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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

"A TODO VOLUME" ("It Might Get Loud")

Sei que não é nenhuma novidade, eu mesmo já havia postado em julho do ano passadoTrailer do documentário com Jimmy Page, The Edge e Jack White , mas só vi agora o filme "A Todo Volume" ("It Might Get Loud"), depois de ter comprado o DVD.
A guitarra é um instrumento apaixonate, com o formato sensual e curvilíneo como um corpo de uma mulher. E nada se compara ao seu som, quando tocada por alguém que sabe o que faz. Um sintetizador consegue reproduzir com fidelidade praticamente qualquer instrumento, mas por mais tecnologia empregada, ainda não se conseguiu simular o som da guitarra.
A principal explicação é que o solo de um guitarrista é uma inflexão. Pegada, feeling, emoção, força, suavidade, técnica, efeitos sonoros e eltrônicos, tudo isso é expressado quando as cordas de uma guitarra são tocadas. Por isso que mesmo quando ouvimos as mesmas notas de um solo tocadas por guitarristas diferentes, nunca um solo é igual ao outro. É um dos instrumentos onde a personalidade do músico faz mais diferença; comparável ao violão e o violino.
É uma grande frustração minha não conseguir tocar bem guitarra. Minha paixão por esse instrumento começou bem antes da bateria; talvez tenha me tornado baterista por não conseguir ser um bom guitarrista. Isso não significa que não ame a arte de tocar bateria. Mas guitarra foi meu primeiro amor, e primeiro amor a gente nunca esquece.
O documentário fala exatamente sobre isso, a paixão que esse instrumento maravilhoso desperta, principalmente naqueles que a escolheram como ganha pão. O diretor Davis Guggenheim juntou sobre um palco vazio três guitarristas de gerações diferentes para criar uma reunião musical. O time é composto por Jimmy Page, The Edge e Jack White. Juntos eles contam suas histórias, explicam como criaram suas técnicas, comentam a obra um do outro, ensinam e aprendem os riffs de cada um, e acima de tudo se divertem em jams desconstraídas.


Jimmy Page dispença apresentações. Uma verdadeira lenda viva, e um dos guitarristas mais influentes da história.Começou a tocar na infância, e é mostrado um vídeo de Page quando adolescente, num programa de televisão tocando com sua banda de skiffle; ao ser perguntado ao apresentador, responde que queria ser biólogo quando crescesse. Graças aos Deuses da Música, essa idéia foi abandonada. Page fala sobre sua carreira nos anos 60, quando era um dos músicos de estúdio mais requisitado na época, até cansar dessa vida, e resolver entrar para os Yarbirds, que mais tarde daria origem ao inegualável Led Zeppelin. Além de trechos ao vivo da sua mítica banda, Jimmy mostra sua coleção de vinis e os sons que marcaram sua vida, como "Rumble", do Link Wray.
The Edge não é um virtuose, e nem faz questão de sê-lo. Muito preocupado com efeitos e sonoridades, é considerado um "arquiteto musical" pelo próprio Jimmy Page. Com isso criou um estilo próprio que deixou sua marca e o tornou um dos guitarristas mais influentes dos anos 80. Com simplicidade e minimalismo punk, aliado à texturas e camadas que consegue, utilizando delays e ecos, ele é um dos principais pilares do som do U2.

Jack White é um cara de talento, admito; mas é um sujeito digamos, no mínimo bem estranho. Mas está muito longe de ser um grande guitarrista. Apesar de que a midia especializada vive babando o ovo dele, como a revista Rolling Stone que o coloca no 17º lugar na lista dos “100 maiores guitarristas de todos os tempos". Não conheço a fundo seu trabalho no White Stripes e no Raconteurs, mas não consigo fazer coro com os que os consideram um gênio. Ele é protagonista de dois momentos importantes no filme: a cena mais interessante e a mais bizarra.
A interessante é a que abre o longa, aonde Jack prende um fio de arame junto com uma garrafa de vidro de coca-cola numa madeira, coloca um captador de guitarra; liga o "instrumento" num amplificador e começa a tocar com slide, vira pra câmera e diz: "Quem precisa de uma guitarra...".
A bizarrice é vê-lo gravando um take num gravador de rolo, tocando uma guitarra totalmente desafinada, e "cantando" com uma desafinação equivalente ao de seu instrumento.
As histórias dos 3 músicos é contada pelos mesmos, em bate papos conjuntos, ou em separado, visitando locais aonde gravaram, compuseram ou em outros que foram importantes na carreira, e na vida musical; por exemplo quando The Edge volta à loja onde comprou sua primeira guitarra.
O guitarrista do U2 não esconde o lado tiete, e a satisfação em estar ao lado de Page. Jack White esconde mais o jogo, e segura mais a onda, mas fica evidente no seu olhar a sua admiração ao ver Jimmy detonando sua Gibson.
O DVD ainda tem extras incríveis, como um improviso de Jimmy Page no violão. Ou ainda The Edge perguntando como foi criado o riff de "Kashmir". Ou quando Page comenta o excelente riff de "Seven Nation Army" criado por Jack White.
Se você gosta de cinema, recomendo que alugue em sua locadora. Se gosta de música compre ou baixe o DVD. Se você é guitarrista, o tenha como filme de cabiceira.

2 comentários:

  1. Mais uma vez muito bem escrito. Você ainda consegue tocar uma guitarra e eu que adoro rock e não tive a oportunidade ou a paciência de aprender a tocar!

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  2. Oi Carlos, vc sempre generoso em seus elogios aos meus posts. Muito obrigado.
    Cara, como guitarrista eu sou um ótimo baterista,,,kkkkkk
    Mas te deixo um conselho, se vc curte música e está muito afim, nunca é tarde pra aprender tocar um instrumento. Conheço várias pessoas que começaram já adultos e hoje estão tirando onda.
    Abração

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