Paul McCartney é o músico de maior fortuna do Reino Unido. Prêmios também não o faltam, tanto em sua carreira solo ou na sua antiga banda; uma tal de Beatles, já ouviu falar? Chegando a casa dos 70, imaginava-se que ele iria se isolar em uma de suas enormes propriedades, curtir a família e descansar.
Ao invés disso, o cara imenda uma turnê na outra, realizando apresentações de quase 3 horas de duração, onde canta, toca 6 instrumentos diferentes, e comanda milhares de pessoas em diferentes países.
Você pode se perguntar: "Por que tudo isso? Será ganância por mais grana?". Na verdade não é isso. Paul é um apaixonado pela música, e seu maior prazer é tocar, cantar, compor, gravar, ou seja, ser um músico. E McCartney é um dos maiores da história.
Sua discografia também não pára de crescer, e é justamente sobre seu décimo quinto disco de estúdio (fora dos Beatles) que venho escrever.
"Kisses On The Bottom", o título de duplo sentido, que tanto pode significar safados "beijinhos na bundinha", quanto românticos "beijos no final da carta", foi tirado da faixa de abertura “I´m Gonna Sit Right Down and Write Myself a Letter", clássico do repertório de Ella Fitzgerald .
É um álbum requintado, porém despretensioso; uma compilação de standars do jazz americano como "We Three (My Echo, My Shadow And Me)", que inspiraram sua formação musical, e tem para Paul o gosto da nostalgia de belíssimas canções de uma época em que ele nem sonhava em ser um beatle.
Pegou suas recordações da infância e do piano que tocava com o pai, e que juntamente com o Rock seminal de Chuck Berry, Little Richard e Elvis Presley formaram os pilares para que ele e os Beatles criassem suas maravilhosas obras.
Macca mergulhou fundo numa viagem no tempo, e resgatou pérolas que ficaram imortalizadas nas grandes vozes de Nat King Cole, Frank Sinatra, Tony Bennett, entre outros. Dessa forma, o disco é diferente de tudo o que Paul já fez em sua carreira. Talvez por não dominar completamente o estilo, ele optou pela primeira vez em seus álbuns, em somente cantar. Estamos acostumados a justamente o contrário, com discos inteiros onde ele grava sozinho todos os instrumentos.
No início da audição do CD tive até dificuldade de reconhecer a sua voz, mas conforme vão passando as faixas seu timbre vai soando mais familiar. Cercado de feras como Diana Krall no piano, John Pizarelli na guitarra e Vinnie Colaiuta na bateria, Paul vira um crooner comandando sua big band, em doces canções de amor. Apesar de toda pompa, tudo é muito suave, leve e despojado, como o assobio de McCartney na faixa "It’s Only A Paper Moon".
Parece que cada música foi escolhida com muito cuidado e carinho, exatamente para formar um álbum para ser apreciado com calma, como se fosse uma iguaria ou vinho de boa safra que dever ser degustado, e não somente deglutido. Um disco para relaxar, e por que não, namorar.
Em meio as regravações, McCartney vem com duas inspiradas composições inéditas. “My Valentine”, escrita para Nancy Shevell (sua atual esposa), traz um simples, porém magnífico solo de violão de Eric Clapton. “Only Our Hearts” que encerra o álbum, vem com a participação de Stevie Wonder com sua harmônica mágica; com um detalhe de ser a primeira parceria em estúdio dessa dupla de gênios desde "Ebony & Ivory".
Ambas carregam o selo de qualidade presentes em todas as baladas de amor compostas por Sir Paul McCartney ao longo de seus mais de cinquenta anos de carreira. Todas têm em comum a beleza harmônica e melódica, letras que fogem da banalidade, que conseguem ser extremamente doces e românticass, sem nunca soarem piegas ou bregas.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário