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segunda-feira, 29 de junho de 2009

20 de Junho de 2009 - SHOW DE TONI PLATÃO NA LONA CULTURAL DE JACAREPAGUÁ


A faixa em frente a Lona dizia: "Toni Platão & Hojerizah", imaginei que fosse um erro na impressão ou golpe de marketing; afinal o show era do cantor Toni Platão em carreira solo. Eu não perdia por esperar...
Toni levou o show do elogiadíssimo DVD "Pro Que Estão em Casa" pro palco da Lona de Jacarepaguá, acompanhado por uma afiada banda formada por Sergio Diab (guitarra), Wlad (baixo), Bruno Wanderley (bateria)e Rodrigo Ramalho (acordeom).
Bom gosto e elegância são as palavras que melhor definem o show, o repertório e os arranjos, com canções que em mãos e vozes erradas poderiam soar brega, mas na interpretação e na voz potente de Toni Platão soam sofisticadas. As músicas em sua maioria falam das dores e desiluções do Amor. Com releituras de “Moço Velho”, composição de Silvio César, gravada por Roberto Carlos; canções da ala romântica da Jovem Guarda como "Impossível Acreditar Que Perdi Você", de Antonio Marcos, "Eu Não Vou Mais Deixar Você Tão Só", de Márcio Greyk, e "Nasci pra Chorar" versão de Erasmo Carlos; duas da Angela Roro ("Amor Meu Grande Amor" e "Mares da Espanha"),e até "Louras Geladas" do RPM, num arranjo jazzístico cheio de swing. Mesmo as canções em inglês têm o tema central atrelado a tristeza como "The Man Who Sold The World" (de David Bowie, que como o próprio Toni Platão disse no show, muitos pensam que é do Nirvana) e " Mammy Blue".
Mas o show não foi só dor-de-cotovelo, teve muito rock'n'roll: "Come Together" dos Beatles, "Carne e Osso" dos Picassos Falsos, e Legião Urbana em dose dupla em "Há Tempos" e "Eu Sei", essa última com direito a uma palhinha de "Crazy little Thing Called Love" do Queen.
O momento "Todo mundo cantando junto" foi em "Tudo Que Vai" (Alvin L, Dado Villa-Lobos e Toni Platão) que foi gravada posteriormente pelo Capital Inicial em seu Acústico MTV. O público pode ainda ouvir músicas mescladas com citações, como a já citada "Amor Meu Grande Amor" mesclada com "Rebel Rebel" (David Bowie) e "Calígula Free Jack" (Fausto Fawcett, Dado Villa-Lobos e Toni Platão) com "Venus" (do grupo holandês dos anos 60/70 Shockling Blue).
Já conhecia o trabalho de Toni Platão há muito tempo, mas foi a primeira vez que o vi ao vivo, e fiquei imprecionado com a sua desenvoltura e presença de palco. No show ele está sempre concentrado, bem diferente da imagem que ele passa defendendo seu Fluminense no "Rock Bola" da Rádio Oi FM, aonde solta piadas e deboches, no programa aonde "a informação é em segundo lugar".
Toni, deixa o palco com um "até daqui a pouco", e todos ficam esperando pelo retorno pra ouvir o maior hit do Hojerizah: "Pros Que Estão Em Casa".
Mas para meu espanto, parte da aparelhagem é trocada, o intervalo para o Bis começa a ficar grande demais, uma parte pequena do público vai embora, pensando não ter mais nada. Mas os perseverantes são brindados com um momento histórico, a banda Hojerijah, com sua formação original m com Toni nos vocais, Flávio Murrah (guitarra e principal compositor), Marcelo Larrosa (baixo) e Álvaro Albuquerque (bateria), juntos depois de dez anos.
Surgido no fim de 1983, o Hojerizah começou vagando pelos porões cariocas e levou alguns anos para criar uma identidade, sendo considerado durante bom tempo de difícil assimilação pelas gravadoras. Com "Pros que Estão em Casa", música que integrava um compacto simples gravado em 1985 pela BB Records/Polygram, passaram a aparecer em rádios alternativas. Em 1987, soltaram Hojerizah na praça, com referências culturais como Dalí e Buñuel (com a capa que recriava uma cena do filme "Um Cão Andaluz"), temática desencantada do pós-punk e cuidadosa atenção nos arranjos. Trazia regravação de "Pros que Estão em Casa", que conseguiu um bom espaço nas rádios. Há ainda clássicos como "Tempestade em Viena" e "Senhora Feliz". Menos sorte teve "Pele", em que apenas duas músicas, "Fogo" e "A Lei" foram tocadas em rádios alternativas. Pouco divulgado pela gravadora, ele é mais lírico e rico do que o antecessor. "Pele" teve poema de Jean Rimbaud traduzido por Ledo Ivo em "Canção da Torre Mais Alta". Após quase sete anos de estrada, o Hojerizah dissolveu-se, pouco depois de ter sido dispensado pela gravadora. Flávio ficou dois anos em tratamento psiquiátrico e hoje, convertido à Igreja Renascer, toca na banda Horda. Marcelo tornou-se gerente do estúdio 585 e Álvaro aventurou-se pelo ramo de alimentos. A última reunião da banda tinha sido em 1999.
Depois fiquei sabendo que eles haviam tocado na noite anterior na Lona de Realengo, e que na verdade esse era o segundo show e não o primeiro em dez anos. Mas de qualquer forma, foi emocionante ver quatros caras tocando pelo tesão do Rock'n'Roll, pelo prazer de lembrar as sensações de estarem juntos novamente.










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