Robert Plant e Eric Clapton são duas lendas vivas que começaram a trilhar seus caminhos pelo Rock nos Anos 60. Clapton no Yardbirds e principalmente no Cream, e Plant no Led Zeppelin ajudaram a criar os pilares do Rock Pesado, dando grandes contribuições para o que mais tarde ficaria conhecido como Heavy Metal.
Ambos têm suas origens e beberam na fonte do Blues e da música negra americana. Tiveram vidas de "Deuses do Rock", cheias de excessos, sexo fácil com as tietes e groupies, festas, loucuras, e abusos com álccol e drogas pesadas. Eric Clapton, por exemplo, foi ao fundo do poço nos Anos 70, por causa do vício de heroína e pela paixão por Pattie Boyd, esposa de George Harrison, um dos seus melhores amigos.
É natural que agora, ambos sessentões, livre das drogas e bilhonários, põem um pouco o pé no freio, e dêem um tempo na barulheira e nas distorções.
Isso não quer dizer que reneguem o passado, muito pelo contrário. Robert Plant com o CD "Band Of Joy" e Eric com seu novo disco intitulado "Clapton", mergulham de cabeça em suas origens musicais.
Depois de conquistar cinco prêmios Grammy em 2009 com o álbum "Raising sand", gravado em parceria com a cantora Alison Krauss, Robert Plant continua trilhando o caminho do blue grass e das raízes da música norte-americana com “Band of Joy”. O disco foi batizado em homenagem à banda homônima da qual fez parte com o baterista John Bonham, nos anos 60. Mais tarde, os dois se juntariam a Jimmy Page e John Paul Jones para formar o Led Zeppelin.
Plant nos oferece neste novo trabalho música de qualidade. O tempo modificou sua voz, diminuindo a potência e os alcances para o agudo, fazendo com que o cantor adapte sua forma de interpretar as canções, projetando sua voz com elegância.
Gravado na cidade norte-americana de Nashville, o álbum conta com a produção do veterano guitarrista Buddy Miller, que toca em todas as faixas.
O repertório é basicamente formado por covers. Entre as faixas, estão versões para "Angel Dance" (que abre o disco) do grupo Los Lobos, "Falling in love again" dos Kelly Brothers,
uma faixa rara de Townes Van Zandt, "Harm's Swift Way", e duas faixas - "Silver Rider" and "Monkey" – da banda Indie Low.
“Central two-o-nine” é a única música assinada pelo cantor, em parceria com Buddy Miller, é acústica, básica e simples, com a mesma sonoridade que permeia todo o trabalho, graças aos belos sons de instrumentos como bandolins, violões, dobros, pedal steel guitars, violões de 12 cordas, acordeons, percussão marcada por tambores e bumbos e guitarras sem distorção.
A idéia original era gravar um novo álbum com Alison Krauss. Não sei ao certo o porquê da desistênica. Mas esse fato justifica a presença da cantora Patty Griffin, que promove belos duetos com Robert, em oito das doze faixas do álbum, com destaque para "Silver Rider”, a mais longa das canções, com mais de seis minutos de duração, e para a balada “Money”.
Além de Patty e Buddy Miller, o disco conta com mutinstrumentista Darrell Scott, Byron House no baixo e vocais, e Marco Giovino na bateria, percurssão e vocais. Todos estão se apresentando com Plant em sua turnê mundial.
Elegância é quase que uma marca registrada de Eric Clapton, e seu décimo nono disco da carreira não foge dessa característica.
Depois de seu último lançamento solo, "Back Home" de 2005, Clapton se uniu com J.J. Cale para gravar "The Road to Escondido"em 2006. Em 2008, gravou DVD e CD dulpos ao vivo, ao lado de Steve Winwood. Deve ter gostado das experiências, e por isso seu novo disco é recheado de participações especiais.
Seu primeiro álbum solo em cinco anos, inclui colaborações de sua ex-namorada Sheryl Crow e do ex-companheiro da banda Blind Faith, Steve Winwood, o trompetista de jazz Wynton Marsalis, o ícone do R&B de Nova Orleans, Allen Toussaint, o guitarrista do Allman Brothers, Derek Trucks, e do amigo J. J. Cale.
Clapton produziu o álbum ao lado de seu colaborador de longa data Doyle Bramhall II, que também é um grande guitarrista.
O CD traz um som raiz, simples, elegante e fino; celebrando o que se tem de mais tradicional na música americana: as bandas de Nova Orleans com seus metais, o Blues rasgado e chorado, o Jazz swingado dos anos 30, e o folk.
Clapton continua minimalista e econômico em seus solos, nos brindando com o timbre bonito e estalado de sua Fender Stratocaster.
O disco é suave, ouvi-lo é como saborear uma taça de um ótimo vinho, que com o passar dos anos, ainda mostra frescor, e proporciona muito prazer.
Robert Plant e Eric Clapton provam que no Rock é possível envelhecer com classe e dignidade, se mantendo fiel nas suas convicções, se orgulhando do passado glorioso, mas não querendo fazer dele trampolim pra lançar o mais do mesmo.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Discorrer sobre Eric Clapton não é nada fácil.
ResponderExcluirE vc foi claro, conciso, direto, simples...elegante, eu diria.
Belo post.
Poxa, suas palavras me emocionaram..
ResponderExcluirO Dvd com Winwood é fantástico duas lendas do Rock,
ResponderExcluirMuito bem descritas, mas cadê o CD do Jeff King Beck!
Abraços Carlos Perez
Este Doyle Bramall II toca em todos Crossroads...
ResponderExcluirVocê parece entender mesmo, parabéns irmão!
Carlos Perez
O Rock se permanece atual, para mim, devido saber agregar (beber de todas as fontes, blues, folk, etc) e não desagregar. Sou be absorver várias influêcias sem desviar de seu caminho. E pelos DVD'S de Crossroads que está tendo uma renovação, o que é importante. Este jovem agora o Stripes, o mais estrela Mayer...enfim coisa que o punk não soube (pena pq Sid Vicius era demais)justamente por ser ao contrário. Desculpe se estou falando demais
ResponderExcluirAbraços
Carlos Perez
Oi Carlos,
ResponderExcluirvc acredita que apesar de ter ido ao excelente show do Jeff Beck no Rio, eu ainda não ouvi seu premiado novo CD?
É verdade, o Doyle Bramall II participa dos tres DVDs "Crossroads", e está com Clapton a bastante tempo. Veja elee também no DVD "Me and Mr Jones", onde Clapton presta tributo a Robert Johnson, tocando sua obra.
Seus comentários são mais que bem vindos, ou seja quanto mais você deixar seus comentários melhor. Afinal esse espaço é pra todos os admiradores da boa música, principalmente do bom e velho Rock and Roll.
Um super abraço
E Carlos,
ResponderExcluirpor falar em Beck, dá uma olhada na postagem 24 de Novembro de 2010 - JEFF BECK NO VIVO RIO (RJ)
http://rocknrollmusic4ever.blogspot.com/2010/11/24-de-novembro-de-2010-jeff-beck-no.html
Já li e vi este post valeu!
ResponderExcluirValeu, amigo!
ResponderExcluir