“Raul – O Início, o Fim e o Meio” estreiou nos cinemas no dia 23 de Março, mas só consegui assisti-lo ontem. Se eu fosse você, corria pra não perder. Vale muito a pena.
O documentário é excelente, e cobre toda a vida do maior ícone do rock brasileiro, desde sua infância e adolescência na Bahia, onde descobre e se apaixona pelo Rock and Roll, e funda com o amigo Waldir Serrão , o “Elvis Rock Club”; até sua morte.
Walter Carvalho, que também dirigiu o longa “Cazuza - O Tempo Não Para", faz um competente trabalho, indo fundo em todos os episódios relevantes da trajetória de Raul. Ele desvenda suas facetas, seus casamentos, seus casos e causos, através de imagens raras e históricas, e depoimentos de personagens de suma importância, como a a entrevista antológica e memorável de Paulo Coelho, parceiro de Raul em grandes clássicos como “Gita”, “Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás”, e “Al Capone”. Paulo foi quem apresentou Raul às drogas e ao exoterismo, e ao mesmo tempo aprendeu com ele a fazer letra de música.
O depoimento de Paulo Coelho tem grande importância e destaque no longa, tanto por declarações inéditas, quanto pela posição radicalmente diferente que o autor de "O Alquimista" hoje em dia ocupa. Se antes ele era o artista underground que vivia intensamente a tríade "Sexo, Drogas & Rock and Roll", e mergulhava de cabeça no estudo e nas crenças do ocultismo, do satanismo, e da “filosofia de vida” do bruxo inglês Aleister Crowley; hoje em dia, escritor consagrado internacionalmente, na sua confortável mansão na Suiça, acha graça quando fica sabendo que os líderes da seita formada pela união da Grã Ordem Kavernista com a Sociedade Secreta da Besta do Apocalipse, ainda consideram Paulo como membro, já que este não solicitou o seu desligamento por escrito. É hilário e curioso, que enquanto ele fala de Raul Seixas, há uma participação de uma mosca que aparece rondando e perturbando, como na letra de outro famoso sucesso da dupla.A carreira do Maluco Beleza é msotrada em ordem cronológica: o seu primeiro grupo (Raulzito e seus Panteras); o lançamento do LP “Sessão das Dez” (em parceria com Sergio Sampaio, Edy Star e Miriam Batucada); seu primeiro sucesso "Let me Sing, Let me Sing" ( que estourou no Festival Internacional da Canção em 1972, misturando duas de saus influências: o Rock básico e o baião de Luiz Gonzaga); o clássico “Sociedade Alternativa” (que valeu a Raul e a Paulo Coelho um curto exílio nos Estados Unidos, já que a Ditadura Militar enxergou na canção uma perigosa mensagem política); o estrondoso sucesso o álbum "Gita" ( que vendeu 600 mil cópias, e trouxe a dupla de volta ao Brasil); o ostracismo e as dificuldades no início dos Anos 80; e a volta à carreira musical ao lado de Marcelo Nova (foto abaixo).
Sua vida pessoal também é ismiuçada, graças a insistência de Walter Carvalho que conseguiu relatos de duas ex-esposas, três ex-companheiras, três filhas e um neto, alguns deles morando nos Estados Unidos — apenas Edith, a primeira mulher, se recusou a dar entrevista, mas ela participa por meio de uma carta, lida pela filha dos dois, Simone, via Skype.
Há outros trunfos, como a presença do amigo Cláudio Roberto, coautor de "Maluco Beleza", "Aluga-se", “Rock das Aranhas” e “Cowboy Fora da Lei”, e de admiradores como Caetano Veloso, Tom Zé, Pedro Bial e Nelson Motta. Imagens raríssimas também enriquecem o documentário, como as cenas do filme satanista “Contatos Imediatos do Quarto Graal”; além de inúmeros shows, como em 1975, onde Raul lê o texto da Sociedade Alternativa, e a participação de Seixas e Marcelo Nova no "Domingão do Faustão".
O filme também comove por mostrar também as tristezas: alcoolismo, drogas, conflitos, a fase das dificuldades financeiras por estar longe da mídia, e os problemas de saúde. Sem necessidade, chega a apelar, fazendo sua secretária voltar ao apartamento onde ele foi encontrado morto, com o descarado objetivo de tirar lágrimas do espectador.
"Raul - o Início, o Fim e o Meio" é um verdadeiro documento que ratifica que Seixas era um verdadeiro gênio, um artista muito a frente de sua época, e ao mesmo tempo extremamente popular. Tanto que mais de 20 anos após sua morte, ele continua sendo cultuado por milhões de fãs apaixonados, que como o rapaz da foto acima, chegou a batizar o filho com o nome do ídolo.
A película é fundamental para as novas gerações, que repetem em festas e shows o bordão "Toca Raul!", mas não conhecem a importância real do mito Raul Seixas para a música popular brasileira.
O documentário diverte, ensina, relembra, emociona, mas também faz pensar, pois a todo momento mostra os vários angulos de cada acontecimento, sem tomar partido ou dar veredito. Cabe ao espectador tirar suas conclusões. Tal atitude do diretor mostra total sintonia com a forma que Raul encarava as coisas, contra as "Verdades Absolutas", e a favor das "Verdades Individuais", como na letra de "As Aventuras De Raul Seixas na Cidade de Thor":
"Eu já passei por todas as religiões
Filosofias, políticas e lutas
Aos 11 anos de idade eu já desconfiava
Da verdade absoluta"
Não deixe de ver, aproveite que ainda está em circuito. Plageando o "O Globo": o filme é ótimo, com o bonequinho aplaudindo de pé, com certeza!
Antes de ir ao cinema, confira o trailer:
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Olá,
ResponderExcluirAinda não tive a oportunideade de ver esse documentário sobre Raul, mas aguardo ancioso.
Dei uma boa fuçada em seu blog, achei muito bom.
Tenho um bolg chamado VELHIDADE, onde coloco reportagens de revistas antigas, por enquanto estou nos anos 70. Dê uma olhada, acredito que você vai gostar.
velhidade.blogspot.com
Abraços.
Oi Eduardo, já conhecia seu Blog, que é muito bom por sinal. Obrigado pela visita no "Rocknroll4ever". Espero ver mais comentários seus por aqui.
ResponderExcluirUm grande abraço
Nossa , não sabia que foi Paulo Coelho que apresentou Raul ás drogas. Quem diria né? fiquei curiosa para assistir esse documentário , parece ser muito bem elaborado, e deve passar uma sensacão de realidade para o público.Bom já que vc recomenda irei assistir.
ResponderExcluirAlessandra Duarte
Oi Ale,
ResponderExcluirvai ver sim; é diversão garantida.
Bjo