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domingo, 27 de novembro de 2011

TIM MAIA, VALE TUDO - O MUSICAL - IMPERDÍVEL!!!

O livro homônimo, de autoria de Nelson Motta, já provava que Tim Maia era um personagem e tanto: engraçado, simpático, bonachão, doidão, possuidor de um talento gigantesco, e ao mesmo tempo com uma história de vida marcada pela solidão, e problemas com uso industrial de álcool e drogas que debilitaram muito sua saúde.
Para representar seu papel no musical seria preciso um ator que conseguice mostrar todos esses paradoxos, e fundamentalmente tivesse gogó para interpretar com perfeição as músicas que já fazem parte do inconsciente de todo brasileiro.
E o jovem Tiago Abravanel, em "Tim Maia, Vale Tudo - O Musical", realiza tudo isso, e muito mais, em sua estréia como protagonista. Ele torna a peça um espetáculo imperdível, esbanjando talento em seu estado mais puro, brindando a platéia, que sauda com euforia cada canção, em que Tiago nos faz pensar que Tim está vivo.
Dirigido por João Fonseca, o musical cobre toda a trajetória do cantor desde a infância na Tijuca, até sua morte, e conta como Tim Maia se transformou e um dos maiores ídolos da música brasileira. O texto do próprio Nelson Motta, que extraído da biografia que foi um grande bestsellers nas livrarias, vai se alternando entre narração, interpretação, ou na forma de música mesmo; hora divertindo e fazendo graça, hora emocionando mergulhando nos dramas pessoais de Tim.
O ponto de partida é o show no Teatro Municipal de Niterói, onde Tim Maia passa mal logo nos primeiros versos de "Não Quero Dinheiro", e vê sua vida toda passar na sua frente, no momento de sua morte. Assim, de forma cronológica, acompanhamos sua vida e sua maravilhosa obra.
Abravanel sempre está no centro da cena, mas apoiado por excelentes atores-cantores que emprestam suas vozes para iluminarem as cenas. Os personagens por vezes estão exageradamente caricatos, especialmente Roberto Carlos e Nelsinho Motta, mas talvez esse tom seja proposital, com a intenção de puxar as gargalhadas da platéia.
O elenco tem a presença de cantores experientes como o barítono Pedro Lima, que já atuou em inúmeros musicais e já fez parte do grupo vocal Garganta Profunda. Conta também com a atriz Izabella Bicalho que me surpreendeu a se mostrar uma excelente cantora, afinal pra mim, seu papel mais marcante foi a de Narizinho no "Sítio do Pica-Pau Amarelo". O destaque porém é Lilian Valeska, uma verdadeira diva soul.
Os figurinos e os cenários são simples, assim como as coreografias que apenas cumprem o papel de elucidar a época e o local onde se passa cada ação; e não tem como negar que cumprem os objetivos com louvor.
Como esperado, o repertório é fenomenal: "Você", "Eu Amo VocÊ, Menina", "Azul da Cor do Mar", "Me Dê Motivo", "Um Dia de Domingo", "Vale Tudo", "Descobridor dos Sete Mares", "Primavera", "Sossego", "Bom Senso", "Imunização Racional", "These Are The Songs", "Do Leme ao Pontal", entre outras, estão na ponta da língua do Brasil.
Músicos de alto gabarito executam as canções ao vivo, fazendo jus a banda Vitória Régia, e são também um dos pontos altos do espetáculo.
Com tudo isso, fica o privilégio de ver Tiago Abravanel dando banho de interpretação. Engraçado, que no começo da peça, com Tim ainda novo, cheguei a pensar: "Ah, o pessoal exagera, a voz dele nem parece muito com ado Tim Maia...". Só que minha ignorância não me deixou enxergar que ali ainda tínhamos um cantor em formação. A cada música, Tiago ia colocando sua voz cada vez mais parecida com a de Tim, até a fase da carreira de quando grava seus primeiro compacto, e chega a assustar a perfeição em que Abravanel canta exatamente igual as gravações originais. Conforme o personagem vai envelhecendo, o ator vai passando por todas as modificações que aconteceram na voz de Tim Maia. Da mesma forma em que seu olhar, sua postura e gestual mudam representando as mudanças físicas que o artista sofreu com o passar dos anos.
Inesquecível, e altamente recomendável, sobretudo pela presença do neto do "Dono do Baú".

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