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sexta-feira, 30 de março de 2012

29 de Março de 2012 - ROGER WATERS, THE WALL - Engenhão (RJ)

A atual turnê de Roger Waters é cheia de particularidades. O roteiro da apresentação é sempre rigorosamente mantido; sem alterações ou surpresas. Mas usando o que a tecnolgia tem de mais moderno, o ex-líder do Pink Floyd sempre acaba impressinando quem assiste a um dos concertos onde o álbum dulpo “The Wall” é executado na íntegra. É uma experiência acachapante, ser testemunha dos efeitos visuais criados para dar vida as 26 canções quase que inteiramente compostas por Waters, e executadas pela banda no longíquo ano de 1979. O disco é conceitual, fala sobre abandono e isolamento, onde Waters se inspirou em sua própria vida para compor as canções. Agora ele entende que o sentido está ampliando, como declarou em entrevista: “Com essa nova produção 30 anos depois eu quis ampliar para que qualquer pessoa que sofra uma perda e se revolte possa se identificar com a história, mas que também compreenda que foi a perda que me permitiu ter uma empatia com outras pessoas. Eu ampliei, está mais político, com uma mensagem mais universal. Antes era sobre um homem de meia idade revoltado, agora trata dos muros que dividem as pessoas de maneira geral”.
O próprio Pink Floyd excursionou pouco com a turnê de "The Wall", talvez pela dificuldades e limitações técnicas da época. Assim, acabaram fazendo raros shows em poucas cidades. Dessa forma, a passagem pelo Brasil é histórica, e um fato a ser celebrado. Pena que nem todos no Rio de Janeiro perceberam isso, já que o Engenhão não ficou lotado.
A turnê sulamericana teve o diferencial de que pela primeira vez os shows serão realizados em estádios ao ar livre. O aparato técnico conta com fogos de artifício, telão circular, bonecos infláveis gigantes, explosões, e um imenso muro de tijolos brancos (uma parede de 137 metros de largura e 11 de altura) que, erguido durante o espetáculo, recebe projeções e efeitos hipnotizantes, além da reprodução de trechos do filme de 1982 baseado no disco e dirigido por Alan Parker, e imagens dos músicos em ação. Os efeitos visuais foram criados pelo próprio Waters, e são executados com perfeição pela mesma equipe responsável pela turnê "360°" do U2.
Outro o destaque é som quadrafônico com efeitos sonoros reproduzidos em um sistema de som disposto como uma espécie de home theater gigante. Fiquei um pouco desapontada com a potência do som. Em relação a regulagem e equalização estava perfeito, mas achei o som baixo. Esperava sentir a mesma pressão sonora do show do U2 do ano passado, ou dos shows de encerramento do Palco Mundo do Rock In Rio. O show começa com um avião desgovernado "explodindo" ao se chocar contra o muro, simbolizando a morte do pai de Roger, o segundo tenente Eric Fletcher Waters. Fogos de artifício explodem, acompanhando pelas guitarras pesadas da introdução de "In The Flash?". Ao fundo no telão aparece o símbolo dos martelos cruzados. Erguidos por elevadores surgem homens segurando bandeiras.
A banda é formada por 12 músicos, entre eles, o vocalista Robbie Wyckoff, que canta as partes que originalmente são de David Gilmour. Os guitarristas Dave Kilminster, G.E. Smith e Snowy White (que tocou com Pink Floyd nas turnês de 1977 e 1980) se revezam nos lindos e rascantes solos de Gilmour, alternando em reproduzi-los com fidelidade, ou com belos e inspirados improvisos.O primeiro boneco gigante vem representando o professor opressor, que surge em "The Happiest Day Of Our Lives", um espécie de Intro para o maior hit do álbum: "Another Brick in the Wall Part 2", que leva o público ao delírio, e conta com a participação do coral das crianças da Escola de Música da Rocinha, vestidas com camisetas com a mensagem “o medo ergue muros”, em inglês. O coro me pareceu ser um "playback brabo".Antes de "Mother", Roger faz a homenagem a Jean Charles de Menezes, da mesma forma como vem fazendo desde que iniciou a parte sul-americana da turnê: "Gostaria de dedicar este concerto a Jean Charles, sua família e sua luta por verdade e justiça; e também a todas as famílias das vítimas do terrorismo de estado em todo mundo. 'The wall' não é sobre mim, mas sobre Jean e todos nós", disse em português.
A seguir, anuncia que vai cantar com ele mesmo projetado no telão da turnê de 1980, show na arena Earl’s Court.
Outro boneco gigante surge, representando a mãe opressora e castradora. Durante o verso "Mother, should I trust the government?" ("Mãe, eu devo confiar no governo"?), um enorme "nem fudendo" é projetado, causando mais um grande delírio na platéia.
Em "Goodbye Blue Sky", uma grande sacada: aparecem aviões B-52 que soltam bombas em formato de símbolos: cruzes (católicas), muçulmanos (o crescente com a estrela), judaicos (estrela da Davi), comunistas (martelo e foice), capitalistas (cifrão), triângulo da Mercedes Benz e a concha da Shell, o "M" do McDonalds.
Sou o único que acha o refrão dessa música muito parecido com "Ruby Tuesday" do Rolling Stones?Em "Empty Faces" são usadas as célbres cenas do famoso filme de Alan Parker, onde duas flores copulam como se fossem dois órgãos sexuais, e geram um monstro que espalha terror sobre a terra. Enquanto isso o muro vai crescendo cada vez mais.Em "Yong Lust" são projetadas deliciosas imagens de mulheres nuas que dançam de forma sensual, que representam as famosas groupies que fazem de tudo pra chegarem perto dos seus ídolos.Em "Another Brick in the Wall Part 3", o muro está quase todo formado; há apenas três brechas mostrando Roger e alguns músicos.
Já em "Goodbye Cruel World", Waters está sozinho na única brecha do muro, ele canta a despedida no falso suicídio do personagem. Quando a música acaba, colocam o derradeiro tijolo.
Com o disco 1 terminado, começa um intervalo de cerca de 30 minutos. Em seu site, Roger Waters pediu que enviassem fotos de entes queridos que tivessem sido vítimas da violência. Ele recebeu milhares de fotografias, projetadas no muro.
Durante a pausa do show, as vítimas apareciam como mais um tijolo no muro. Identifiquei Gandhi, Chico Mendes, Emiliano Zapata, além do já citado Jean Charles.
Quando começa a segunda parte, o muro está totalmente erguido, e se transforma em uma imensa tela de projeção. Nesse momento não se vê mais os músicos, pois eles estão atrás do paredão. Em "Hey You" ficamos com a impressão de que estamos em um cinema, e não num show de Rock. Mas essa é idéia que Waters quer passar, do muro que separa a platéia da banda. Numa entrevista de 1979, Roger Waters relatou que a idéia surgiu nas última turnês, quando o Pink Floyd tocava para platéias gigantescas onde uma parte eram velhos fãs que iam nos ver tocar, mas a maioria estava lá pela pela bagunça e pelo evento em si; o que gerava uma experiência alienante, onde ele identificava um muro entre banda e platéia.
Em "Nobody Home", surge uma brecha no muro, onde Roger canta sentado no sofá em frente a TV, num cenário de um quarto. É a representação de que a solidão e a alienação podem transformar o lar em uma prisão.
A parte mais emocionante de todo espetáculo é sem dúvida "Comfortably Numb". Waters canta a canção na frente do muro, enquanto Robbie Wyckoff surge no alto do muro para fazer o vocal de Gilmour.
Arrepios por todo corpo garantidos durante os dois eletrizantes solos de guitarra. Na hora imaginei David Gilmour no topo do muro com sua Fender Stratocaster, como aconteceu em uma das apresentações em Londres no ano passado. Que inveja!
Mas justiça seja feita, o guitarrista Dave Kilminster o substituiu de forma honrosa.
Na repetição de "In The Flash?", a banda reaparece, desta vez na frente do muro, com os músicos vestidos de preto e usando braçadeiras com o símbolo dos dois martelos. Roger chega de sobretudo e braçadeira encarnando o líder fascista. O muro é tomado por colunas com o símbolo dos martelos cruzados.
É aí que nota-se a única falha da super produção: a baixa altura do palco, que impossibilita a grande maioria do público de enxergar os integrantes da banda nesse momento.
"Run Like Hell" é o momento em que a platéia dá show em sincronizadas palmas. O célebre porco é solto no ar, com várias inscrições em português, como "Porcos fardados" e "Chega de Corrupção". O suíno também vem cheio de símbolos de poder como cifrão, o martelo e a foice
Em "The Trial" o muro vem abaixo com uma explosão, acompanhada de aplausos, gritos empolgados, e lágrimas de alguns fãs que não acreditavam que eram testemunhas daqueles momentos mágicos.
O encerramento vem com a acústica "Outside the wall", executada com ukulele, banjo, acordeão, violão e trompete. Antes Roger e banda cantaram o corinho de "Olê, Olê, Olê, Olê Ole...". Ao fim Waters apresentou cada integrante, que se despedia e deixava o palco, um a um. Em sua despedida, o gênio criativo disse:"Obrigado, Rio. Vocês foram uma plateia magnífica".
Podem chamá-lo de megalomaníaco e oportunista. Mas Roger Waters consegue fazer com que uma obra que completa 30 anos, seja atual, soando como nova em folha. Além disso ele proporciona a cada um da platéia a sensação de ter visto o show mais bonito e com os efeitos mais impressionantes que seus olhos já presenciaram.
Set 1
In the Flesh?
The Thin Ice
Another Brick in the Wall Part 1
The Happiest Days of Our Lives
Another Brick in the Wall Part 2
Mother
Goodbye Blue Sky
Empty Spaces
What Shall We Do Now?
Young Lust
One of My Turns
Don't Leave Me Now
Another Brick in the Wall Part 3
The Last Few Bricks
Goodbye Cruel World

Intervalo

Set 2
Hey You
Is There Anybody Out There?
Nobody Home
Vera
Bring the Boys Back Home
Comfortably Numb
The Show Must Go On
In the Flesh
Run Like Hell
Waitig for the Worms
Stop
The Trial
Outside the Wall

quinta-feira, 29 de março de 2012

FAÇA COMO ROD STEWART: BEBA MAIS LEITE

Rod Stewart já é um sexagenário. Mas nem por isso perdeu o saudável hábito de tomar leite. Ele alega que esse é um dos segredos da sua voz aveludada.
Sua esposa Penny Lancaster tem 41 anos recém-completados, e sempre apoiou o marido, sempre pronta a servi-lo com o leitinho sempre fresco. Uma prova é essa sequência de fotos:

Sou um entusiasta e adepto desta dieta, e recomendo. Afinal: "Leite é saúde!".
Melhor que isso, só se tiver uns biscoitinhos recheados pra acompanhar...

24 de Março de 2012 - BANDA SETE CIDADES (Cover da Legião Urbana) na Lona de Jacarepaguá (RJ)

E por falar em Legião...
Sabe aquele amigo que te convida pro programa, bota pilha, mas na hora não aparece? Pois é... Uma amiga da Mell deu a idéia, e a convidou para ir à Lona Cultural de Jacarepaguá para o show da banda Sete Cidades, cover da Legião Urbana. A Mell ficou todoa empolgada, e chamou a irmã, o cunhado, a tia e vários amigos. Confesso que eu preferia ficar em casa. Eu estava cansado (talvez já estivesse com a Dengue que me derrubou o restante da semana), e além disso imaginei que seria mais um showzinho de uma bandinha fraca.
A tal amiga da Mell não apareceu (valeu, Carol...), mas os convidados estavam todos lá nos esperando.
Ao entrar na Lona, vi no palco um rapaz grisalho afinando seu violão, e imaginei que já o conhecia. E estava certo, era Fred Nascimento, cantor, compositor e guitarrista que já tocou ao vivo e nos discos de bandas como Capital Inicial e Barão Vermelho. Ele já lançou disco com sua banda Tantra, produziu diversos artistas, teve várias de suas composições gravadas por artistas como Marina Lima, Sublimes, Deborah Blando e Luka. Além disso, ele foi por diveros anos (a partir de 1989) músico de apoio da Legião Urbana. Pode conferir seu nome nos créditos dos álbuns ao vivo "Música para Acampamentos", "As Quatro Estações Ao Vivo" e "Como é que se diz eu te amo". Foi assim que Fred conheceu Reginaldo, então roadie da Legião Urbana, que construiria uma forte amizade e intimidade com Renato Russo.
Reginaldo é atualmente empresário da banda Sete Cidades, e foi a seu convite que Fred Nascimento abriu a noite, cantando e tocando seu violão e sua gaita as canções "Fábricas" e "Sete Cidades".
Fred pegou a guitarra, chamou a banda composta por 6 integrantes, onde o vocalista estava com a roupa idêntica a que Renato Russo usou em seu último show no Rio de Janeiro no Metropolitam (atual Citibank Hall). O mesmo penteado, barba e óculos completavam o visual. Só não tomei um susto por achar que Renato Russo havia ressuscitado, porque o cantor é mais magro e mais alto que o líder da Legião.
O som estava bom. O único problema era o volume do microfone do vocalista que estava baixo, mas deu pra perceber grande semelhança de sua voz com as gravações originais. Os músicos eram todos muito bons, com destaque para o baterista, que como a Mell comentou: "toca muito mais que o Bonfá...". Os caras estavam muito bem ensaiados, e se portavam com muita discrição, provavelmente com a intenção de manter o destaque para o cantor, que executava todos os trejeitos e cacoetes do Renato. Inclusive reproduzia as frases célebres: "Agora 'Índios'. É claro que essa eu não sei a letra".
Fred Nascimento participou do show quase inteiro, fazendo bons solos, e tocando bem, mesmo não estando entrosado com o grupo.
O repertório definitivamente não era para os "fãs-de-FM". Pra ter uma idéia, abriram com "Metal Contra as Nuvens" do álbum "V", que é pouco conhecida, cheia de partes e mudanças de andamento, conseguindo ser mais longa que "Faroeste Caboclo" (que encerrou a apresentação).
Os não iniciados, que eram minoria, boiaram em canções lado B, como "Sereníssima", "Vinte E Nove", que foram cantadas a pleno pulmões pelo público. É claro que não faltaram os superhits: "Que País É Este?", "Tempo Perdido", "Andrea Doria", "Há Tempos", "Perfeição", "Que País é Este" (com direito a "Ask" do The Smiths como incidental), "Meninos e Meninas" e "Teatro dos Vampiros". Pelo fato do show ter sido curto (pois eles ainda tocariam em Caxias), os fãs se decepcionaram pela ausência de clássicos como "Pais e Filhos".
De qualquer forma, foi um show bacana, todo mundo dançou e pulou, teve gente se emocionando, até porque o repertório da Legião tem uma carga muito forte, e foi executado com competência.
Queimei minha língua, pois a banda é muito boa.

Se quiser saber mais sobre os paulistas do Sete cidades entre em bandasetecidades.com.br

quarta-feira, 28 de março de 2012

BAIXISTA DA LEGIÃO URBANA É MORADOR DE RUA

Acredito que muita gente viu a reportagem da Rede Record exibida no programa Domingo Espetacular, no último domingo (25 de março), que mostrou que Renato Rocha, o baixista original da Legião Urbana, é atualmente morador de rua.
Se vc não viu, confira:

Por mais que a reportagem seja sensacionalista (e a Imprensa hoje em dia normalmente é), não tem como não ficar impressionado e triste em ver a realidade que o músico hoje em dia vive. Rocha contou que perdeu tudo o que tinha devido às drogas. Ele participou dos três primeiros e melhores álbuns do Legião Urbana e é coautor de canções como "A Dança", "Ainda É Cedo" e "Mais do Mesmo".
Renato Rocha foi expulso da banda após o disco Que País É Este (1987) por causa de seus problemas com as drogas, segundo o guitarrista Dado Villa-Lobos. Hoje, os únicos pertences que ele leva consigo pelas ruas são guardados em uma sacola plástica. Outros mais valiosos, como um contra-baixo, ele deixa em um hotel de um amigo.
Com o olhar perdido, aparentando uma certa dificuldade na fala, Renato parece ser sombra do baixista dos Anos 80. Tive a impressão de que ele não está gozando da plenitude de sua saúde física e mental. O mais triste de tudo é o momento, na reportagem, em que a repórter pede pra ele pra tocar, por um segundo cheguei a pensar "a musica talvez ainda o salve". Renato pega o baixo e o resultado foi pedir desculpa, dizendo que tudo que é improviso é ruim, que com treino e ensaio as coisas melhoram.
Outro absurdo mostrado é o fato dele receber menos de mil reais por mês do ECAD, por seus direitos autorais. Como pode? Os 3 primeiros discos da Legião vendem muito até hoje, e recentemente saíram nas bancas de jornais em novas edições.
A repercussão da reportagem foi grande. Seu ex companheiro, o baterista Marcelo Bonfá usou o Twitter para explicar que, apesar das declarações de Renato, ele e Dado tentaram ajudar o ex-baixista. Bonfá relatou que foi bombardeado com ligações para esclarecer a situação, e disse:
"O que as pessoas não entendem é que ele já esteve nesta situação diversas outras vezes. Ele aparece e depois some por anos. Cheguei a encontrá-lo na Barra [da Tijuca], pegando onda, na boa. Fiquei chocado ao ver a situação dele, claro. Mas o que posso fazer? Lligar para o ECAD mandar o dinheiro direito para ele? As pessoas não entendem é que cada um é responsável pelo mundo que o cerca. Todo mundo carrega a sua cruz. Ninguém pode ajudar alguém, se essa pessoa não quer."Na verdade, o relacionamento dos ex integrantes da Legião nunca foi muito amistoso. Confira o que disse Renato Rocha aos jornalistas Luiz César Pimentel e Alexandre Petillo em 2002, em entrevista publicada na Revista Zero:
Renato Rocha - Entrevista (Revista Zero, nº 3, 2002)

ZERO: Você era da turma dos Skinheads, não?
RENATO ROCHA: Quando o punk começou a acabar, sobrou muito gayzola, muito playboy que se dizia punk. Eram aqueles caras que compravam calças Fiorucci, desfiavam e falavam que eram punks. Aí resolvemos ser cabeça raspada. A gente era uma equipe do terror, pra diferenciar dos punkzinhos gays.

ZERO: Quem eram punkzinho gay?
R.R: Os lambe-lambes (risos)

ZERO: Que a gente conhece, quem era?
R.R: Os dois lá, o Dado e o Bonfá, o Dinho, Philipe Seabra [vocalista e guitarrista do Plebe Rude], essa turma.

ZERO: Por que lambe-lambes?
R.R: Porque não faziam nada. Chegavam nas festas e ficavam bodeados num canto. Gostavam de Bauhaus e PIL. Eram fracassados. Os carecas chegavam chutando o teto.

ZERO: Qual foi seu primeiro contato com o Renato e o resto da banda?
R.R: Ah, a gente andava numa turma, ia pras festas. Tinha uma época que tinha umas cinco festas por noite. Festas de detonar, de barão. Pó, maconha à vontade. E não aparecia ninguém pra encher o saco. O mais fraco ali tinha seis Rolls Royces na garagem. Quem ia ter coragem de entrar pra dar uma geral?

ZERO: Como você entrou para a Legião?
R.R: Renato tinha cortado os pulsos em Brasília, estava na pré-produção do primeiro disco. Como ele tocava baixo, precisava de alguém para o lugar dele. Eu sabia todas as músicas, as letras. Entrei quatro dias antes do início das gravações. Acabamos virando a maior banda do Brasil.
Mas quando ficou cheio de grana, o Renato não queria fazer mais nada. Ficou muito chato, alcóolatra. Aí ele começou a chutar todo mundo, tratava todo mundo muito mal.

ZERO: Quando foi isso?
R.R: Foi no final dos 80. Ele tava inacreditável, tomou varias overdoses.

ZERO: Ele já não gostava de fazer shows?
R.R: Depois de encher o cu de grana, só gostava de encher a cara.

ZERO: Vocês eram amigos?
R.R: Não. A gente era conhecido. Amigo, não. A partir do momento em que o cara só se preocupa com ele mesmo... Só ele tem dor de cabeça, só ele tem enxaqueca, só ele tem problemas...

ZERO: Qual era o seu papel na banda? Você era apaziguador ou só chegava e tocava?
R.R : Eu fumava meu baseado inocente, tomava minha dose de uisque e ficava pensando: "cara, eu estou fazendo a melhor coisa do mundo: ganhando grana pra fazer música, e neguinho fica aí se lamentando à toa, reclamando do bife".
Eu aproveitei minha fase rock. Os caras não tinham atitude roqueira, não falava com a galera, esnobavam os fãs. Pra mim ficar na Legião era um sacrifício.

ZERO: Por que você acha que eles se sustentaram como banda tanto tempo?
R.R: O Renato gostava de homem bonitinho e chamou o Marcelo Bonfá e o Dado pa tocar. O Dado só entrou porque o Renato queria o nome Villa-Lobos na banda. Aí ele ensinou o Dado a tocar. E o Bonfá era um pilha fraca, não aguentava tocar um show inteiro, não ensaiava, não treinava, não malhava, não comia, era um merda.
Saia com a namorada, não queria pagar a conta e a menina pagava. Queria fumar um baseado mas não apertava, eué que tinha que apertar. Folgado e mão-de-vaca. É um cara muito babaca, nem a mulher dele aguenta ele. Era uma agonia, pois o cara não sabia tocar nada.

ZERO: E como foi sua vida depois da banda?
R.R: Eu tive uma fase ruim, fiquei em baixa. Namorei uma mulher errada e minha vida degringolou. Era uma mulher que só queria sacanear. Tipo Cleópatra. Fiquei muito alcóolatra, muito louco, tomava tudo.

ZERO: Mas o Dado dizia que você já detonava antes de sair da banda.
R.R: O problema do Dado é que ele não sabe nem escolher a roupa que vai vestir. A mulher dele é quem escolhe. Ele não sabe tocar, não tem personalidade própria. Ele é tão bundão que podia ter impedido minha saída. A gente ia para o mundo inteiro. Íamos pra Europa, ele bundou pra mulher dele. A mulher queria ter um filho e prendeu ele aqui. Ele botou pilha pra gente não gravar fora.

ZERO: Foi depois do terceiro disco?
R.R: Foi. A gente ia gravar em Portugal. Estava tudo certo. A Legião ia arrebentar e ele bundou. Ficou com medo da Fernanda. A mulher amarrava um lacinho no pescoço dele e ele saia na rua assim. Não representa nada para o rock brasileiro. Representa o gosto do Renato. E aí? Vai dizer que uma bicha daquelas era roqueiro? Em vez de comprar uma moto comprava uma lambreta. E ainda andava de lencinho. Como um cara desses pode dizer que é punk?
Eu saia, ia nas favelas, cheirava pó, ficava nas quebradas, pegava as putas. Ai o cara dizia que eu estava aloprando. Ele é que não aguentava a pressão. Eu pegava as gatas e passava na frente dele, o cara ficava com aquela carinha de bunda.

ZERO: Desde sempre eles tiveram essa atitude na banda?
R.R: Eu fiquei puto porque era um bando de cuzão com uma oportunidade de ouro nas mãos. Todo mundo falando bem pra caralho. Minha maior frustração é isso cara. Um cara do gabarito do David Byrne falando das possibilidades de sermos o maior sucesso do mundo e dois playboyzinhos babacas sacaneando.

ZERO: Foi o David Byrne que ofereceu a oportunidade de vocês gravarem lá fora?
R.R: Não, foi a gente que conseguiu. Éramos a melhor banda de rock n' roll do Brasil. Éramos.

ZERO: E você achava isso na época?
R.R: Eu achava uma das melhores do mundo. O Renato sabia cantar todas aquelas letras maravilhosas em inglês. O disco ia arrebentar. A gente ia ser o U2 e o Dado não deixou. Ou melhor, a mulher do Dado.

(...) ZERO: Ele (R.Russo) tinha uma atitude homosexual dentro da banda?
R.R: Tinha. Sempre teve. Pirava, ia lá e dava para o roadie. Mas é aquela história... Se o cara tem muito poder, ninguém fala a verdade.

ZERO: A legião perdeu a atitude rock com a sua saída?
R.R: Cara, rock exige uma certa agressividade. Rock não é para playboyzinho pasmo, tchutchuquinha. Dado tomava um copo de uisque e ficava bêbado. A Cracatoa Vermelha nem bebe.

ZERO: Quem é a Cracatoa Vermelha?
R.R: Bonfá(risos)(...)

ZERO: Quando foi a última vez que você falou com ele?
R.R:´Foi na gravação de Uma outra estação. Ele virou pra mim e disse: "eu estou igual a você". Pensei: "puta merda, fudeu" (risos)

ZERO: E o Dado?
R.R: Foi uma vez no ATL HAll. Ele pegou meu braço e disse: " Não fala mal de mim na imprensa não". Eu fiquei só rindo, porque o filho dele tava todo preocupado, com medo de eu dar porrada nele. O moleque ficava falando "pai, vamos embora"

ZERO: Você ainda voltou pra gravar esse disco póstumo (R. Rocha participou da faixa da gravação instrumental da faixa Riding Song, que foi sobre posta a uma gravação dos 4 integrantes feitas durante as gravações do disco Dois).

R.R: Gravei cara. Infelizmente eu gravei. Ganhei um barão [R$ 1000]. Aquele cara me ridicularizou. Mas eu estava precisando de grana.

ZERO: Você gastou toda a grana que ganhou na Legião?
R.R: Não, eu comprei carro, moto. Depois vendi tudo. E eu não ganhei tanta grana assim.

ZERO: Você foi ao enterro do Renato?
R.R: Não fui porque não sou cretino. Mas um dia passei com a minha namorada e a mãe do Renato estava no Burle Marx pra jogar as cinzas. Aí o pneu da moto furou bem na frente. Eu falei: "caralho, Manfredo, solta do meu pé". Mas eu sempre gostei do Manfredo, ele sempre foi uma pessoa muito sincera, só que ele se fodeu, cara, porque ficou com dois babacas.

ZERO: Quando você falou com Renato Russo pela última vez?
R.R: Falei pelo interfone. Ele não quís me atender. Toquei na casa dele e ele respondeu que tava de ressaca.

ZERO: O que você queria com ele?
R.R: Ah, sei lá. Perguntar como ele tava. Ele alucinava, tomava todas e subia na mesa,(...) Cansei de levar ele doidaço, babando no taxi. Mas aí como ele era mentor da banda e da juventude brasileira, mascaravam esse comportamento. (...)

ZERO: Como foi que você saiu da banda?
R.R: O Renato Russo saiu do elevador e falou: "Você está fora da minha banda". A gente ia assinar o contrato do Quatro Estações. Estavamos no prédio da EMI.
Ai eu falei pra ele: "Cara, se você me apontar o dedo eu torço seu braço". Fiquei na minha, puto, mas sabia que não era uma coisa do Renato. que era coisa dos dois perobinhas. O maior castigo é ter grana e não ser feliz. Eu tenho e sou feliz.

....

ZERO: E sua banda Cartilagem, existe a quanto tempo?
R.R: Uns três anos. Mas ainda não chegou a hora da banda. O público ainda não está preparado pras minhas letras. Minha música é pra libertar o jovem.

ZERO: Parou com as drogas?
R.R: Fumo meu baseado, tomo umas bebidas.

ZERO: E a legião ainda dá grana?
R.R: Não, dá uma miséria. Menos de mil reais por mês. Só que conversar com eles é tentar tirar leite de pedra. Eles são brancos, eu sou pele-vermelha.

ZERO: Já pensou em se candidatar a algum cargo público?
R.R: Opa, já. Prefeito de Mendes. O grande lance é entrar no esquema e não ser corrompido´por ele. Como eu entrei na Legião e não fui corrompido.

Entrevista concedida a Luiz César Pimentel e Alexandre Petillo, publicada na edição numero 3 da extinta Revista Zero, 2003.

terça-feira, 27 de março de 2012

GATAS, FAMOSAS, E COM SUAS CAMISAS DE BANDAS DE ROCK (Edição XXI)

Especialmente pra você, a vigésima edição do GATAS, FAMOSAS, E COM SUAS CAMISAS DE BANDAS DE ROCK, que esse mês veio caprichada. Perdeu alguma das edições? Não entre em pânico. Confira:Parte I , Gata Bônus , Parte II , Parte III , Parte IV , Parte V , Parte VI , Parte VII , Parte VIII ,Parte IX , Parte X , Parte XI , Parte XII , Parte XIII , Parte XIV , Parte XV , Parte XVI , Parte XVII, Parte XVIII , Parte XIX , Parte XX

Nessa edição o Iron Maiden vem com força total:
A belíssima Michelle Pfeiffer
A modelo americana Charlote Bolton e a cantora dinamarquesa Lene Nystrom do Aqua, aquela da "Barbie Girl".Kirstin Dunst em cena do filme "Crazy/Beautiful", e a modelo alemã Heidi KlumA atriz britânica Emma Griffiths e a modelo canadense Megan NashA modelo inglesa Holly Kyte e a blogueira Emma HoldenA apresentadora Kari ByronA cantora Kim Wilde e a modelo Mirna VukresOk, é montagem... Mas vai reclamar da presença de Lindsay Lohan?

The Iron Maidens é a banda cover formada só por mulheres (gatas em sua maioria). Acima a vocalista Kirsten Rosenberg .

A baixista Wanda Ortiz do The Iron Maidens

Courtney Cox, também conhecida como Adriana Smith é guitarrista da The Iron Maidens, e aparece usando em show uma t shirt do Anthrax


A comediante americana Amy Poehler parece gostar de Metal, vemde Iron Maiden e Judas Priest


Mais Iron Maiden com a Porn Star Roxy De Ville. Abaixo você pode ver o rostinho da moça
Roxy é bem chegada em Metal, e ela divulga o Death Metal da banda Demon Semen



A jogadora profissional de poker e modelo Liv Boeree é fã assumida de Rock pesado. Ela não aparecia aqui no Blog desde a primeira edição das "Gatas com camisas de Rock". Pra compensar ela vem agora em dose sêxtupla. Primeiro de Iron Maiden e EdguyA moça posa de Kiss e de Pantera

A cantora e atriz sul-coreana Lee Hyori usa camiseta do The Who

Editorial da revista Cosmopolitan vem com modelos de t-shirt do The Who e Ramones

A cantora americana Jasmine Villegas vem de Ramones e New York Dolls

Ashley Greene desfila pelas ruas com tshirt do Pink Floyd
Da mesma forma que a modelo britânica Kristina


Sara B, segunda colocada no Miss Rocklahoma posa com uma do Rush


Beyonce aparece na capa da Bliss com t shirt dos Stones. Abaixo, Antonia Morais, irmã de Cleo Pires
Nicole Bernardes parece ter uma coleção dos Stones, olha ela de volta
Mollie, cantora do The Saturdays, e Una Healy fecham o grupo dos Rolling StonesUna também posa com Sex Pistols
A modelo Joyce Muniz posa em seu ensaio com camiseta do Sex Pistols

Ellen Page e Kristen Stewart usam Bob Dylan


Quem não se lembra de Tori Spelling no seriado "Barrados no Baile" (Beverly Hills, 90210)


Kitty Brucknell com uma da Britney Spears


Britney Spears e Siena Miller ambas de Madonna
Lola Band vem com sua integrantes com t-shirts dos Stones, Madonna entre outras


A cantora Santigold com uma do Morrissey


Ashley Benson de bigode e Beastie Boys

A cantora Lana Del Rey com uma camiseta com o rosto de Frank Sinatra


A rapper inglesa Sarah Akwisombe, mas conhecida por Goldilocks faz autofotos com camisetas do Elvis Presley, Nirvana e Bon Jovi

A cantora Cassie vem de Bon Jovi
A modelo Fernanda faz ela mesma a sua t-shirt do Bon Jovi


Alison Mosshart do The Kills usando Sonic Youth

Juliana Alves e Fernanda Motta no show do U2

A modelo Kerrie Johnson vem de Motley Crue

A blogueira e modelo Marcelle Facury de AC/DC

A tecladista Alana Potocnik vem com uma t-shirt com a palavra "Blush" escrita como o logo do AC/DC


Theresa McQueen e Ash Kane participantes do programa "Hollyoaks SugarBullets", a primeira vem de Stone Roses e a segunda de Guns N'Roses

Frankie vocalista do The Saturdays de Guns N'RosesMais Guns com a modelo Katie Piper, que se recupera de um ataque de seu ex-namorado que jogou ácido em seu rosto.


A blogueira e modelo polonesa Missi R exibe sua grande coleção:Pantera e Michael JacksonSlashGuns N'RosesE Rock and Roll!!!

Miley Cyrus exibe sua coleção: Judas Priest e NirvanaVan HalenPat BenatarGuns N'Roses e John Lennon
Rihanna vem de John Lennon

Joicy Muniz, editora do Blog Vintage Guide, e Debbi Peterson da The Bangles usam belas camisetas dos Beatles
Mellissa Martins que estava sumida nas última edições, volta em grande estilo, com uma camisetinha do FabFour.