João Bosco em sua genialidade e excentricidade é um artista único, original em tudo. Muitos tentam imitar a batida de seu violão ou seus improvisos vocais improváveis; mas a verdade é que nimguém consegue chegar perto, daquilo que se tornaram seu estilo e marcas registradas.
É um verdadeiro privilégio vê-lo em ação num show totalmente intimista, onde canções de todas as fases de sua carreira são mostradas na simplicidade mais do que sofisticada da sua voz e de seu violão.
É claro que sua célebre parceria com o poeta Aldir Blanc teve destaque, como as eternas "De Frente Pro Crime", "O Mestre Sala dos Mares", "Incompatibilidade De Gênios", e "Bala Com Bala"; esta última foi a primeira da dupla gravada por Elis Regina.
Elis foi uma espécie de madrinha, gravando ao todo 28 músicas de Aldir e João. O único compositor que supera essa marca é Tom Jobim, que teve 30 canções nos discos da Pimentinha.
E Tom também teve papel importante ma história de João Bosco, além da influência e inspiração musical. João contou no show a história do seu debut, no projeto "Disco de Bolso", compacto 33 rpm, em vinil, encartado no semanário carioca O Pasquim
Lançado em maio de 1972, entitulado "O Tom de Antonio Carlos Jibim e o tal de João Bosco", trazendo no lado A a primeira gravação de "Águas de Março", com Tom Jobim cantando, e no lado B do compacto, "Agnus Sei", de João Bosco, que fazia sua estréia em disco. Bosco brinda o público tocando as duas em sequência.
O Maestro Soberano da Música Popular Brasileira também foi homenageado na bela "Ligia", que abriu espaço para as doces baladas "Perfeição" (de seu CD mais recente), "Desenho de Giz" e "Memória da Pele".
Mostrando a importância que a palavara e a poesia tem na sua obra, João Bosco recita ao invés de cantar, duas letras. A primeira foi "Granito" de Antônio Cícero. Quando começava a falar os versos de "As Mil e Uma Aldeias", de seu filho Francisco Bosco, perdeu a concentração e foi interrompido por um incômodo telefone celular que tocou na platéia. Apesar da imperdoável gafe, João Bosco demosntrou muito bom humor, dizendo que deveria ser o Ali Babá, e atacou com "Jade", e com duas pérolas da dobradinha Blanc/Bosco: "Corsário" e "O Bêbado e A Equilibrista", onde se limitou a tocar violão enquanto que o público cantava em uníssono a grande e fabulosa letra.
Depois de despediu e saiu do palco, com todos no teatro de pé aplaudindo e pedindo o Bis obrigatório.
E João tem a sua "Conceição"; para os presentes não ouvir "Brinquedo de Papel Machê" seria como a ir a um show dos Stones e não vê-los tocar "Satisfaction". Ao obedecer os pedidos, fez a platéia ter um orgasmo musical.
Exageros a parte, ouvir a música de João Bosco é sempre um prazer.
SETLIST:
1- Coisa Feita
2- De Frente Pro Crime
3- Nação
4- O Mestre Sala dos Mares
5- Pret-a-porter de Tafetá
6- Feminismo no Estácio
7- Incompatibilidade De Gênios
8- Bala Com Bala
9- Agnus Sei
10- Águas de Março
11- Odilê, Odilá
12- Ronco da Cuíca
13- Nas Escadas da Penha
14- Saída de Emergência
15- Ligia
16- Perfeição
17- Desenho de Giz
18- Memória da Pele
19- Granito (recitado)
20- As Mil e Uma Aldeias (recitado)
21- Jade
22- Corsário
23- O Bêbado e A Equilibrista
Bis:
24- Brinquedo de Papel Machê
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