No repertório a chance de trazer de novo temas de fora do show de estrada, e tocar canções de outros artistas que admira. De forma bem despojada, contava histórias engraçadas, muita das vezes fazendo graça de si mesmo, como por exemplo, os relatos dos problemas que enfrentou nos shows instrumentais que realizou no próprio Rival. De forma impressionante e impagável, imitou o tio Tim Maia e Milton Nascimento cantando "Stairway to Heaven", e explicou que faz essas brincadeiras com muito respeito, já que esses cantores são seus ídolos e referências.
Abriu o show com sua Gobson Lucille (idêntica a do B.B. King) com a bela balada "Por Você Ser Mais", que como ele mesmo destacou: "perfeita para um fim de tarde/início de noite, nesse finzinho de horário de verão...".
Trocou para uma linda Fender Telecaster, e brincou: "Não tinha a menor necessidade, é só pra fazer cena e mostrar a coleção de guitarras", e completou: "Estou me sentindo em pleno Rock in Rio, num show do Queen ou do Guns N'Roses...". Usou também uma Danelectro Shorthorn, modelo usado por Jimmy Page; é claro, Ed Motta é fã de Led Zeppelin. Cara de bom gosto...
Levou também sua coleção de pedais raros, como o wah-wah "Cry baby" (usado no disco "Entre e Ouça", divisor de águas da sua carreira), e dois teclados: um sueco bastante raro, e um Roland que foi comprado com o dinheiro da venda de um carro, e hoje em dia vale pouco mais de mil reais.
Rolaram duas participações especiais, a cantora paulista Ilana Volcov que cantou "Apaixonada", parceria de Ed com Nelson Motta, gravado originalmente por Gal Costa; e a maior surpresa da noite: Luzia Motta, sua mãe que cantou bem a "Outono no Rio", deixando o palco com um comentário: "... e pensar que ele saiu de dentro de mim!". Ed Motta agradeceu a Dona Luiza pela paciência de ter aguentado Black Sabbath no último volume. Pouca gente sabe, mas sua paixão com a música começou com o som pesado, principalmente com as bandas britânicas de Hard Rock, e pra ilustrar tocou trechinhos de alguns célebres Riffs: "Eletric Funeral' (Sabbath), "Smoke on The Water" (Deep Purple) e "Over The Hills And Far Away" (Zeppelin).
Era tanta intimidade entre público e artista, que as pessoas conversavam e pediam músicas, que foram atendidas em sua maioria, tantos sucessos ("Colombina" e "Manoel"), como as menos conhecidas ("Doce Ilusão"). Pensei em pedir "Falso Milagre do Amor" da trilha sonora de "Pequeno Dicionário Amoroso", mas confesso que tive vergonha.
O único pedido não atendido, foi "Fora da Lei", no final do show, onde Ed Motta se desculpou, e falou que preferia homenagear Tim Maia em "Azul da Cor do Mar".
É chover no molhado exaltar suas qualidades vocais, mas é impossível não fazê-lo depois dessa experiência de presenciar tamanha técnica vocal, em interpretações belíssimas como em "Ainda Lembro", que emocionou, mesmo sem Marisa Monte.
Uma das maiores vozes do país, músico completo, excelente guitarrista-base, tecladista inventivo, pesquisador musical, compositor inspirado, Ed Motta é música em estado puro. Um dos maiores músicos do planeta.
SETLIST:
1- Por Você Ser Mais
2- Parada de Lucas
3- Mágica de Um Charlatão
4- Leve-me ao Sonho
5- Lustres e Pingentes
6- You’re Supposed To …
7- Minha Casa, Minha Cama, Minha Vida
8- Daqui Pro Méier
9- Carência no Frio
10- Ainda Lembro
11- Outono No Rio
12- Doce Ilusão
13- Caso Sério
14- Apaixonada
15- Baixo Rio
16- The Dance Is Over (trecho)
17- Colombina
18- Manuel
19- Just The Two Of Us / Samurai / Got To Be Real
20- Azul da Cor do Mar
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