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domingo, 24 de janeiro de 2010

23 de Janeiro de 2010 - GERALDO AZEVEDO na Lona de Jacarepaguá



























22 de Janeiro de 2010 - ANA CAROLINA no Citibank Hall

Caetano Veloso na letra de "Sampa" usa o termo "Deselegância discreta" para qualificar as garotas paulistanas. Parafraseando o Poeta Baiano, vou usar "Elegância exagerada" para descrever a cantora e compositora Ana Carolina.
Ela é um dos expoentes da elite da MPB; já compôs pra Maria Bethânia, já fez dueto com Gilberto Gil e Luiz Melodia, e parcerias com Seu Jorge. Mas suas músicas com o tom ultra romântico, temas repetitivos, com belas melodias, muito parecida uma com as outras, ficam no tênue limiar entre o brega e o requintado.
Ela canta realmente muito bem, com alcance de voz invejável, mas suas interpratações exageradas, muitas vezes tiram a singeleza e beleza do canto, por forçar de mais em ocasiões desnecessárias.
Seus terninhos muito bem cortados, acabam se tornando uniformes de trabalho; e não existe nada mais cafona do que uniforme pra show - salvo com os Beatles em início de carreira.
O novo show de Ana Carolina é uma verdadeira superprodução, com efeitos especiais, guindaste, projeções gigantes, luz de primeira, e banda de taribados músicos como o filho de Pepeu Gomes, Pedro Baby na guitarra e do baterista Marcelo Costa (que já tocou com grandes nomes como Lulu Santos, Caetano e Gil).
Tudo isso junto acaba dando um resultado cheio de excessos. É muita informação junta, que acaba deixando a perfomance de Ana em segundo plano.
O show começa com um pano cobrindo todo o palco, aonde imagens de nuvens são projetadas; no alto da tela, aperece Ana cantando e tocando violão, erguida por um mecanismo semelhante a um pequeno guindaste, como se ela flutuasse no céu, dando um efeito muito bonito e interessante, abrindo o espetáculo com "Que Se Danem os Nós".
Projeções de vídeos e fotos no fundo do palco e nas laterais, sempre dando um efeito como se o show estivesse dentro de um filme, com luzes e cenários de primeira.
Ana Carolina desliza pelo palco sentada num banquinho, é novamente elevada e sustentada nas alturas, canta sob uma chuva artificial, e declama poesias de Wally Salomão, Cecília Meireles, entre outros, além de textos de autoria própria.
Achei o repertório pouco amarrado, começa meio arrastado, com algumas canções não muito conhecidas e pouco animadas, e meio q do nada surge o meha-hit "Entre Olhares", com direito a dueto virtual com John Legend. Depois volta de novo a ficar desanimado, ao menos para mim....
É claro que tinham músicas boas, como a belíssima "Traição", aonde ela toca piano, com direito a inspiradíssimo solo de violoncelo. E sem dúvida, a banda sempre executava bons arranjos, e localizava-se no canto direito do palco, numa espécie de arquibancada, onde no primeiro degrau ficavam guitarra e baixo, no segundo violoncelo, teclado e sopro, e no último bateria e percussão.
Houve espaço pra covers: o samba "Não quero Saber Mais Dela" (sucesso na voz de Arlindo Cruz e Beth Carvalho); "Essa Mulher" de Arnaldo Antunes, com os versos "ela goza com o sabonete/ não precisa de você/ ela goza com a mão/ não precisa do seu pau", que estusiasmou a platéia; e "Odeio" de Caetano, em que Ana Carolina a apresentou como "a música que gostaria de ter composto".
Em "Rosas", chama o público pra vir pra frente, e depois imenda o sucesso "Elevador", que pra mim é uma de suas piores composições, algo no nível do repertório de cantoras de Axé Music. Mas todo mundo vibra e dança feliz.
Ela volta para o Bis com a já clássica "Garganta", seu primeiro sucesso e provavelmente o mais conhecido e marcante.
Com todos esses comentários,fica parecendo que não gosto da Ana Carolina e muito menos de seu show. Mas não é bem assim, tenho todos os seus discos, e gosto sobretudo do primeiro. É verdade que não sou fã, mas admiro seu talento, e sua facilidade de passar emoção e de cativar as pesssoas.
É muito impressionante o fascínio que ela exerce nas mulheres, sejam elas hetero, bi ou homossexuais; é de causar inveja em galãs da música como Fabio Junior.

Setlist:
1- Que Se Danem os Nós
2- 10 Minutos
3- Hoje Eu To sozinha
4- Encostar Na Tua
5- Eu Não Sou Assim
6- Cartas com o Olhar
7- Dois Bicudos
8- Oito Estórias
9- Entre Olhares
10- Tolerância
11- Traição
12- Mais Que a Mim
13- Corredores
14- Dentro
15- Pout Pourri: - Avesso dos Ponteiros / Aqui /
A Canção Tocou na Hora Errada / É Isso Aí
16- Não quero Saber Mais Dela
17- Ta Rindo, É?
18- Ela é Bamba
19- Essa Mulher
20- Bom Dia
21- Odeio
22- O Cristo de Madeira
23- Rosas
24- Elevador
25- Garganta (Bis)

sábado, 23 de janeiro de 2010

15 de Janeiro de 2010 - 14 BIS na Lona de Jacarepaguá

Sempre quis assistir um show do 14 Bis, e não sei explicar ao certo o porquê de nunca ter ido a nenhum. Eles chegaram a tocar na Lona de Jacarepaguá em Dezembro de 2008, mas perdi a apresentação porque tinha que tocar com a Crossroads na mesma data.
Mas enfim, estava eu prestes a conferir ao vivo, uma das mais importantes e influentes bandas do Brasil. Descobri, e fiquei imprecionado com o fato de que muita gente pensa que o 14 Bis acabou, com a saída de Flavio Venturini em 1987. Mas Claudio Venturini (guitarra e voz), Sérgio Magrão (baixo e voz), Vermelho (teclados e voz) e Hely Rodrigues (bateria) continuaram com a banda, e lançaram seis discos (incluindo dois "ao vivo", sendo um deles ao lado do Boca Livre; e um Acústico).

A abertura ficou a cargo da Nave de Prata, banda formada por garotos entre 16 e 20 anos, declaradamente fãs do 14 Bis, o próprio nome foi tirado de uma das músicas da banda mineira. A garotada até que mandou bem, se mostrando bastante nervosos, o que é normal; mas me pareceram um pouco crus, e com limitações técnicas principlamente no baixo e nos solos de guitarra. E tiveram grandes méritos, principalmente com boas músicas autorais, com destaque para o baterista e o jovem tecladista.
























0 14 Bis subiu ao palco para a alegria do bom público presente, tocando logo de cara um dos seus maiores hits: "Bola de Meia, Bola de Gude", composta por Milton Nascimento e Fernando Brant especialmente para o grupo. Nos shows o quarteto conta sempre com a participação do tecladista Sérgio Vasconcelos, fiel escudeiro que não poderia faltar.
É um privilégio presenciar Claudio Venturini tocando guitarra, com solos melodiosos e belíssimos, muito bem executados, é sem dúvida um verdadeiro "Guitar Hero". Magrão com seu baixo sempre econômico, na maior parte do tempo se limitando a marcação, mas com algumas belas intervenções. Vermelho sempre discreto e eficiente nos teclados. Hely é preciso e simples, tem a sabedoria daqueles bateristas que sabem que na maioria dos casos "menos é mais", como os mestres Ringo Starr (Beatles), Doug Clifford (Creedence Clearwater Revival) e Nick Mason (Pink Floyd). Não posso esquecer de comentar o casamento perfeito das 3 vozes, em afinação e sintonia perfeitas.
Demonstrando uma certa timidez mineira, Claudio pouco se dirigia à platéia, se limitando a dizer ao microfone o nome da canção e seus autores; e foi assim que apresentou a linda "Sonhando o Futuro", sua parceria com Lô Borges.
Na sequência vieram o clássico "Uma Velha Canção Rock'n'Roll" e "Canções de Guerra" (o carro-chefe de "Outros Planos", seu mais recente disco de estúdio, lançado em 2004).
O guitarrista apresentou Magrão, que fez a voz principal em "Caçador de Mim" (composta pelo baixista e Luis Carlos Sá), que foi a primeira da noite a ser cantada em coro por toda a Lona. É claro que não foi a única; "Espanhola", "Todo Azul do Mar" e "Planeta Sonho" foram cantadas em uníssono e a plenos pulmões pelos fãs.
Muita gente não sabe que em 1987, 14 Bis e Legião Urbana dividiram o mesmo estúdio e produtor (Mayrton Bahia), e que as duas bandas acompanhavam as gravações do disco uma da outra. Com isso surgiu uma amizade entre eles, que culminou com "Mais Uma Vez", composição em parceria entre Flávio Venturini e Renato Russo. A música foi gravada no LP "Sete" (o último de estúdio a contar com Flávio), e Renato chegou a gravar o vocal, que acabou ficando de fora da versão original que saiu no disco. Esse mesmo vocal gravado foi utilizado em 2003 no CD "Presente", que contou com uma nova versão da música, com arranjo novo e tocado por outros músicos. Essa versão foi grande sucesso radiofônico, e fez com que o CD atingisse mais de 150 mil cópias vendidas. Isso explica o entusiasmo de todos, quando foi tocada na Lona.
Para o Bis, os meninos da Nave de Prata foram chamadas pra subir novamente ao palco e levar com seus mestres, um dos maiores hinos do 14 Bis: "Linda Juventude". Com certeza, todo mundo saiu satisfeito, mas a rapaziada da banda de abertura deve ter ido pra casa extasiados de dividirem o mesmo palco com seus ídolos.

SETLIST:
1- Bola de Meia, bola de Gude
2- Sonhando o Futuro
3- Uma Velha Canção Rock’n’Roll
4- Canções de Guerra
5- Caçador de Mim
6- Siga o Sol
7- Canção da América
8- O Fogo do Teu Olhar
9- Eu Já Fechei Meus Olhos (I Can’t Make You Love Me)
10- Espanhola
11- Nave de Prata
12- Todo Azul do Mar
13- Perdendo a Razão
14- Mais Uma Vez
15- Mesmo de Brincadeira
16- Natural
17- Planeta Sonho
18- Linda Juventude

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

25 ANOS DA PRIMEIRA EDIÇÃO DO ROCK IN RIO - MINHAS LEMBRANÇAS DO FESTIVAL


Em janeiro de 1985, eu tinha 8 anos de idade, e já era um garoto que amava Bealtes e Rolling Stones... sobretudo o primeiro. Mas também adorava AC/DC, Black Sabbath, Little Richard. Também já estava virando fã do Rock Brazuca de Barão e Paralamas.
Então com toda essa precoce paixão pelo Rock'n'Roll, seria muito natural que estivesse muito empolgado para o grande festival que iria acontecer. E não era qualquer evento não; se tratava do "Rock in Rio", dez dias de música e alegria.
Próximo ao Rio Centro, em Jacarepaguá, foi montada a "Cidade do Rock", com um enorme palco, com uma estrutura e casting nunca vistos na América Latina. Com atrações gringas (AC/DC, Yes, Queen, Ozzy Osbourne, Iron Maiden, Whitesnake, Rod Stewart, James Taylor, Scorpions, George Benson, Al Jarreau, The B-52's, Nina Hagen e The Go-Go's) e nacionais (Pepeu Gomes, Baby Consuelo, Rita Lee, Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso, Lulu Santos, Gilberto Gil, Erasmo Carlos, Ney Matogrosso, Kid Abelha, Blitz, Ivan Lins, Moraes Moreira, Alceu Valença, Eduardo Dusek e Elba Ramalho).
Nessa época eu só pensava e respirava "Rock in Rio". Sonhava poder ver ao vivo Angus Young e compania, e poder pular e vibrar com "Shot Down In Flames" e "Highway To Hell" como fazia na sala da minha casa. Fiquei mais empolgado ainda ao saber que meu pai havia comprado com um amigo, ingresso para o dia 19, o "Dia dos Metaleiros" (Pepeu Gomes, Erasmo Carlos, Def Leppard, Ozzy Osbourne, Scorpions e AC/DC. O sonho virou frustração, quando perguntei se tinha comprado pra mim também, e ouvi a resposta: "Junior, criança não pode entrar no Rock In Rio...".
Isso não tirou meu interesse, devorava jornais e revistas, e sempre via na Globo os inúmeros flashes sobre o Festival com reportagens mostrando os operários montando o palco, entrevistas com as atrações nacionais, biografias das bandas estrangeiras, e notícias e curiosidades. Foi num desses flashes que fiquei sabendo que a banda Whitesnake foi convidada de última hora para substituir o Def Leppard, que desistiu em consequência do acidente de carro em 31 de dezembro de 1984 sofrido pelo baterista Rick Allen, que perdeu o braço esquerdo.
Nunca tinha ouvido falar no Def Leppard, mas já conhecia e gostava do Whitesnake graças ao Megahit no Brasil de "Love Ain't No Stranger" que tocava na propaganda do cigarro "Hollywood". Além disso, David Coverdale tinha o status de já ter sido vocalista do Deep Purple.
Finalmente no dia 11 de Janeiro de 1985, 300 mil pessoas aguardavam o começo do Rock In Rio. E coube ao grande Ney Matogrosso a honra de abrir o Festival. Eu passei o dia grudado na TV, a Globo cobria o evento com detalhes, mostrando trechos dos melhores momentos das apresentações, entrevistas com o público, curiosidades, e transmitia ao vivo o show da última atração da noite. Me lembro de dormir embaixo da mesa da sala, vendo Freddie Mercury e o Queen. Essa cena se repetiu durante toda semana, pois tentava sem sucesso, ficar acordado pra ver na íntegra os shows.
Assisti momentos antológicos pela televisão: Baby Consuelo grávida e de barrigão arrepiando ao lado do marido Pepeu Gomes; Iron Maiden, a então nova sensação do metal; Freddie Mercury regendo milhões de vozes em "Love Of My Life"; Rod Stewart fazendo parecido em "Sailing"; o endiabrado guitarrista Angus Young mostrando a bunda; Ivan Lins perdendo a voz e pedindo ajuda da galera pra cantar e sendo prontamente atendido; Ozzy Osbourne jogando baldes e mais baldes pra refrescar o público; Rita Lee sendo coroada a Rainha do Rock; as esquesitices de Nina Hagen; a consagração de Barão Vermelho e Cazuza; as vaias e latas jogadas em Eduardo Dusek, Erasmo Carlos e Kid Abelha; e o choro de James Taylor, comovido com a recepção calorosa da platéia.
James Taylor enfrentava grande problemas na época, com dependência de drogas e o divórcio de Carly Simon. Declarou que pensava em abandonar a carreira logo após o Festival, do qual participaria apenas por compromisso contratual. Mas se surpreendeu com a reação do público cantando e vibrando com suas músicas. Com isso decidiu que retomaria a sua carreira com força total. Em agradecimento, compôs "Only a Dream in Rio", com os versos "I was there that very day and my heart came back alive" ("Eu estava lá naquele dia e meu coração voltou à vida").
A banda brasileira que mais se destacou foi sem dúvida os Paralamas do Sucesso, que fez dois shows memoráveis. Haviam lançado o segundo LP "O Passo do Lui", e virou mania nacional, conquistado disco de platina, graças aos sucessos como "Meu Erro", "Romance Ideal", "Ska" , "Mensagem de Amor", e principalmente "Óculos", um dos hinos do Rock in Rio.
E por falar em hino, o Festival tinha o seu tema oficial composto por Eduardo Souto Neto e Nelson Wellington, e gravado originalmente pelo Roupa Nova. Todo mundo sabia a letra de cor, e cantava a pleno pulmões dentro e fora da Cidade do Rock.

No dia 19 de Janeiro de 1985, enquanto meu pai tentava falar com seu amigo pelo telefone pra combinar sua ida aos shows, eu já acompanhava na televisão os preparativos para aquela que chamavam de a "Noite dos Metaleiros", e noticiavam que Erasmo Carlos não iria mais tocar, que mudaria seu show pro dia seguinte, provavelmente com medo de sofrer problemas maiores do que na sua primeira apresentação. Sábia decisão.
De repente, meu progenitor, aquele que me deu educação musical e cultural, que me apresentou à grandes bandas, que me deu um violão e me ensinou os primeiros acordes, que me presenteou anos mais tarde com uma bateria; ele mesmo, meu pai veio com a notícia: "Pô, meu amigo viajou, não tenho mais compania pro Rock In Rio. Junior, quer ir comigo?"
É claro que eu queria. Fui tomar banho e me arrumei rapidamente e fiquei ansioso como se eu fosse tocar.
Ao ficar pronto fui me despedir da minha mãe, e começou a confusão: "Batista, você tá louco? Não vai levar uma criança de 8 anos no Rock In Rio, de jeito nenhum...". Aí comecei a chorar. Vendo isso, ele me acalmou e me deu a chave do carro, pediu que eu descesse e o esperasse, que ele iria convencer minha mãe e me encontraria. No carro, ouvia a transmissão ao vivo em que Pepeu Gomes abria a noite, aloprando na guitarra, agradando em cheio os metaleiros presentes.
Depois de um tempão meu pai apareceu e fomos pro Rock! No caminho ele ia passando as instruçoes de não aceitar nada de nenhum estranho, de não sair de perto dele, e de se alguém me perguntar a idade eu responderia "14 anos", que era a censura do Festival. Estacionamos no Rio Centro e fomos a pé até as bilheterias que ficavam nos portões da "Cidade do Rock". No caminho, uma mulher me falou: "Nossa, que lindo! Você gosta de Rock, Quantos anos você tem?", respondi: "Oito anos", esquecendo de uma das instruções que havia recebido.
Tentamos comprar o meu ingresso, mas não aceitavam cheques, e não tínhamos dinheiro em espécie. Meu pai teve a idéia de tentar entrar comigo abaixado atrás dele, mas fui barrado pelo rapaz da catraca que me viu agachado tentando passar pela roleta.
Então fomos na entrada da Área Vip, e meu pai explicou a um dos organizadores, que tinha só um ingresso, que precisava de mais um pro filho, mas só tinha cheques e que era especial e tudo o mais. Sensibilizado, o rapaz deixou que entrassemos por onde os Vips e convidados entravam. Vimos Elba Ramalho, Cazuza, Leda Nagle, e um monte de gente famosa.
Não perdemos muito tempo, e fomos direto pro palco. Chapei com a grandiosidade e com a luzes. Quando entramos deu só pra ouvir a última música do Whitesnake, e David Coverdale dizendo: "Obrigado Rio!!!". Fomos entrando no meio da galera, e ficamos num ótimo lugar pra ver o Ozzy, principalmente eu, que fiquei a maior parte do tempo nos ombros do papai.
Lembro que o show do Ozzy foi demais. Me impressionou muito a sua voz, principalmente com ele gritando com a galera. Durante a apresentação jogaram uma galinha viva no palco, Mr. Madman entregou o animal ao seu roadie, fazendo valer a cláusula do contrato que o proibía de comer qualquer tipo de animal vivo no palco, em virtude do famoso incidente em que Ozzy arrancou a dentadas a cabeça de um morcego num show em 1982. Quase no fim, descobri porque sua voz suava tão familiar, ao ouvir os primeiros acordes de "Iron Man": "Ué, Papai, essa música não é do Black Sabbath?"; aí ele me explicou que Ozzy era vocalista daquela banda que adorava.
Durante o intervalo fomos passear pelo Rock in Rio, que estava um verdaeiro lamaçal, resultado das fortes chuvas que castigaram a Cidade do Rock. Fomos nas lojinhas, e fizemos um lanche. Pedi pra ver o famoso chafariz, aonde vi pela televisão os roqueiros se refrescarem. Ao chegarmos nele, vimos que se transformou numa imensa banheira de barro e lama.
Conseguimos um ótimo lugar pra assistir aos Scorpions. Fiquei extasiado com a energia dos caras, e principalmente com os pulos altíssimos que davam. Jogavam seus instrumentos para o alto, e numa dessas um dos guitarristas se machucou, ao arremessar a guitarra, quando esta desceu bateu na sua cabeça e o cortou, o sangue escorria, e ele continuava sua perfomance como se nada tivesse acontecido. Um dos pontos altos da noite foi sem dúvida a balada "Still Loving You". O único problema é que estávamos lá especialmente pra ver o AC/DC, e o show dos alemães do Scorpions foi grande demais, e eu já estava manifestando os primeiros sinais de cansaço.

A banda utilizou uma guitarra com o formato do continente da America do Sul, parecida com a que está no logotipo do festival e com pequenas bandeiras do Brasil estampadas. Outro fato marcante foi vocalista Klaus Meine cantar "Cidade Maravilhosa" em português.
No intervalo conseguimos fcar bem perto do palco, e estávamos na expectativa pra ver a grande atração da noite. Mas do nada surgiu uma confusão, uma briga que fez abrir um clarão, e meu pai no intuito de me proteger, me pegou pela mão e correu comigo para longe. Resultado, acabamos ficando num lugar péssimo, muito longe do palco.
Enquanto não começava, pedi pra ir no banheiro, e aprendi a "técnica do copo", que consiste em pegar um copo plástico descartável, colocar discretamente o pênis dentro, e urinar. Mas éramos sem dúvida os únicos com essa preocupação, porque todos, inclusive mulheres, não tinham o menor pudor de mijar na frente de todo mundo; meninas se abaixavam e faziam xixi em qualquer lugar.
Infelizmente, vimos de muito longe o show do AC/DC, que na época era a minha banda predileta depois dos Beatles. Um casal nos emprestou binóculos, e íamos revezando.
O desânimo por estar num local pouco priveligiado, e principalmente o cansaço e o sono fizeram que fôssemos em bora logo depois de "Hell's Bells", aonde surgia um enorme sino, que fazia um barulho ensurdecedor acionado pelo vocalista Brian Johnson. Mais tarde fiquei sabendo que o sino era uma réplica de gesso feita às pressas para substituir o original, O aparato veio de navio, porém, era muito pesado para a estrutura do palco.
Tudo foi realmente inesquecível. Meus amigos não acreditavam no meu feito, e era obrigado a apresentar provas ou a chamar meus pais pra confirmar a história.
Também fui nas duas edições seguintes do Rock In Rio, em 1991 e 2001.
O empresário Roberto Medina deu declarações que voltará a fazer o evento no Brasil em 2011, exato dez anos depois da terceira edição.
Sinceramente, eu ainda não acredito, mas é claro que torço pra que seja verdade.

10 MELHORES SHOWS QUE VI EM 2009

1- LIVING COLOUR (Circo Voador)


2- HEAVEN AND HELL (Citibank Hall)


3- STANLEY JORDAN (Lona Cultural Jacob do Bandolim)


4- KISS (Praça da Apoteose)


5- PEPEU GOMES (Lona Cultural Jacob do Bandolim)


6- JOSS STONE (HSBC Arena)



7- PARALAMAS DO SUCESSO (Citibank Hall)


8- SIMPLY RED (Citibank Hall)


9- ELTON JOHN (Praça da Apoteose)


10- FREJAT (Lona Cultural Jacob do Bandolim)

domingo, 3 de janeiro de 2010

HERMETO PASCOAL - O MAGO DOS SONS


Sem dúvida, Hermeto Pascoal é um dos maiores músicos do mundo. Alagoano (conterrâneo de Djavan), desde cedo se interessou por música, e sempre apreciou os sons do mundo e da natureza.
Trata-se de um verdadeiro muili-instrumentista: sanfona, escaleta, piano, clavinete, violão, guitarra, viola caipira, contrabaixo, pífano, flauta, saxofone, flugel, cavaquinho, bombardino, trompete, bateria, percussão, acordeão... Na verdade, acho que não existe instrumento que ele não toque.
Além disso, domina a arte de fabricar instrumentos e de utilizar qualquer objeto pra fazer música; quando criança costumava fazer um pífano com cano de mamona de abóbora, e ficava tocando acompanhando o canto dos pássaros.
Músico iventivo, criativo e inquieto, compõe e toca inúmeros estilos musicais: frevo, chorinho, jazz, baião, forró, fusion, maxixe, música para orquestra; sempre misturando tudo em combinações incomuns, composições extremamemte originais, apresentações empolgantes, aonde demonstra sua incrível habilidade de improvisação.
Pra quem quer conhecer Hermeto, indico o excelente "Hermeto Pascoal - Ao Vivo Montreaux Jazz Festival (1979)" (foto abaixo).
Com intensa carreira internacional, conseguiu o respeito e admiração de músicos de todo mundo. Impressionando até o exigente e excentrico Miles Davis, que o convidou para gravar o álbum "Live Evil" (1970), que ainda contaram com duas composições suas: "Igrejinha" ("Little Church") and "Nem Um Talvez" ("Not even a maybe"). Também teve sua obra gravada por Gil Evans e a Sinfônica de Berlin, e tocou com músicos no quilate de Chick Corea, Airto Moreira, Flora Purim, Heraldo do Monte e Sivuca.
Atualmente, Hermeto Pascoal pode fazer seus shows em cinco formatos diferentes : "Hermeto Pascoal e Grupo", "Hermeto Pascoal e Aline Morena", "Hermeto Pascoal Solo", "Hermeto Pascoal e Big Band" e "Hermeto Pascoal e Orquestra Sinfônica".
Característica marcante, a utilização de objetos e sons de animais em suas músicas; bomba de encher bola de gás, garrafa plástica, panela, copo com água, chaleira, apitos de bonecos de borracha, buzina, máquina de costura, galinhas e um porco são alguns exemplos de "instrumentos" usados em suas gravações ou apresentações ao vivo.
Acredito que Hermeto pode tirar som de qualquer coisa, uma das provas disso é essa charge:

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

OS MELHORES FILMES QUE VI EM 2009

Adoro cinema, e esse ano vi muitos filmes. De todos os gêneros e qualidades, alguns muito ruins, mas vou me ater aos que mais me agradaram, os 15 que mais gostei.
Mas antes da lista, um comentário sobre s filmes nacionais. Em 2009 vi vários longas brasileiros bem bacanas: "Divã", "Mulher Invisível", "Budapeste", "Salve Geral", "É Proibido Fumar", "Jean Charles". Mas nenhum deles está no nível de obras lançadas nessa década como "Cidade de Deus", "Estômago", "O Homem que Copiava", "Tropa de Elite", O Invasor", "O cheiro do ralo", "Abril Despedaçado", "Quase Dois Irmãos", "Bicho de Sete Cabeças"e "Meu Nome Não é Johnny". Com exceção dos documentários sobre músicos que inclusive já comentei em postagens anteriores.

Então vamos a lista:
1- "(500 Dias) Com Ela"
























2- "Bastardos Inglórios"

























3- "Gran Torino"

























4- "O Curioso Caso de Benjamin Button"
























5- "O Leitor"
























6- "Deixa Ela Entrar"

























7- "X-Men Origins: Wolverine"

























8- "O Lutador"

























9 - "Che"

























10- "Amantes"


























11- Quem Quer Ser Um Milionário?"


























12- "Avatar"


























13- "Distrito 9"

























14- "Milk - A Voz da Igualdade"
























15- "Titãs - A Vida Até Parece uma Festa" e "Herbert de Perto"