domingo, 30 de maio de 2010
29 de Maio de 2010 - GILBERTO GIL & CONVIDADOS NA QUINTA DA BOA VISTA
Confesso que estava bastante apreensivo e desconfiado em ir pra um show a noite em plena Quinta da Boa Vista, mas acabei indo e não me arrependi. Com presença maciça da Polícia Militar e da Guarda Municipal, com facilidade pra estacionar (coloquei meu carro dentro da Quinta, e custou R$6,00; bem barato comparado que já paguei R$15,00 em eventos no Rio Centro e no Rio Sul).
O palco foi montado de frente ao Museu Nacional, num local parecido com um vale, que deu um efeito bem bonito, e provavelmente pela geografia favoreceu bastante a qualidade do som.
Quando chegamos já estava rolando o show de Targino Gondim, um dos autores de "Esperando na Janela", que na voz de Gilberto Gil virou mega hit, e fez parte da trilha do filme "Eu, Tu, Eles". Com muito xote, maxixe e baião, Targino fez uma apresentação de forró clássico e de raiz, que hoje é conhecido como "Pé de Serra". A platéia eclética formada por idosos, casais com bebê de colo, crianças, famílias inteiras, alternativos, neo hippies, pagodeiros, funkeiros, nordestinos, cabeludos, gringos, e um grupo que chamava atenção pela alegria e pelo jeito de ser escandaloso: as "Bibas". Parecia que haviam fugido os veadinhos do zoo, que fica ali perto, tanto era a quantidade e a felicidade desse grupo; dançavam em dupla, ou em grupo, num verdadeiro show a parte. Com o fim da apresentação do sanfoneiro, escalamos o morro pra comprarmos comidinhas, algumas típicas das festas juninas como cocada, e outras nem tanto como cachorro-quente.
Enquanto comíamos começou o show da atração principal e mestre de cerimônias da noite, o mestre Gilberto Gil.
Ele que acabara de lançar seu segundo disco dedicado ao gênero dos ritmos nordestinos do período junino. O primeiro foi exclusivamente em homenagem ao grande Luiz Gonzaga; já no seu novo CD, com músicas inéditas e de sua autoria, ele aproveita com um certo grau de oportunismo, pra saudar essa gostosa tradicão brasileira em "Fé na Festa".
E foram esses dois álbuns que serviram de base pro repertório executado. Com músicos de altíssimo nível como o francês Nicolas Krassik (rabeca), Toninho Ferragutti (sanfona), Jorginho Gomes (zabumba e percussão) e Arthur Maia (um dos melhores baixistas do mundo) ele consegue obter arranjos inteligentes e criativos, com riqueza na variação rítmica, conseguindo atingir a simplicidade sofisticada dos grandes nomes do gênero como Jackson do Pandeiro e o já citado Gonzagão.
Com a apresentação de Serginho Groisman que adentrava ao palco pra conversar com Gil, e apresentar os convidados. A primeira foi sua filha Preta Gil, que foi ovacionada pelo píblico. É indiscutível a espontaniedade, simpatia e carisma de Preta, que cantou seu maior sucesso "Sinais de Fogo" (composta pra ela por Ana Carolina) em ritmo de xote. Depois cantaram "Madalena", música do cancioneiro popular já gravada anteriormente por Gil. A configuração da apresentação foi basicamente Gilberto Gil tocando duas músicas com sua banda, entrava um convidado que cantava duas, e Gil voltava a levar mais duas sozinho.
Dessa forma, a figuraça Martnália foi chamada e cantou "Cabide" (outra da Ana Carolina); com muita personalidade e presença de palco, ela vestida a caráter, em com jeito malandro, fez a galera dançar com a mistura de samba e xaxado.
A bela e colorida Vanessa da Mata surgiu feliz da vida. Cantou "Lá vem ela", uma música inédita composta em parceria com o Gil, que está no novo disco do artista. Além desta nova canção eles cantaram juntos "Ai, ai, ai" numa versão arretada.
Serginho trouxe Alcione ao palco, como se leva a noiva à igreja, e me impressionei como a artista é querida pelo povo. Alcione canta muito, tem um vozeirão que permitiria que ela fosse uma espécie de Sarah Vaughan brasileira, é pena que a "Amarrom" utiliza os seus poderes para o mal, baseando sua carreira em sambas-dor-de-cotovelo extremamente bregas.
E por falar em grandes cantoras, Gal Costa, talvez a maior cantora brasileira viva, colocou todo mundo pra pular, relembrando um dos maiores sucessos de sua carreira: "Festa do Interior". Já bastante ambientada com os ritmos gonzaguianos, Gal deu um verdadeiro show, que o público reagiu com certa frieza.
Já a reação com Zeca Pagodinho foi exatamente o contrário. O sambista foi o artista da noite que recebeu os mais calorosos aplausos. Primeiro ele mandou Jackson do Pandeiro, no grande clássico "Sebastiana". Deu uma paradinha estratégica pra pegar um copo de cerveja e oferecer um gole pra Gil e saudar a platéia. Depois mandou dois de seus maiores hits "Verdade" e "Deixa a Vida Me Levar".
Zeca se despediu, mas foi impedido de sair do palco por Gil, que chamou as quatro cantoras de volta. Todos juntos cantaram "Asa Branca", um verdadeiro hino da música brasileira.
As estrelas se despidiram e deixaram o palco, mas quando todos pensavam que a apresentação tinha chegado ao fim, o anfitrião avisou que iria tocar mais duas, e mandou "São João Carioca", parceria com Nando do Cordel e presente no novo CD.
O baiano convida Targino Gondim pra juntos tocarem "Esperando na Janela", que realmente não podia faltar na noite. E pra encerrar com chave de ouro, Gil avisa que os seus músicos iriam fazer um tema instrumental; excelente!
Foi uma noite agradabilíssima, se cumprirem a promessa de repetir a dose no ano que vém, estarei lá na Quinta da Boa Vista com certeza.
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