Da mesma forma que em 18 de Fevereiro de 2011 - ED MOTTA NO TEATRO RIVAL (RJ)
, o show na Lona Cultural de Jacarepaguá foi intimista, sem banda, com Ed Motta sozinho no palco, alternando entre sua guitarra Fender Telecaster e seu teclado Rhodes.
Começou mandando uma sequência de hits, incluindo "Fora da Lei" e "Daqui Pro Meier", além de "Caso Sério" de Rita Lee e Roberto Carvalho, que Ed já tomou como sua a bastante tempo.
Uma das peculiaridades dos shows na Lona é a proximidade do público com o artista. Ed Motta usou essa característica pra fazer com que sua apresentação ficasse com clima de reunião de amigos. Ele contava piadas, fazia brincadeiras, tudo num clima mais do que descontraído.
A platéia foi se sentindo a vontade, e começou a pedir músicas. Ao invés de coisas manjadas como "Manoel", o primeiro pedido foi a bela balada "À Deriva". O cantor ficou super feliz, e comentou que não está acostumado com um público tão diferenciado e educado. Dessa forma, a galera ganhou e conquistou o músico, a tal ponto que o show se transformou numa espécie de "Ed Motta Live by Request", onde se limitava a atender aos pedidos, deixando pra lá o roteiro. Ele ouvia atentamente cada grito de fã, e atendia prontamente. Às vezes ele respondia: "Poxa, essa que você pediu fica melhor na guitarra, quando eu sair do teclado eu toco...". E tocava mesmo. Explicava que as mais complexas ele fazia no teclado, enquanto as mais simples tocava na guitarra. Mas eu não sei aonde havia simplicidade nos belos e dissonantes acordes que ele usava para enriquecer cada melodia.
Eu, meu irmão e Mell estávamos colados no palco bem na sua frente. E por alguns momentos viramos diretores do espetáculo, pois Ed Motta acatava todos os nossos pedidos: "Falso Milagre do Amor", "Outono No Rio", e "Ainda Lembro". Nessa última, ele ainda elogiou os vocais que fazíamos, dizendo: "Esses caras conhecem tudo, e ainda fizeram os vocais idênticos aos da gravação original.". Ele se referia ao registro no dueto com Marisa Monte, no segundo álbum da carreira da cantora.
Ed Motta estava empolgado e radiante. Muitas das vezes ele esquecia as letras, e algumas harmonias, mas não disfarçava, voltava o trecho e fazia de novo, nitidamente tentando lembrar. Como a apresentação era puro improviso, muitas das canções não estavam ensaiadas, em não eram tocadas por Ed há muito tempo.
Entre um pedido e outro, ele homenageava seus ídolos máximos: Donny Hathaway em "The Closer I Get You", e Stevie Wonder em "My Cherie Amour", onde confidenciou: "Nossa, em breve teremos a presença abençoada de Stevie Maravilha tocando pra nós, aqui no Rio. E graças a Deus, não me colocarm pra tocar no mesmo dia que ele no Rock in Rio. Mas eu também não aceitaria. É muita cara de pau tocar no mesmo dia dele; eu não consegueria, imagina tocar no mesmo palco. Mas tem muita gente que tem essa cara de pau... Fazer o quê?".
O cara estava em estado de graça, e sem a menor vontade de acabar o show. Sem passar muita firmeza, avisou: "Agora vai ser a saidera!", e mandou "Colombina". Nem ameaçou sair do palco, foi mais uma vez pra guitarra, alguém gritou por "Que Bom Voltar", e ele obedeceu.
Meu irmão me lembrou de uma vez no programa de Jô Soares, a muitos anos atrás, que Ed Motta cantou lindamente "Beatriz" de Edu Lobo e Chico Buarque. Gritamos então o nome da canção, ele nos olhou, abriu um sorriso: "Caramba! Essa é muito bonita. Mas é cheia de acordes, não sei se vou lembrar. Mas vou tentar...". Foi cantando, tentando achar os acordes certos, mas parou no comecinho: "É... não tô lembrando.
Mas sei uma dessa dupla marvilhosa, e espero que vocês gostem"; e a música era "Choro Bandido", que Ed levou na íntegra e sem tropeços, apesar da letra hiper complicada de Chico.
Foram mais de duas horas de apresentação, e Ed percebeu que já havia estourado e muito o horário, afinal como ele mesmo disse, "Tem casas em que a gente toca, que depois tenho que pagar multa por estourar o horário. É que eu falo muito, me empolgo e perco a hora."
Com tudo isso quem ganha são os espectadores que usufruiram do talento de um músico completo, um artista raro, que tem verdadeira paixão pela música, mas não tem ciúme de dividí-la com todos.
SETLIST:
1- Por Você Ser Mais
2- Fora da Lei
3- Lustres e Pingentes
4- Caso Sério
5- Daqui Pro Méier
6- Ela Disse Sim
7- À Deriva
8- Um Dom Pra Salvador
9- The Closer I Get You
10- Ikarus On The Stairs
11- You're Supposed To
12- Manoel
13- Azul da Cor do MAr
14- Ainda Lembro
15- Got To Be There / Ebony Eyes
16- Compromisso
17- Outono no Rio
18- Baixo Rio
19- Vendaval
20- Dez Mais Um
21- Falso Milagre do Amor
22- Minha Vida Toda Com Você
23- My Cherie Amour
24- Just Two Of Us / Got To Be Real / Samurai
25- Parada de Lucas
26- Entre e Ouça
27- Tem Espaço na Van
28- Columbina
29- Que Bom Voltar
30- Betriz / Choro Bandido
31- Mágica de Um CharlatãoFOTOS DE MELLISSA MARTINS
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Gostei mto da resenha
ResponderExcluire já publicada no Facebook do Bloptical, bem como no Twitter do Bloptical. Valeu!
Marcelo Donati
Muito obrigado pelo elogio e pela divulgação. Abração
ResponderExcluirae..o nome da musica é baixo rio, e nao baixo gavea, mas sua resenha ficou legal..o show foi muito bom mesmo.
ResponderExcluirMuito obrigado pela correção. Viajei nessa troca do nome da música.
ResponderExcluirAbraço