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terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Obras Primas: ABBEY ROAD – THE BEATLES (1969)



ABBEY ROAD – THE BEATLES (1969)

Nessa coluna, pretendo comentar um disco que tenha relevância na história do rock. Resolvi começar com a melhor banda de todas. Sim, são eles: The Beatles.
É bastante complicado escolher qual o disco favorito dos Beatles. Muitos falam que é o “Revolver” pela criatividade e originalidade; outros escolhem “Rubber Soul” por ter colocado a música pop no status de arte; há aqueles que preferem o “White Album” pela variedade de estilos; alguns votam em “A Hard Day’s Night” por ser o primeiro a ter somente músicas de Lennon/McCartney; e talvez a maioria aclame “Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band” pelo impacto e pela revolução sonora.
Eu fico com Abbey Road, gravado e lançado no ano de 1969. Por quê? Porque Os Beatles nunca tocaram e cantaram tão bem, e não se mostraram tão maduros como em “Abbey Road”. É o suspiro final do que foi a melhor banda de rock de todos os tempos.
O álbum foi diretamente ao primeiro lugar das paradas uma semana depois do lançamento, permanecendo lá por 18 semanas. O título do disco foi tirado dos estúdios onde os Beatles gravavam desde 1962. A foto da capa – idéia de Paul – foi tirada em 08 de Agosto de 1969, em frente aos estúdios. A faixa de pedestres hoje é mundialmente famosa, tornando-se ponto para fotos de beatlemaníacos de todo mundo.
Logo após as desastrosas gravações do que seria o disco “Let it Be”, e quando o próprio grupo achava que não se reuniria mais, George Martin – produtor do grupo – surpreendeu-se ao receber o telefonema de Paul McCartney para produzir mais um disco.
O álbum comporta distintamente dois lados. No primeiro lado encontramos uma variedade de canções potentes, que englobam virtuosismo rock’n’roll, belíssimas melodias, psicodelismo e canções simples. O lado B é um extenso contínuo de canções magistralmente ligadas, transmitindo uma longa história.
Um disco, pra ser bom, tem que começar com uma música de impacto, e ‘Come Together’ – umas das obras-primas de John – cumpre com perfeição esse papel. O baixo de Paul e a bateria de Ringo são pura inspiração e criatividade; com direito ainda a solo de slide guitar de George.
E por falar em George, ele é autor da segunda faixa – ‘Something’. Essa linda canção ganhou o seguinte comentário de Frank Sinatra, responsável também por umas das milhares regravações da música: “É a música de amor mais bonita que já ouvi, sem dúvidas é a melhor canção de Lennon/McCartney”. O arranjo é perfeito, e conta ainda com um belíssimo solo de guitarra.
‘Maxwell's Silver Hammer’, uma música da época das gravações de “Let it Be”, é uma típica melodia engraçada e bem disposta de McCartney.
Na súplica de “Oh Darling” temos o que considero a melhor performance vocal já realizada por Paul.
Na continuidade, ‘Octopu’s Garden’ é a segunda música de autoria de Ringo gravada pela banda, com destaque para o solinho estilo country da introdução.
Fechando o lado A, ‘I Want You (She’s So Heavy)’, talvez uma das músicas de maior complexidade já gravadas pelo grupo. Com várias mudanças de andamentos, ela representa faixa mais psicodélica do disco.
Abrindo o lado B, “Here Comes The Sun”. outra das mais inspiradas de George, composta no jardim do quintal de Eric Clapton, com a clássica introdução de violão.
Na seqüência, John Lennon mostra sua genialidade: Yoko tocava ‘Moonlight Sonata’, de Beethoven, no piano, e John pediu para tocá-la ao contrário. Daí surgiu a melodia de 'Because', um dos melhores arranjos vocais já feitos pelo Beatles.
Depois começa o medley propriamente dito, pequenas músicas e vinhetas interligadas até o fim do disco, numa idéia de Paul e George Martin. Introduzido por ‘You Never Give Me Your Money’, onde a capacidade melódica dos Beatles floresce por entre coros, orquestra e as vozes contrastantes de John e Paul. Há em ‘Sun King’, recordando-nos um passado recente do grupo e adormecendo-nos a mente para logo nos remeter à realidade com um súbito ‘Mean Mr.Mustard’, um crescente instrumental em ‘Polythene Pam’ que culmina em ‘She Came in Through The Bathroom Window’, onde mais uma vez o virtuosismo em arrebatar os nossos sentimentos e a potência expressiva dos quatro vêm aliados a uma extraordinária capacidade melódica. Há ainda a curiosidade de que a letra dessa última é uma história real de uma certa fã que entrou na casa de Paul pela janela do banheiro, e que viria a se tornar sua esposa, Linda McCartney.
‘Golden Slumbers’ é um verdadeiro hino: cordas, piano e baixo introduzem um tom reflectivo da voz melódica de Paul; bateria e sopros revestem a interpretação de um tom exortativo, passando por ‘Carry That Weight’, que culmina em ‘The End’, a despedida da banda. Coincidência ou não, cada um dos Beatles dá seu adeus. Ringo faz seu primeiro solo de bateria, e logo depois entram as guitarras de Paul, George e John – nesta seqüência – e cada um intercala seu solo. Após o break, o grand finale: ‘And in the end, the love you take is equal to the love you make’ (E é no fim que o amor que você ganha é equivalente ao amor que você faz). Versos que resumem toda a carreira do grupo.
Precisa dizer mais alguma coisa?
Ah, sim... O disco ainda não acabou... ‘Her Majesty’: esta pequena música que começa depois de 20 segundos de silêncio deveria estar no medley, entre 'Mean Mr. Mustard' e 'Polythen Pam', mas o resultado não ficou bom e o engenheiro de som, Malcom Davies, a incluiu na cópia de acetato do disco. Paul McCartney gostou e a música acabou saindo assim também no disco original. Uma homenagem de Paul à Rainha, num número acústico em que canta e toca violão.
“Abbey Road” é uma obra-prima, um primor, fechando com chave de ouro a carreira da mais influente banda da história da música.
Por essas e outras milhares de razões, esse é um disco obrigatório em qualquer discoteca que se preze. Independente se você é ou não fã de Beatles. Mas, espera aí!!! Se você não é fã de Beatles, não deve estar pleno das suas faculdades mentais... Ou então deve estar louco pra escutar o novo CD do Jeito Moleque, ou dançando o “Créu” nesse momento...


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