cavalera. Mas a banda de reunião dos irmãos, o Cavalera Conspiracy, era uma realidade que só faltava o “confere”. Pra mim, ficou ainda mais claro que as duas bandas estão em caminhos cada vez mais distintos, porém excelentes, como bandas de metal pesado. Não fico numa de fazer comparações, mas gosto da ideia de existirem dois “Sepulturas”. Continuo me amarrando no Sepultura atual e torcendo muito pelo retorno dos irmãos no Cavalera Conspiracy.
O show teve a abertura de uma banda nacional fantástica, de metal extremo: o Krisiun. Curti demais a apresentação dos gaúchos, que pra mim já valeria a pena se a banda principal não fosse o Cavalera Conspiracy! Mas quando entraram no palco do Circo Voador os irmãos Max (voz e guitarra) e Iggor (bateria) Cavalera, juntos do norte-americano Marc Rizzo (guitarra) e do mexicano Tony Campos (baixo), a onda do flashback bateu.
Me preparei todo pra esse show: consegui entrar de graça com nome na porta do Circo, comprei 2 latas de cerveja e 2 doses de whisky, reencontrei muitos amigos e, poucos minutos antes da apresentação do Cavalera, me ajeitei na arquibancada num lugar reservado onde fica o pessoal da mesa de som – trouxe comigo a Canon SX40 pra registrar TODOS os detalhes possíveis do concerto. Foram 16 petardos, sendo 8 composições recentes (dos álbuns “Inflikted” e “Blunt Force Trauma”) e 8 composições do antigo Sepultura (os “covers”). Tentei me conter, pois eu estava fazendo a gravação do show; mas na quarta música (“Refuse/Resist”), eu já tava chorando de emoção. Acontece...
A casa tava cheia e o público estava tão feliz quanto eu. A banda interagiu muito bem com a galera e o que não faltou foram as “rodinhas”. A porrada comeu solta no palco e no público. O repertório não foi muito diferente do que o Cavalera Conspiracy já estava fazendo em turnê, passando da América do Norte à América do Sul.
Posso ter sonhado ou ter vivido esse concerto, mas de qualquer maneira aquilo tudo tornou-se realidade! Tive a felicidade de fazer um registro completo, sendo muito mais valoroso pra mim. Obrigado, Max e Iggor, pelo metal desproporcional e único que vocês fazem e sempre fizeram!
Setlist:
1) Warlord
2) Torture
3) Inflikted
4) Refuse/Resist
5) Sanctuary
6) Terrorize
7) Territory
8) Killing Inside
9) Blunt Force Trauma
10) Black Ark
11) Arise/Dead Embryonic Cells
12) Troops of Doom
13) I Speak Hate
14) Attitude
Bis:
15) Inner Self
16) Roots Bloody Roots
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Muito boa a resenha Hugão!!! Infelizmente não pude comparecer, mas pelas suas palavras, deu pra imaginar a adrenalina desse show!!! Esse show que vc citou no Circo Voador em 1990, eu fui tb. Aliás, fomos juntos né..rs. Bons tempos do Beneath the Remains. Pra mim, até hj , o melhor trabalho do Sepultura. Outro show que me marcou , foi a apresentação deles no Rock in Rio II em 91. Foi completamente insano!!! Parabéns pela resenha amigão!!!
ResponderExcluirAbração!
Nando Sierpe
E aí Nando, beleza?
ExcluirFaltava você aqui pra completar a dupla!
Também gostei muito da resenha do Hugo, bastante emocional.
Abração
Grande Fernando! Grande Zé Carlos! Um grande abraço pra vocês!
ExcluirValeu, Hugo!
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