Numa noite de primavera com cara de verão, Gilberto Gil voltava depois de dez anos à Lona Cultural que foi batizada com seu nome. Casa cheia pra prestigiar um dos maiores nomes da música brasileira. Poeta, cantor, compositor, músico, Gil é um artista tão único, que não encontramos no mundo alguém parecido, ou com características de estilo semelhante. Daí a dificuldade em definir sua arte: MPB, Rock, Reggae, Baião, Regional, Soul, Samba, Bossa Nova, Pop, tem de tudo em seu Menu musical, o que o torna um "Tropicalista" na essência.
O mesmo ecletismo poderia ser visto na platéia: casais jovens, rastafaris, caras com camisetas de banda, idosos, crianças, "Bichos-grilo", Neo-hippies, patricinhas, tinha de tudo.
Ele é único, mesmo nas excentricidades e esquisitices. Quando faz seus improvisos em falsetes, ou quando monta um "quebra-cabeça" de palavras, num discurso sobre a "sobreposição do tempo". O problema é que Gil, na sua qualidade de poeta está anos luz na frente de nós, reles mortais, que muitas vezes não conseguimos acompanhar a profundidade e magnitude de suas palavras faladas ou cantadas.
Da mesma forma que na turnê do DVD "Banda Dois", Gilberto Gil foi acompanhado pelo filho Bem Gil na guitarra, e desfilou parte da sua enorme coleção de hits e clássicos. E logo de cara soltou "Palco", que esquentou ainda mais a temperatura da Lona (só estando lá pra entender o calor que fazia...).
Gilberto Gil já levou a turnê de "Bandadois" pra todo Brasil, assim como EUA e Erupoa. Com arranjos de certa forma simples, a guitarra de Bem encaixa perfeitamente com o violão de Gil, recriando e reformulando algumas canções em alguns momentos, e mantendo a idéia e corpo originais em outros, tudo numa simbiose que só pai e filho poderiam atingir.
Além de suas composições, Gil homenageou seus ídolos Dorival Caymmi ("Saudade da Bahia") e Jackson do Pandeiro ("Chiclete com Banana"), e saudou seus parceiros ilustres como Dominguinhos ("Lamento Sertanejo") e Jorge Mautner que estava presente, assistindo ao show, e recebeu a dedicátoria em "Rouxinol".
As Lonas culturais possibilitam uma proximidade muito grande entre os fãs e o artista, fazendo surgir cenas engraçadas, como quando um cara interrompeu Gil pra pedir "Se Quiser Falar com Deus", e não é que ele foi atendido?
Estavam presentes no repertório belas melodias e canções calmas como "Estrela", "Esotérico", e Super-homem, a Canção", esta última com direito a dedicatória para Dilma. A diversão também foi garantida com as dançantes "Vamos Fugir", "Seu Olhar" e "Expresso 2222", ande Gil comandava o ritmo das palmas como um maestro.
O bairro todo ganhou "Aquele Abraço", e entrou em êxtase com a saudação à Realengo, quem tem destaque na letra, pois lá ficava o quartel do Exército onde Gil e Caetano foram presos antes de serem mandados pro exílio em Londres.
Voltando para o Bis, mais uma vez atende a pedidos e muda o roteiro, cantando "A Paz", parceria com o grande João Donato, que é também uma das minhas prediletas.
A festa continuou com "Andar Com Fé", "Nos Barracos da Cidade" e "Toda Menina Baiana". Todo mundo pediu mais um Bis, mas Gil explicou que precisava ir embora, pois viajaria para Bahia. Todos entenderam, e aplaudiram em agradecimento pelo show de música e alegria que aquele senhor acabara de proporcionar.
Eu mesmo queria ouvir várias que não foram tocadas ("Tempo Rei", "Drão", "A Novidade", "Realce"...), mas não tem como sair decepcionado de uma apresentação do Mestre Gilberto Gil. Peço a Deus que o mantenha com saúde, vitalidade e inspiração por muitos e muitos anos.
SETLIST:
1- Palco
2- Banda Um
3- Esotérico
4- Saudade da Bahia
5- Super-homem, a Canção
6- O Rouxinol
7- Metáfora
8- Chiclete com Banana
9- Vamos Fugir
10- Lamento Sertanejo
11- Se eu Quiser Falar Com Deus
12- Estrela
13- Seu Olhar
14- Babá Alapalá
15- Aquele Abraço
16- Expresso 2222
BIS:
17- A Paz
18- Andar Com Fé
19- Nos Barracos da Cidade
20- Toda Menina Baiana
Assinar:
Postar comentários (Atom)
gilberto gil rock???? HAHAAAAHAHAH que site ridiculo
ResponderExcluirCaro Anônimo,
ResponderExcluirSe não fosse Gilberto Gil e a Tropicália não existiria Rock Brasileiro.
è triste existir pessoas tão ignorantes como vc.
Lamentável...