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segunda-feira, 5 de outubro de 2009

19 de Julho de 2009 - SHOW DA CAT POWER - HSBC ARENA


Não posso dizer que nunca tinha ouvido falar em "Cat Power"; afinal sabia que já tinha tocado no Tim Festival, e nas vésperas do novo show no Brasil, vi uma reportagem no "O Globo" que discutia sua polêmica declaração de que era muito influenciada pela Bossa Nova.
Também sempre soube que ela era a Rainha do Indie Rock, e talvez por isso, nunca me interessei em conhecer seu som. Porque sempre associo Indie Rock a bandas como Sonic Youth e The Strokes, que considero bem chatas.
Era domingo, e tinha combinado de ir com minha mãe no shopping pra comprar "minha roupa de aniversário"... é sempre assim, quando chega perto do meu aniversário tenho que sair pra ela escolher minha roupa nova. Fazer o quê? Mãe é mãe.
Quando estava me preparando pra sair, a Mell me liga dizendo que tinha conseguido dois ingressos "pro show de uma tal de Cat Power", e se eu estava afim de ir. Respondi que sim, afinal de graça tudo é bom.
Então, depois das compras fomos , atrasados, para o HSBC Arena. Entramos e a apresentação já tinha começado e estava rolando "Dreams" (cover da banda Fleetwood Mac) que demorei um bocado pra reconhecer. A casa se encontrava com diversas mesas e lugares vazios.
Fiquei bastante surpreendido, esperava a barulheira de uma banda indie, e ouvi apenas baladas, tocadas com suavidade, num tom bem intimista. De cara entendi porque ela se diz influenciada pela Bossa Nova; com certeza pela suavidade, pela forma de cantar sussurrando, pela estética em si. As interpretações e perfomances eram tão suaves, que quando o baterista Jim White tocava com um pouco mais de força alguma passagem da musíca, o público aplaudia como se fosse um solo.
Acompanhada pela banda Dirty Delta Blues (formada ainda pelo tecladista Gregg Foreman, baixista Erik Paparozzi e pelo guitarrista guitarrista Judah Bauer), Cat Power se mostrava extremamente tímida, falando pouco com o público. Muitas das vezes até ficava de costas para platéia e se posicionou na maior parte do show ao lado esquerdo do palco, bem perto das cortinas laterais, como se não fosse ela a estrela, e sim a banda a atração principal. Olhava para lugar nenhum, se mexia pelo palco, bebericava o que parecia ser chá, no cantinho do palco dançando em um ritmo próprio, meio desengonçado, sempre se curvando. Seu figurino era simples, e parecia querer esconder sua beleza, ou no mínimo não deixar em destaque.
E a voz? A voz era doce e suave, e às vezes visceral, dependendo da emoção de cada canção. Tem um jeito meio preguiçoso de cantar (tipo Norah Jones), às vezes meio cool (no estilo Diana Krall) e um pouco da sensualidade de uma Sade. É inevitável comparar algo que se escuta pela primeira vez com artistas que já se conhece...
Também é comum querer rotular. E nesse caso, é bem difícil, porque teve de tudo:
soul, folk, blues, atitude rock, e até espaço pra improvisações jazzísticas.
Mas voltando ao show, descobri que já a tinha ouvido antes, quando cantou "Sea Of Love" de Phil Phillips, que faz parte da trilha sonora do excelente "Juno"; sempre adorei essa música, um sucesso da década de 50 que também ja foi regravada por Robert Plant no projeto "The Honeydrippers". Lembro de ter escutado a canção no filme e de ter gostado da versão.
Por falar em cinema, com "The Greatest" ela faz parte da trilha do "bonitinho" e singelo "Um Beijo Robado" (olha a Norah Jones aí de novo); inclusive Cat atua também no filme.
Portanto, Cat Power não era assim tão desconhecida pra mim, eu só não sabia disso.
A terceira e última música que reconheci no show foi "Fortunate Son" do grande Creedence. E fiquei abismado quando após a apresentação tive acesso ao setlist, porque nele continham inúmeros clássicos. Por exemplo, só soube depois que ela tinha tocado "New York, New York"...rssss
No meio do show, Cat Power deu uma saída do palco, ficando apenas o tecladista com o baixista que iniciaram uma sessão experimental e com solos improvisados no estilo psicodélico. Só que o público resistiu apenas dez minutos e por diversas vezes eram ouvidos assobios e aplausos tentando interromper a apresentação. O publico só se acalmou quando Cat voltou ao palco cantando "Blue", bela canção de Joni Mitchell.
O show encerrou com uma hora e quarenta minutos com "Angelitos Negros" de Roberta Flack. Não teve bis, mas ficou ainda mais 10 minutos no palco, distribuindo set lists e rosas para os fãs, abraçand e beijando mãos, agradecendo.
Na saída quando tentava comprar uma Coca Zero por seis reais, ouvi uma conversa que na verdade foi a melhor descrição e a crítica mais bem elaborada que vi sobre o show. Vou descrevê-la abaixo:
Duas bichinhas, com o visual bem alternativo (camisetas estilo baby looks, calças xadrez e tênis coloridos) se encontram, depois de dois beijinhos e um caloroso abraço, começam a conversar:
- Nossa, essa Cat Power é tudo! O show foi mara...
E a outra respondeu:
- Esse show foi minha aula de Yoga, saí revigorada.


Set List do Show:
1. House of the Rising Sun (The Animals cover)
2. Dreams (Fleetwood Mac cover)
3. Makin' Believe (Kitty Wells cover)
4. Sea of Love (Phil Phillips cover)
5. Woman Left Lonely
6. Silver Stallion (The Highwaymen cover)
7. New York (Frank Sinatra cover)
8. Lost Someone (James Brown cover)
9. Lord Help the Poor and Needy (Jessie Mae Hemphill cover)
10. Fortunate Son (Creedence Clearwater Revival cover)
11. Metal Heart
12. Blue (Joni Mitchell cover)
13. She's Got You (Patsy Cline cover)
14. Dark End of the Street
15. The Greatest
16. Lived in Bars
17. Life Of The Party
18. The Moon
19. I've Been Lovin You Too Long
20. I Don't Blame You
21. Song To Bobby
22. Ramblin' (Wo)man
23. Angelitos Negros (Roberta Flack cover)

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