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quarta-feira, 2 de março de 2011

Os melhores CDs e DVDs lançados em 2010 (7) - IRON MAIDEN - The Final Frontier

Já escutei muitas vezes: “Iron Maiden basta ouvir um disco, porque todos são iguais...”. Entendo e até vejo um pouco de sentido na frase, mas acho que não condiz totalmente com a realidade. Pois ao contrário de bandas como Ramones e AC/DC que praticamente mantiveram inalterados seus estilos e sonoridades durante décadas, o Maiden sempre traz uma novidade a cada álbum, mesmo que bem discreta.
“The Final Frontier” é o 15° álbum de estúdio da “Donzela de Ferro”, e pode-se dizer que é um senhor disco. Longe de ser uma obra-prima, mas esses velhinhos do metal mandaram bem, e definitivamente não fizeram um disco descartável, somente pra justificar mais uma turnê mundial.
É um CD um tanto quanto diferente dos seus antecessores, a onda é mais para os quase progressivos “Somewhere In Time” (1986) e “
Seventh Son of a Seventh Son” (1988), os últimos antes da saída de Adrain Smith, que voltaria em 2000, para formar o trio de guitarristas, ao lado de Dave Murray e Janick Gers. O uso de sintetizadores, um certo experimentalismo, e uma leve busca de algo novo são os pontos em comum. Leve, porque a banda continua a repetir alguns clichês, mas que foram iventados pelo próprio Iron Maiden, podem ser chamados de “marcas registradas”, aquelas que os fãs adoram.
Não é um disco muito fácil de se ouvir, cheios de nuances e passagens, com mudanças de andamento e progressões, introduções longas, tornam difícil ao ouvinte menos acostumado, da mesma forma que os dois LPs já citados soaram um pouco estranhos para alguns dos admiradores do Iron Maiden.
As suas canções não são facilmente digeridas, talvez por isso alguns mais radicais o taxarão de chato. Chega a ser um disco complexo, não pra quem curte Rock Progressivo, e está acostumado a ouvir Yes, Emerson,Lake & Palmer, ou Dream Theater, mas dentro do contexto da discografia do Maiden, é um som mais trabalhado que o habitual.
Outras influências além do Prog Rock, a música céltica e a medieval podem ser percebidas nas intros ou nas emendas, tornando o disco rico em sonoridade.
A abertura com
“Satellite 15... The Final Frontier” é dividida em duas partes, iniciando com o já citado experimentalismo, forte batida tribal, riffs crescentes de guitarras distorcidas, e baixo climático bem diferente do característico galope de Steve Harris. Só se percebe que é Iron Maiden, com a entrada da voz inconfundível de Bruce Dickinson. A primeira mudança de andamento acontece, com a bateria soando quase industrial, até depois de quase cinco minutos, surge a segunda parte mostrando o Maiden que todos conhecemos.
"Eldorado" começa como se fosse o fim de uma canção em um show, até entrada do galope de Harris; é uma das mais bacanas do disco. “Mother Of Mercy”e “The Alchemist” são as mais típicas da sonoridade maideniana, enquanto que a balada heavy “Coming Home” lembra muito o trabalho solo de Dickinson."Isle Of Avalon" e "Starblind" remetem as inovações que destaquei no início da postagem, o que poderá levar a alguns a torcer o nariz.
O clima céltico aparece na bela introdução acústica de "The Talisman", com violões e Bruce cantando de forma grave, com um timbre muito parecido a Ian Anderson do Jethro Tull, que sempre foi uma influência para a banda. O clima muda com a entrada do peso e do vocal gritado; é a minha predileta do disco.
"The Man Who Would Be King" e "When The Wild Wind Blows" fecham o álbum, mantendo o bom nível, e seguindo a mesma fórmula "início lento e final pesado".
Em "The Final Fronteier", o trio de guitarristas encontrou seu melhor entrosamento desde o início dessa formação, mas está longe de conseguir um resultado inovador ou revolucionário.
O baterista Nicko McBrain é destaque individual; bastante à vontade, mostra energia, variações rítmicas interessantes, quebras de ritmo e mudanças de andamento. Uma aula de bateria.

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